1•Bonnie

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—não me faz passar vergonha hoje, por favor. -disse Damon enquanto ajeitava a gravata pela enésima vez naquela noite.

  O papel de parede da nossa casa estava impregnado de fumaça de cigarro e falsas promessas. Meu marido foi responsável por algumas delas, e eu também fiz a minha parte. O matrimônio se resumia aquilo? Dias que viraram semanas, que se transformavam em meses e anos de promessas não cumpridas? A palavra "aceito" vinha acompanhada de um texto em letras miúdas que ninguém se dava ao trabalho de ler. Nós passamos direto pelos termos e condições e clicamos na caixinha que diz "concordo"no fim da página, sem saber as consequências ocultas daquele contrato.

  Eu não cumpri meus votos, mas ele também não.
  Promessas, promessas, tantas promessas não cumpridas.

  Naquela noite, prometi a ele que não cairia no choro na frente de seus colegas de trabalho e dos seus clientes durante o evento da imobiliária dele. A noite seria uma ótima oportunidade para penn se socializar com figurões ricos que buscavam grandes propriedades. Quanto mais aprazível fosse a festa, mais chances Damon teria de passar uma boa impressão para os clientes. Ele não queria me levar, mas o chefe dele insistiu que a sua esposa também fossem.

  Também prometi a Damon que eu não falaria sobre o nosso passado. Eu não tinha nenhuma intenção de não cumprir minhas promessas naquela noite. Tomei meu remédio para ansiedade. Fiz meus exercícios de respiração. No caminho até o evento, minha única reação foi fechar os olhos quando passávamos por cruzamentos. Fiquei bem na via expressa. Normal, até—bem, normal para mim.

  Minhas promessas estavam intactas.

  Tudo corria perfeitamente, tão perfeitamente quanto possível levando em consideração os problemas, e então, durante o jantar, Maribet—a linda e deslumbrante Maribet—se inclinou na minha direção. Nós dividimos a mesa com outros cinco casais, incluído essa colega de trabalho de Damon, MariBet. Os outros eram potenciais clientes que valiam mais dinheiro do que eu seria capaz de imaginar.

  Eu queria ser mais parecida com Maribet. Ela era perfeita. A mãe perfeita, a esposa perfeita, a corretora perfeita. Ela cheirava Chanel N°5, e seu pescoço era salpicado de diamantes. Seu sorriso branco e reluzente fazia todo mundo sorrir com a boca fechada, por saber que seria impossível atingir o nível de deslumbramento que o sorriso de Maribet oferecia. Ela era tudo o que eu não era e tudo o que eu sonhava me tornar.
  Houve uma época em minha vida na qual eu me amava tanto que nunca senti inveja de mulher nenhuma.

  O que aconteceu comigo? Quando foi que meu corpo perdeu toda a força?

  A prefeita maribete tocou meu curso com delicadeza e sorriu com os lábios e com os olhos castanhos Claros.

  —que tatuagem diferente. O que significa?

  Foi naquele instante em que a promessa que fiz a Damon se dissolveu. Primeiro, foi uma rachadura pela extremidades, mas então toda a estrutura se estilhaçou.

  —fiz... Para minha... -respirei fundo e me deparei com os olhos de Damon focados em mim ao me virar. Seus olhos transmitiam sua decepção, porque ele sabia identificar os sinais do meu fracasso. Ele sabe exatamente quando eu ia perdendo, perdendo, perdendo o controle. Meu corpo tremia, minha voz falhava, e cada respiração parecia um sacrifício. —Fiz...bem...

  Olhei para tatuagem minha pele: um D ao contrário no centro de uma margarida.

  —Minha...fiz pra... -engoli o nó na garganta e fechei os olhos. As lágrimas esperavam para se libertar, e eu odiava saber que estava a ponto de deixá-las rolar. —fiz para os meus pais e para minha... -abre os olhos e olhei Damon, cujo olhar gritava Não, mas mas eu era incapaz de me calar depois que começava a falar desse assunto. —nossa filha. O D ao contrário é em homenagem a nossa filha.

Southern Storm- KlonnieOnde histórias criam vida. Descubra agora