capítulo 7: reconstruindo pontes

2 1 0
                                    

Na manhã seguinte, enquanto Richard se preparava para entregar a carta a Niandra, uma nova figura apareceu no canteiro de obras. Era Maria Júlia, a melhor amiga de Niandra. Ela era uma mulher de presença forte, com cabelos escuros e curtos, sempre direta em suas opiniões e extremamente leal a Niandra. Desde o início, Maria Júlia havia apoiado Niandra no projeto, mas raramente se envolvia nas interações com Richard.

Maria Júlia caminhou com determinação até Niandra, que estava revisando alguns documentos com a equipe.

— Niandra, você tem um minuto? — perguntou ela, com a voz firme.

Niandra ergueu o olhar, surpresa, mas deu um leve sorriso ao ver sua amiga.

— Claro, Maju. O que houve?

Maria Júlia olhou ao redor, certificando-se de que estavam sozinhas, e então se aproximou mais.

— Eu soube que Richard tem tentado consertar as coisas. Ele me disse que escreveu uma carta para você. — Maria Júlia cruzou os braços, mantendo a expressão séria. — O que você vai fazer a respeito?

Niandra suspirou, sentindo o peso da pergunta. Ela ainda estava processando todos os esforços de Richard e, embora quisesse acreditar que ele estava mudando, seu orgulho a impedia de abaixar a guarda tão rapidamente.

— Não sei, Maju. Ele trouxe flores, café, tem se esforçado mais, mas... Ainda sinto que ele não entende o quanto esse projeto significa para mim. Não é só um trabalho. É uma parte de mim.

Maria Júlia assentiu, compreendendo o dilema da amiga.

— Eu sei que você se sente assim, Ni. Mas também acho que Richard está tentando. Talvez seja a hora de você parar de resistir tanto e deixá-lo mostrar o que realmente quer. Vocês dois são importantes para esse projeto. E sinceramente... Ele te respeita. Dá pra ver isso.

Niandra hesitou por um momento, olhando para o horizonte. A imagem das crianças do dia anterior ainda estava fresca em sua mente. O entusiasmo delas havia acendido uma faísca dentro dela que estava começando a suavizar seu coração.

— Talvez você esteja certa, Maju. — Niandra olhou para sua amiga com um sorriso cansado. — Eu só... Eu não quero me magoar de novo.

Maria Júlia deu um leve sorriso e colocou uma mão no ombro de Niandra.

— Às vezes, você tem que dar um passo de fé, Ni. Nem tudo pode ser resolvido com planejamento e cálculos. Às vezes, você só tem que confiar.

Enquanto as duas conversavam, Richard se aproximava, carregando a carta cuidadosamente dobrada em sua mão. Quando ele viu Maria Júlia com Niandra, parou por um momento, refletindo se deveria interromper. Maria Júlia notou sua hesitação e, com um olhar rápido para Niandra, sorriu.

— Acho que chegou a hora, Ni. — disse ela, dando um passo para trás. — Eu vou deixar vocês dois conversarem.

Niandra olhou para Richard, seu olhar cauteloso, mas menos fechado do que antes. Ela sabia que a conversa que estava por vir seria importante, e, embora ainda estivesse receosa, estava disposta a ouvir.

Richard se aproximou lentamente, respirando fundo. Quando chegou mais perto, estendeu a carta para Niandra.

— Eu escrevi isso para você. Sei que talvez não mude tudo de uma vez, mas... — Ele parou por um momento, tentando encontrar as palavras certas. — Espero que você leia e entenda o que estou sentindo.

Niandra pegou a carta, olhando para o papel por alguns segundos antes de levantar os olhos para Richard.

— Vou ler, Richard. — disse ela, com a voz calma. — Mas, como eu disse antes, o que vai realmente contar são as suas ações daqui para frente.

Richard assentiu, sabendo que, embora fosse difícil, aquele era o primeiro passo para reconstruir a confiança.

— Entendo, Niandra. E estou disposto a fazer o que for necessário. Não só por você, mas pelo projeto, pela comunidade... e pelas crianças que vieram até nós. Elas me lembraram do quanto isso importa.

Niandra deu um leve sorriso ao ouvir sobre as crianças. Aquela lembrança parecia ser o elo que ligava todos naquele projeto.

— As crianças têm esse poder, não é? — respondeu ela. — Elas nos mostram o que é realmente importante.

Enquanto o silêncio pairava entre eles, Maria Júlia observava de longe, sentindo que talvez aquele fosse o começo de algo novo. Talvez Niandra finalmente estivesse pronta para baixar a guarda, e Richard, determinado como estava, pudesse provar seu valor.

— Vamos ver onde isso vai nos levar. — disse Niandra, finalmente.

Richard sorriu, esperançoso.

— Vamos, sim.

Arquitetura do coração Onde histórias criam vida. Descubra agora