𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒 ✦ 𝐇𝐀𝐑𝐑𝐘 𝐏𝐎𝐓𝐓𝐄𝐑.

𝐇𝐀𝐑𝐑𝐘 𝐏𝐎𝐓𝐓𝐄𝐑 - 𝐉𝐔𝐒𝐓 𝐅𝐑𝐈𝐄𝐍𝐃𝐒

A chuva continuava a tamborilar contra as janelas do dormitório, criando uma trilha sonora melancólica para a noite. O som das gotas batendo contra o vidro parecia aumentar a sensação de isolamento que eu sentia. Sentada na beira da cama de Harry, eu olhava para ele, tentando entender o que estava acontecendo em meu coração. O quarto estava iluminado apenas pela luz suave da lareira, um refúgio que parecia mais uma prisão agora.

Harry e eu conversávamos em murmúrios, nossos olhares baixos e os corações pesados. A distância entre nós era mais do que física; era emocional, um abismo que eu não conseguia atravessar. Nossos sorrisos e risadas haviam se tornado mais raros nas últimas semanas, substituídos por conversas tensas e olhares carregados de significado não dito. Eu sentia a amizade que compartilhávamos se tornando um terreno minado, e não sabia como voltar ao que era antes.

Eu não conseguia esconder a intensidade com que olhava para ele. O turbilhão interno de sentimentos estava se acumulando, e eu sabia que precisava dizer algo, apesar do medo e da dor que isso me causava.

— Harry... — Minha voz era baixa, quase um sussurro. Puxei-me um pouco mais perto, tentando que ele sentisse a gravidade das minhas palavras. O calor da lareira não conseguia aquecer o frio que eu sentia dentro de mim. — Há algo que eu preciso te dizer.

Harry ergueu a cabeça, seus olhos encontrando os meus. Havia uma preocupação genuína e confusão no olhar dele, como se ele sentisse a importância do momento, mas não soubesse como reagir. Ele se ajeitou na cama, olhando para mim com um misto de curiosidade e apreensão. Seus olhos verdes estavam brilhando, refletindo a luz da lareira e o brilho da tristeza que também parecia morar ali.

— O que foi, S/n? — ele murmurou, seu tom carregado de um receio que eu não conseguia identificar completamente.

Respirei fundo, sentindo meu coração bater forte no peito. Sem conseguir mais me conter, inclinei-me lentamente, aproximando-me de Harry até que nossos rostos estivessem muito próximos. Meu coração acelerava, e eu podia sentir a respiração dele misturando-se com a minha. O espaço entre nós parecia estar se fechando, e eu sabia que estava prestes a cruzar uma linha que poderia mudar tudo. Olhei profundamente em seus olhos e sussurrei, a voz carregada de emoção.

— Eu quero te beijar.

Harry parecia surpreso, seus olhos se arregalando em um misto de choque e medo. A tensão no ar era palpável. Eu podia ver o conflito interno que estava passando, a luta entre o desejo e o medo de estragar tudo que tínhamos. Sem conseguir mais conter a necessidade que eu sentia, inclinei-me e o beijei suavemente nos lábios.

O beijo começou de forma hesitante, mas logo se transformou em algo mais intenso. Harry parecia corresponder, e por um momento, a sensação de nossos lábios se tocando me fez sentir como se estivéssemos finalmente alinhados, como se tudo tivesse encontrado o seu lugar. O calor e a doçura do beijo eram exatamente o que eu tinha desejado, e parecia que a linha entre amizade e algo mais estava se desfazendo.

No entanto, o momento foi breve. De repente, Harry se afastou, seu rosto mostrando uma expressão de arrependimento e confusão. Seus olhos estavam cheios de um sofrimento que eu não havia visto antes, e o afastamento dele foi como um choque frio. Ele parecia ter tomado consciência do que acabara de acontecer e estava se esforçando para recuperar o controle.

— S/n, eu... eu não devia ter... — ele murmurou, a voz quebrando com a dor e o arrependimento. Ele se levantou rapidamente da cama, afastando-se de mim com um movimento brusco.

A dor no meu coração era agora palpável. Eu senti as lágrimas surgindo, mas me forcei a não deixar que caíssem. A sensação de ter cruzado uma linha apenas para ser rejeitada era esmagadora. As palavras de Harry eram um lembrete cruel de que, apesar do beijo, a linha que eu tentara cruzar ainda estava lá.

— Por que está fazendo isso? — perguntei, a voz tremendo com a dor e a confusão. — Você... você não quer?

Harry olhou para mim, seus olhos cheios de uma tristeza profunda. Ele parecia estar lutando com suas próprias emoções, e a culpa estava claramente escrita em seu rosto.

— Eu quero, mas não posso... não posso fazer isso. Não posso arriscar o que temos — ele disse, a voz cheia de um desespero que parecia estar lutando para se manter sob controle.

A realidade das palavras dele afundou em mim como um peso esmagador. Levantei-me lentamente, sentindo o peso da perda já se manifestando claramente em meus olhos. A ideia de aceitar essa realidade estava se tornando cada vez mais dolorosa, e o ar parecia estar espremendo os meus pulmões.

— Então, o que fazemos agora? — perguntei, a voz quase inaudível, como se qualquer som que eu produzisse pudesse quebrar ainda mais o frágil equilíbrio entre nós.

Harry deu um passo em minha direção, os olhos cheios de arrependimento e carinho. O espaço entre nós parecia estar se fechando, mas não de uma maneira que eu desejava.

— Vamos seguir com o que temos, por enquanto. Aproveitar a amizade que compartilhamos. É o melhor que podemos fazer — ele murmurou, tentando oferecer um consolo que não conseguia aliviar a dor.

Ele me puxou para um abraço leve, um toque carinhoso que parecia mais uma despedida do que um conforto. O calor do abraço parecia não conseguir combater o frio que se havia instalado em meu coração. Com um gesto inesperado, ele beijou-me suavemente na bochecha. O beijo transmitia uma tristeza silenciosa e um amor que não podia ser expresso em palavras. Senti um nó na garganta, o beijo de Harry apenas intensificando a dor que eu já sentia.

A noite continuou, a chuva lá fora misturando-se com o silêncio do dormitório. A distância entre nós parecia agora um abismo intransponível. Olhei para Harry, a dor refletida em meus olhos, e o quarto parecia estar cheio de um vazio que eu não sabia como preencher.

— Então é isso? Somos... somente amigos? — eu perguntei, a voz carregada de resignação e um lamento profundo.

Harry me observou, a tristeza em seus próprios olhos refletida em cada palavra que ele pronunciou.

— Sim, apenas amigos — ele confirmou, com uma tristeza que parecia ecoar a minha.

Balançando a cabeça lentamente, um sorriso triste nos lábios, repeti.

— Apenas amigos.

NOTAS DA AUTORA

Quase chorei escrevendo isso 😭

Deixem sugestões de imagines para mim fazer, pessoal! Estou sem ideias ultimamente 😫