Por onde Anda 𝘝𝘰𝘤𝘦̂? - Sᥙᥒᥲ rιᥒtᥲr᥆ᥙ

𝓒𝓪𝓹𝓲́𝓽𝓾𝓵𝓸 1- 𝓻𝓲𝓴𝓸 𝓼𝓾𝓷𝓪

Outro dia de aula começava, e você estava sentada em sua mesa, ouvindo murmúrios e palavrões vindos de uma mesa próxima, onde cinco meninos cercavam uma colega de classe. Outra cena de bullying? Que desânimo. Parece que pessoas cruéis nunca se cansam de praticar maldades. A vítima, mais uma vez, era Riko Suna, talvez a garota mais... odiada do colégio? Não sei bem como definir.

Desde o início do ano passado, um grupo de garotos com mentalidade infantil a atormenta incessantemente. Me pergunto o porquê. Ela é apenas uma garota. É revoltante ver que esses jovens não são punidos. Riko chorava, implorando por misericórdia, enquanto eles riam de sua imagem desesperada e vulnerável. Como o ser humano pode ser tão cruel?

- A menininha está com medo? Ah, você fica tão atraente assim, sabia?- zombou um deles. Que nojo! Não consigo imaginar a quantidade de pensamentos e ações repugnantes que esses indivíduos têm em mente com meninas inocentes.

- Levanta- ordenou um dos meninos. Quando ela recusou, ele insistiu: - Levanta, porra, estou mandando!- Ele bateu com força na mesa dela, assustando-a a ponto de ela dar um pulo. Com a cabeça baixa, Riko se levantou enquanto os valentões riam, acompanhados por outros alunos que também não ofereciam ajuda.

- Gente, olhem só para esses cabelos lindos da Riko- disse um deles, passando a mão pelos longos cabelos dela. - Deveríamos cortar?- sugeriu, enquanto os outros riam em uníssono. Rapidamente, um dos garotos pegou uma tesoura e a entregou ao rapaz que havia comentado sobre cortar os cabelos de Riko. - Erga a porra da sua cabeça- ordenou ele, segurando o queixo de Riko. Pude ver o terror em seus olhos. Aquilo parecia uma cena de filme de terror; era triste de se ver.

- NÃO! Não... não, por favor, não corte...- Riko suplicou, suas primeiras palavras desde o início do tormento. Isso apenas fez os garotos ao redor rirem ainda mais, como se fosse uma piada.

- Cala a boca, desgraça- gritou o garoto com a tesoura. Foi ele quem tomou a iniciativa de dar o primeiro corte nos cabelos de Riko. Que horror! Era triste, ainda mais ao ver todos na sala filmando e rindo da cena. Por que ninguém fazia nada? Ninguém tem um pingo de empatia? Que tipo de seres humanos são esses, com o coração tão frio?

- NÃO! N-NÃO!- Riko gritava em meio ao choro, enquanto todo o seu cabelo era cortado em pedaços desiguais e tristes, assim como seus olhos e seu rosto. Pobre garota. Ela chorava enquanto os meninos ao redor riam de seu desespero.

Quando o garoto finalmente jogou a tesoura para longe, pude ver a cena terrível: os cabelos de Riko espalhados no chão, mais da metade havia sido cortada.

- Olha que coisa mais fofa ficou seu cabelo- zombou um deles. - Parece um rapaz nojento- acrescentou, passando as mãos pelo cabelo dela, que antes era longo e agora estava curto.

Riko apenas chorava, sem dizer uma palavra. O que ela poderia dizer? Implorar por misericórdia e esperar que eles parassem? Não, eles não iriam.

O mesmo garoto que havia cortado todo o seu cabelo a arrastou para o chão, pegou a tesoura que estava jogada e a apontou para a boca de Riko. - Cale a porra da boca e engole o choro se não quiser engolir esta tesoura- ameaçou ele com uma expressão séria e irritada. Riko rapidamente engoliu o choro, temendo algo ainda pior.

Um som alto ecoou pela sala, o sinal para o intervalo havia tocado. Todos se levantaram, e os garotos soltaram Riko, deixando-a jogada no chão. Incrivelmente, ou nada surpreendentemente, ninguém a ajudou a se levantar ou sequer perguntou se estava bem; todos apenas ignoraram sua existência insignificante e saíram como se nada tivesse acontecido.

- Ei -falei baixinho quando todos já haviam saído, indo em direção a Riko. - Levanta- estendi minha mão para que ela pudesse se segurar. Riko me olhou assustada, como se eu fosse machucá-la. Aquele olhar parecia um pedido de misericórdia. Eu não era uma pessoa ruim.