𝓒𝓪𝓹𝓲́𝓽𝓾𝓵𝓸 6- 𝓢𝓸𝓶𝓫𝓻𝓪𝓼 𝓮 𝓔𝓬𝓸𝓼

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As horas escorriam como areia entre os dedos, e finalmente cheguei na escola, um lugar que sempre me causava um profundo desconforto. O ambiente fervilhava com a presença de uma multidão, um mar de rostos que se movia como um turbilhão. O barulho das vozes se entrelaçava com o sussurro do vento, criando uma sinfonia que me deixava agoniada. Fechei os olhos, desejando me tornar invisível, como uma folha levada pela corrente. A sensação de corpos esbarrando em mim e de pés desajeitados me empurrando para os lados aumentava minha ansiedade. A cada passo em direção ao portão, a percepção de estar sendo observada se intensificava. Não eram olhares comuns; era um olhar em particular que parecia se enraizar em mim.

Com um impulso repentino, me virei. No meio daquela massa de rostos anônimos, uma luz me chamou a atenção, brilhando sobre uma escada. Ele estava lá, me observando. Seus olhos amarelos, penetrantes, me prenderam instantaneamente. Era ele, o rapaz que não me deixava em paz. Ele havia me seguido até aqui? Meu coração disparou, e uma onda de perguntas invadiu minha mente.

Fiquei paralisada, absorvendo a intensidade do seu olhar. Era como se ele pudesse enxergar dentro de mim, decifrando meus segredos e medos apenas com um olhar. O tempo parecia ter parado, e a multidão ao redor se dissolveu em um borrão. Por que aqueles olhos eram tão hipnotizantes? Um magnetismo inexplicável me impedia de desviar o olhar.

De repente, um peso descomunal me atingiu. Perdi o equilíbrio e cai, sentindo a dor aguda no meu joelho. O murmurinho das vozes ao meu redor desapareceu, e a única coisa que ouvi foi um xingamento próximo a mim.

- Hm, merda! - uma voz grossa ressoou, fazendo-me olhar para o lado. Um jovem estava caído, suas longas pernas estendidas desajeitadamente. Ele tinha cabelo loiro e uma faixa na mão esquerda, e estava tentando se recompor.

- Desculpa! - murmurei, ainda atordoada, enquanto ele pegava seus óculos do chão e os colocava no rosto.

- Não tem problema - respondeu ele, mas sua expressão revelava uma certa irritação. Ele se levantou, pegou a mochila e, após me observar por um momento, perguntou:

- Se machucou?

- N-não - consegui dizer, tentando adotar um tom confiante, mas minha voz traía a insegurança. Apoiei-me no chão, tentando me levantar, mas a dor no meu joelho era intensa.

Então, senti duas mãos grandes e frias segurando meu braço. Ele estava me ajudando a levantar.

- Deixa que eu te ajudo - disse, com firmeza. Olhei para ele, tentando entender a expressão fria que dominava seu rosto; não parecia ser alguém amigável.

- Obrigada, é... - tentei perguntar, hesitando.

- Tsukishima - ele respondeu, sua voz rouca quase se perdendo na confusão ao nosso redor. Assim que me ergueu, soltou meu braço, mas seu olhar ainda estava fixo em mim.

- Consegue andar? - ele indagou, com seriedade, enquanto ajeitava os óculos.

- Sim - respondi, desviando o olhar. Meus olhos vagavam por todo o espaço ao redor, procurando aquele mesmo rapaz de olhos amarelos que havia me hipnotizado instantes antes. A confusão na minha mente era tamanha que os murmúrios ao redor se tornaram ruído distante. Mas ele já havia desaparecido, como se nunca tivesse estado ali.

- Ei, está me escutando? - a voz do rapaz loiro me puxou de volta para a realidade, fazendo-me piscar algumas vezes antes de focar nele novamente.

- Perdão? - perguntei, sentindo meu rosto esquentar de vergonha. Estava completamente perdida no meu devaneio.

- Eu perguntei se tem certeza que consegue andar - ele repetiu, dessa vez com um tom de preocupação levemente irritado, os olhos se estreitando enquanto esperava por uma resposta definitiva.

Por onde Anda 𝘝𝘰𝘤𝘦̂? - Sᥙᥒᥲ rιᥒtᥲr᥆ᥙOnde histórias criam vida. Descubra agora