Pretend

Chapter 26 - Icarus

Olá! Antes de iniciarmos este capítulo, eu queria deixar claro algumas coisinhas. A primeira delas é que, sim, Pretend é um dark romance. Aqui, você lerá coisas que estão longe do padrão comum de um relacionamento saudável - e, sim, todos nós sabemos que o relacionamento entre as protagonistas não é comum ou saudável.

Minha intenção com a fanfic não é romantizar isso, e eu sempre tento deixar explícito que as ações da Camila são, no mínimo, duvidosas. Camila Swoord é uma personagem mentalmente instável, participante de um pacto de sangue e que foge de todos os princípios básicos de ética moral.

A segunda coisa é que a Camila Swoord FAZ TERAPIA! E eu tento, no máximo que consigo sobre o assunto, colocar que certas coisas são erradas. Minha intenção principal com a fanfic é brincar com a moralidade das pessoas; e se você, algum dia ou em algum capítulo, concordou com algo que os Originais fazem/fizeram, você ajudou a provar o meu ponto: há uma linha tênue entre certo e errado.

A terceira coisa (e última): este capítulo é dedicado a um amigo meu, o Angie! E que também é quem corrigiu alguns bons capítulos até aqui. Esse é pra você, Angito!

Dito isso, aproveitem o capítulo!

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Narrador POV

Afinal, até onde vai o limite das coisas?

Na mitologia grega, o mito de Ícaro é uma das histórias mais fascinantes e marcantes de toda a cultura popular. Na premissa, Ícaro era filho de Dédalo - um dos grandes inventores e arquitetos da ilha de Creta -, e deveria ter crescido como um príncipe. Seu pai foi o responsável por construir o Labirinto de Creta, local em que o poderoso Minotauro foi aprisionado a mando do rei Minos. Entretanto, ao temer que os segredos da criação pudessem se espalhar por toda a Grécia, Minos aprisionou os dois homens em uma torre entre as paredes do Labirinto, sabendo que era impossível escapar dali. 

Por anos, Ícaro encarou o céu em completo fascínio por um detalhe em específico: o Sol, desejando brilhar tal qual a grande estrela. Com o sonho de uma possível liberdade, Dédalo passou a juntar as penas de pássaros que caíam frequentemente por entre as enormes paredes de pedra e a cera das abelhas, criando, assim, dois pares de asas. Dédalo avisou a Ícaro para que sobrevoassem acima do nível do mar, mas longe o suficiente do Sol, pois sabia que a cera derreteria com o calor escaldante.

Apesar disso, Ícaro, estando completamente fascinado com a ideia da liberdade e de poder chegar perto do que mais gostava, ignorou os avisos de seu pai, voando cada vez mais e mais alto. Ao chegar perto de passar pela atmosfera terrestre, o calor absurdo do Sol, como esperado, derreteu cada emenda de cera entre as penas. Sem ter nenhuma saída, Ícaro caiu em queda livre enquanto assistia o Sol ficar cada vez mais longe, mesmo tendo chegado "tão perto". O jovem caiu no mar Egeu, sendo engolido vorazmente pelas águas, e, tristemente, morreu logo em seguida.

O preço da liberdade é caro, mas o preço de um sonho é, comicamente, mais libertador.

Estar dentro daquele alçapão, naquele momento, não era nada acalentador para Camila. As paredes pareciam a engolir quando firmou seu corpo no chão de concreto, e, causando-a um arrepio ainda maior de tensão, a presença de Zagonis pareceu crescer entre as sombras do local. Com um suspiro fraco, a latina puxou a cordinha que ligava uma das lâmpadas presentes ali, iluminando tudo o que conseguia enxergar.

Parecia exatamente como se lembrava, apesar de ter um tempo considerável desde a última vez em que estivera ali. Ela esperou por alguns momentos, no entanto, o Deus primordial parecia ter desaparecido assim que se colocou para dentro da sala. Somente parecia, entretanto. A sensação ruim ainda perambulava entre os vértices imaginários da latina, causando um batimento tão acelerado que, ao seu ver, sentia que poderia infartar a qualquer momento. Buscando se distrair de alguma forma, a garota deu alguns passos à frente, parando ao lado das estantes pertencentes aos Originais.