𝟎𝟎𝟏 ★ Everything I wanted

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❝Eu tive um sonho

Em que eu consegui tudo o que eu queria

Não é o que você pensa

E, para ser honesta

Ele poderia ter sido um pesadelo

Para qualquer um que possa se importar❞

— everything i wanted, Billie Eilish


Kim Seungmin nunca foi o tipo de pessoa que se apaixona fácil ou acredita em amor à primeira vista, por muitas vezes questionou-se se era arromântico, porque nunca teve muitos namorados na adolescência e porque nunca teve "crushes" como a maioria dos jovens. Então cair de cabeça no amor não era algo que acontecia frequentemente, portanto, nunca se preocupou com casamento ou construir uma família, o trabalho sempre ocupou sua mente.

Isso foi até o dia em que ele se assumiu gay para a família, que não suportou a ideia de que Seungmin não poderia ter filhos biológicos com um homem. Ser homossexual não era um problema para os seus pais, mas eles queriam netos para chamarem de seus.

Quando se assumiu gay, o Kim pensou ter "escapado" de uma tradição antiga da família, um casamento arranjado. Mas a atração sexual do garoto foi apenas um fator, porque o obrigaram a se casar ainda assim.

Seungmin não teve escolha a não ser aceitar, afinal, sempre fez de tudo para agradar os pais. E por mais que não quisesse, o garoto sentiu-se obrigado a criar ao menos um laço amigável com seu noivo.

Porém, a amizade se tornou admiração, que com o tempo, acabou se tornando amor.

Foi tolo pensar que esse sentimento era recíproco, que para Jaewon não era apenas um casamento arranjado, que ele o beijava e dizia palavras bonitas apenas para que o casamento não fosse um completo fracasso, porque de fato era.

Mas o que ele poderia fazer? Seungmin estava apaixonado, e o amor faz coisas com a gente.

Claro que no exato momento em que a porta da casa de Jaewon foi atendida por uma mulher da qual ele não conhecia, o garoto ficou curioso e assustado, em um estado de choque. Mas a realidade pareceu bater em sua porta quando Jaewon apareceu atrás da mulher sem camisa e com o corpo marcado.

O pequeno buquê de flores na sua mão caiu no chão juntamente com a sua ficha, foi aí que ele percebeu que Jaewon nunca realmente disse "eu te amo" para ele.

Sentiu-se um tolo por ter pensado nesse tipo de coisa.

Mas o que importa? O que está feito, está feito.

Foi embora da casa de Jaewon antes que ele arrumasse tempo para lhe entregar uma desculpa esfarrapada ou a verdade dolorosa.

Ir embora foi um ato covarde, porque o Kim não queria ouvir a verdade, pois sabia que iria doer. Mas fugir, lhe permitiu espairecer e pensar nos últimos anos, desperdiçados pensando no futuro do seu casamento. Ele não queria fazer da fotografia um emprego fixo, mas talvez se não tivesse aceitado o noivado, seria um fotógrafo famoso.

Enquanto ele estava dentro do táxi tentando pensar sobre sua vida deprimente, que pareceu se tornar ainda mais deprimente por conta da música que tocava na rádio, jogou sua aliança de noivado pela janela. Apesar de ser um anel caro, não possuía valor sentimental, o que lhe tornava um simples anel barato.

Durante o trajeto, acabou por fazer um pacto silencioso de que focaria em sua carreira de fotógrafo e herdeiro, afinal, relacionamentos nunca foram a sua prioridade.

O moreno fechou a porta do táxi agradecendo pela viagem e suspirou ao se virar para encarar o estabelecimento. As paredes do local tinham um tom de verde escuro misturado com bege na fachada, algo que não havia mudado conforme o tempo, a pintura havia apenas sido renovada e a fachada foi reformada, mas ainda continuava a mesma cafeteria de sempre.

Sua mente permitiu que ele se distraísse com as memórias do passado, onde passava seu dia brincando naquela rua e não possuía nenhuma preocupação além de passar o dia todo brincando no parque ali perto e tomar chocolate quente todas as manhãs.

— Não vale a pena ficar me lamentando. — Murmurou para si mesmo antes de adentrar a pequena cafeteria antiquada.

Ao entrar, o pequeno sininho agudo tocou e ele vasculhou o ambiente com o olhar, procurando por um rosto velho e amigável. Mas tudo que encontrou foi um barista loiro e alto, que brincava com o piercing de seus lábios à medida que aguardava a clientela, mas parou com o ato assim que o moreno se aproximou de seu balcão.

— Bem-vindo ao 'Espresso Perfeito'! O que deseja pedir? — Lhe deu um sorriso radiante.

O loiro alto fez um sinal para o cardápio e Seungmin se apoiou no balcão um pouco pensativo sobre o que pediria, o maior pouco se importou pois já estava acostumado com a indecisão de alguns clientes.

— Um chocolate quente com marshmallow. — Pediu, para se recordar mais das memórias gostosas que guardava consigo do passado.

O garoto loiro pareceu surpreso por um momento, antes de sorrir novamente, um sorriso mais sincero e genuíno do que o anterior.

— Suponho que você seja das antigas. — Falou de forma brincalhona. — Não temos mais chocolate quente no menu, mas eu posso abrir uma exceção para esse belo garoto que está com os olhos vermelhos de choro. — Soprou uma risada.

Seungmin fechou a cara com o comentário e pegou seu celular para verificar se seus olhos estavam realmente vermelhos por conta do choro recente. Quando o loiro se virou de costas para preparar o pedido, o Kim suspirou, murmurando baixinho um xingamento em coreano, que arrancou outra risada soprada do loiro.

— Não é legal xingar o cara que está fazendo sua bebida pelas costas, principalmente em coreano, nada te garante que eu não possa ter colocado veneno no seu chocolate quente. — O maior comentou enquanto terminava o pedido.

O moreno se surpreendeu ao perceber que o loiro entendia coreano, e imediatamente seu rosto ficou vermelho de vergonha. Apesar do loiro ter traços coreanos, o Kim não imaginava que ele também falava.

— Se isso te preocupa, eu não envenenei sua bebida. — Assegurou com um sorriso e colocou o copo de bebida no balcão. — Bom proveito.

Seungmin se preparou para pegar sua carteira em sua bolsa, mas o loiro logo o interrompeu.

— É por conta da casa.  — Apoiou as duas mãos no balcão e o moreno concordou com a cabeça, pegou seu copo e foi se sentar em uma mesa.

Se perguntava o porquê aquele barista estava sendo tão amigável consigo, a única coisa que veio a sua mente foi o seu avô de consideração. Então antes de ir embora do local, foi até o balcão para perguntar algo.

— Ei, você conhece um senhorzinho chamado "Gil Lebard"? — Perguntou de forma descontraída, observando a identificação no avental bege do loiro. —Bang Chan...? — Soletrou o nome, estalando a língua no céu da boca.

O loiro se manteve calado durante alguns segundos antes de brincar com o piercing no seu lábio e direcionar um olhar triste para Seungmin.

— Ele morreu. — Fez uma pausa. — Dois anos atrás.

★| Primeiramente, gostaria de pedir desculpas pela demora para publicar. E em segundo lugar, gostaria de dizer que as atualizações provavelmente não serão semanais igual WOAS, mas irei dar o meu melhor!

Enquanto aguardam pelo próximo capítulo, vocês podem escutar a playlist da fanfic que está no meu perfil, ou ler alguma das muitas estórias que possuo!

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