Arquitetura do coração

Capítulo 6: Pontes de Arrependimento

Os dias continuavam longos e desafiadores no projeto de revitalização do bairro. A tensão entre Richard e Niandra, apesar de temporariamente abrandada pela resolução do problema estrutural, ainda persistia. Era como uma sombra que pairava sobre eles, tornando cada interação tensa e carregada. Richard, determinado a resolver essa situação, decidiu que era hora de pedir desculpas e tentar consertar o que estava quebrado entre eles.

Richard sabia que Niandra era orgulhosa e que qualquer tentativa de desculpa teria que ser sincera e significativa. Ele passou noites em claro, refletindo sobre como poderia mostrar a ela que estava verdadeiramente arrependido. Finalmente, decidiu que faria algo especial: ele compraria um buquê de Girassol, a flor favorita de Niandra, e prepararia um pedido de desculpas que viesse do fundo do coração.

Ele passou a manhã de sábado no mercado de flores, escolhendo cuidadosamente cada flor do buquê. O perfume suave do jasmim lembrava-lhe os dias mais felizes, antes que as tensões e os mal-entendidos se instalassem. Com o buquê em mãos, ele se dirigiu ao canteiro de obras, onde sabia que Niandra estaria trabalhando.

Chegando ao canteiro de obras, Richard sentiu um frio na barriga. Ele viu Niandra de longe, examinando algumas plantas arquitetônicas com a equipe. Respirando fundo, ele caminhou em sua direção, determinado a fazer as pazes.

"Niandra," chamou ele, aproximando-se dela com o buquê escondido atrás das costas.

Ela levantou o olhar, surpresa e cautelosa. "Richard, o que está fazendo aqui? Pensei que estivesse tentando conseguir novos investidores."

"Eu estava," disse ele, tentando manter a calma. "Mas percebi que há algo mais importante que preciso resolver primeiro."

Niandra cruzou os braços, a expressão séria. "O que é?"

Richard revelou o buquê de jasmim, estendendo-o para ela. "Niandra, eu trouxe isto para você. Sei que você adora girassol. Queria pedir desculpas por qualquer coisa que eu tenha feito para te magoar ou frustrar. Eu sei que as coisas têm sido difíceis e que nem sempre nos entendemos, mas estou verdadeiramente arrependido. Você é uma parte vital deste projeto e, mais importante, alguém que eu respeito muito."

Niandra olhou para o buquê e depois para Richard, seus olhos mostrando uma mistura de emoções. Por um momento, ele pensou que ela poderia aceitar as flores e as suas desculpas, mas logo a frustração em seu rosto se intensificou.

"Richard, isso é muito bonito, mas você acha que um buquê de flores vai resolver tudo?" Ela balançou a cabeça, a voz firme e carregada de ressentimento. "As palavras são fáceis, Richard. O que precisamos são de ações, de resultados. Não vou aceitar um pedido de desculpas tão superficial."

Richard sentiu o peso de suas palavras, a dor de sua recusa. "Niandra, eu entendo que você está chateada e que palavras podem não ser suficientes, mas eu estou realmente tentando. Quero que saibas que estou aqui para trabalhar ao seu lado, para fazer este projeto acontecer."

Ela suspirou, pegando o buquê, mas sem suavizar sua expressão. "Vamos ver, Richard. Vamos ver."

Nos dias que se seguiram, Richard fez um esforço consciente para mostrar a Niandra que ele estava comprometido, não apenas com o projeto, mas também em melhorar sua relação profissional com ela. Ele começou a acompanhar mais de perto as atividades diárias no canteiro de obras, oferecendo ajuda sempre que possível e mostrando-se mais presente nas discussões e decisões.

Certa manhã, Richard chegou cedo ao canteiro de obras e encontrou Niandra já ocupada, como de costume. Ele trouxe dois cafés, lembrando-se de como ela gostava do café com um pouco de açúcar e um toque de canela.