Pretend

Ozymandias

Olá! Este é o último capítulo do Ato 1, o que significa que vocês estão prestes a ler o último flashback - tal qual estão acostumados, no início dos capítulos.

No mais, aproveitem o capítulo e comecem a orar. O segundo ato está vindo. :)

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"2 de dezembro de 2019 - Palo Alto, Califórnia

'[...] Nada subsiste ali. Em torno à derrocada da ruína colossal, a areia ilimitada se estende ao longe, rasa; nua; abandonada.'

Porque todos os impérios, um dia, cairão.

O baile de inverno era a atração mais esperada daquele mês de dezembro, porém, para os Seniores, o evento principal e mais aguardado por anos era o grandioso baile de formatura - este que, por sua vez, aconteceria no início do mês de janeiro. Desde a criação dos seis níveis que integravam a Stanford High e a Stanford College, os alunos se tornavam cada vez mais adeptos e obcecados com a nova distinção social.

Ainda assim, mesmo que por status ou por costume próprio, Alexander (ou Alex) Mason Portland ainda era o nome mais conhecido daquela instituição. Com seus dezoito anos recém completados e estando no último ano do colegial, o garoto continuava a ser uma pedra no sapato dos Originais e, consequentemente, do novo grupo formado contra o seu próprio - a que seria tão temida em um futuro próximo: a Pangeia. Ele e seus melhores amigos (ou seguidores, quase), Benjamin e Adam Wastings, não aderiram ao novo sistema criado pelos outros, continuando no alto escalão da escola.

Não era segredo que nada pararia Alex, porém, com a criação dos seis níveis, as desavenças com Tristan - que, por algum tempo, ficaram escassas - se tornaram novamente frequentes. Em uma das diversas brigas entre os dois, principalmente quando estavam em treinos de futebol, o canadense perdeu completamente a paciência quando recebeu o quarto sack absurdamente rude e forte do mais velho; o que resultou em uma das maiores confusões entre eles.

Diante disso, entre socos e roladas no chão, Tristan acertou um chute no rosto de Alex que nem mesmo ele esperava. A trava afiada de sua chuteira rasgou da lateral da boca do garoto até alguns milímetros abaixo de seu olho esquerdo, quase o deixando cego de um lado. Com o forte impacto em sua bochecha, Alex sentiu não só o sangue escorrer do corte, como também de sua gengiva superior; e, quando abriu a boca para tossir o sangue que jorrava, acabou cuspindo também seu dente canino, este que quebrou com facilidade.

Enquanto era levado às pressas para o hospital, o formando se perguntava como é que o canadense se mantinha de pé depois de apanhar tanto; e pior... como é que não existia nem um arranhão sequer nele?! Obviamente, com o pacto já cravado em sua pele, Tristan tinha dons que Alex não sabia. A questão é que o corte foi feio, deixando uma cicatriz enorme e bem marcada no lado esquerdo de seu rosto, e, pela vaidade excessiva que tinha, Alex não gostou nem um pouco disso.

Na semana seguinte, depois de voltar para a escola com um dente de ouro no lugar em que perdera o permanente, Alex se manteve quieto e observador; coisa que deixou Tristan em alerta, já que não fazia o estilo dele algo tão... sutil. Por ter nascido em Palo Alto, Alexander se livrava do perigo de ser morto pelos Originais, porém, para os quatro, este fato era quase como uma maldição - principalmente para o atleta que sempre estava envolvido nas brigas.

O comportamento estranho durou por duas semanas inteiras, e, com isso, Tristan acreditou que Alex e os gêmeos tinham desistido de continuar aquela guerra que já durava dois anos. O que ele não percebeu, no entanto, era que seus passos antes e depois da escola estavam sendo monitorados. Nas quintas-feiras, o canadense ia até o mesmo restaurante italiano no centro de Atherton, sendo este seu lugar favorito para fazer suas refeições. O único problema era que ele sempre fazia o caminho sozinho, e, naquela noite, se arrependeu amargamente disso.