Lorde Kim Taehyung ordenou que todas as lumárias fossem recolhidas e queimadas.
Essa foi a resposta que Jungkook recebeu de uma das criadas ao retornar ao quarto alguns dias atrás. Ele encontrou a jovem mortal supervisionando de longe enquanto um mago novato, com gestos hesitantes, fazia os vasos de plantas flutuarem no ar.
Ao ver os vasos flutuando quase tocando ao teto, Jungkook parou na porta do quarto, os olhos fixos na cena. O mago, um jovem de aparência tímida, murmurava palavras arcanas enquanto movia as mãos com cuidado, fazendo os vasos de plantas deslizarem pelo ar como se fossem feitos de papel. Ao lado, a criada observava com atenção, os braços cruzados e uma expressão de preocupação no rosto.
Jungkook cruzou os braços, os olhos semicerrados. Ele podia ver, por entre as frestas das cortinas pesadas, a pira no pátio. O fogo crepitava, controlado pelos feiticeiros da corte, consumindo centenas das bonitas flores azuis. O cheiro de folhas queimadas e madeira enchia o ar, penetrando pelas janelas e misturando-se com o aroma familiar de cera derretida.
Lembranças assombravam Jungkook. Ele ainda sentia os dentes de Taehyung cravando em sua pele, a dor aguda misturada ao prazer inquietante. A sala ao redor parecia mais limpa, os lençóis novos e as cortinas trocadas. Ele quase riu, lembrando-se de Swann chamando Taehyung de "exagerado". Ele estava se livrando de tudo que pudesse ter tido contato com pólen da Lumarias.
Sentado na beira da cama, ele observava o movimento lá fora, a desconfiança sempre presente. Os dias passavam lentamente, e ele raramente saía do quarto. O máximo que explorava eram as alas interligadas de seus aposentos.
Conversar com os empregados era uma tarefa complicada. Uma criada, ao vê-lo se aproximar, recuou ligeiramente, os olhos arregalados. Jungkook suspirou, aproximando-se com cautela. — Eu sou humano também, sabe? — disse ele, tentando um sorriso.
A criada olhou para ele, visivelmente nervosa, antes de dar uma desculpa apressada e sair rapidamente. Swann, que observava a cena de longe, soltou uma gargalhada.
— O que foi tão engraçado? — Jungkook perguntou, confuso.
— Eles sabem que você é humano, garoto — respondeu Swann, ainda rindo. — Não querem falar com você porque acham que você é um dos lordes.
— Eu não sou lorde nenhum — protestou Jungkook, franzindo a testa.
Swann deu de ombros, um sorriso brincando em seus lábios. — Estão te chamando de lorde Kim, já que ninguém sabe seu sobrenome.
— Eu... não tenho sobrenome. — admitiu Jungkook, sentindo-se um pouco envergonhado.
Swann assentiu, compreendendo. — Nos reinos, sobrenomes são importantes, geralmente pertencem a famílias de alguma importância. Talvez seja hora de você ter um.
— Não, não pertenço a esse lugar e não vou ficar. — Jungkook debateu.
— Não, não pertence, mas não é de Proudhon que estão te chamando, de qualquer forma. — Ela deu de ombros.
Jungkook ficou em silêncio, processando as palavras de Swann. Era estranho pensar que seu nome agora era mencionado em associação direta com Taehyung, como se fosse uma extensão natural; como se fosse uma marca de pertencimento ou influência do vampiro sobre ele.
Olhou ao redor do quarto, agora rigorosamente mais limpo e organizado pelas ordens do vampiro. As ações de Taehyung estavam visivelmente presentes, mas ainda assim, a desconfiança persistia como uma sombra constante.
Uma batida firme na porta interrompeu os pensamentos de Jungkook, ecoando suavemente pelo ambiente silencioso. Swann, que estava mais enrolando para dobrando roupas do que de fato as dobrando, largou-as de lado e foi a saltitos abrir a porta. A madeira rangeu levemente ao se abrir, revelando Yoongi segurando um pequeno frasco de vidro. O líquido esverdeado e viscoso em seu interior reluzia à luz trêmula das tochas e velas, criando um brilho esmeralda que dançava na superfície.
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ENCANTOS PROIBIDOS - taekook
VampirosVampiros, lendas antigas e uma fome insaciável assombram as terras de Verita. Na terra desolada de WestHollow, onde a fome e a opressão reinam, Jungkook luta para sobreviver. Vivendo em uma aldeia onde a miséria é constante e os impostos são exorbit...