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Alice

É o garoto do shopping. Aquele que estava me olhando toda vez que eu olhava para cima. Meu nervosismo evapora quando o aborrecimento se instala.

—Por que você está me abraçando? — Eu dou de ombros. —Eu não tenho certeza o que você pensa que está fazendo, mas eu não estou interessada.

Na minha última escola, os caras sempre tentavam reivindicar a nova garota. Eles queriam ser os primeiros a"colocar as mãos em território virgem"como fez um idiota revelando em voz alta durante a aula. Ele conseguiu uma detenção por isso, mas nunca apagou o sorrisinho de seu rosto.

Eu odeio sorrisinhos. Eu particularmente detesto caras quentes e presunçosos, porque eles sempre acham que podem se safar de qualquer coisa, porque Deus os fez atraentes.

—Você está certa. Você está certa.— Ele levanta as mãos em sinal de rendição. —Nenhuma mão em você sem permissão. Isso é inteligente e eu sei que você é inteligente.

—O que diabos isso significa? — Eu me viro para encará-lo e cometo o erro de olhar em seus olhos.

Lembro-me deles sendo marrons desde a primeira vez que o vi no shopping, mas o que eu não tinha notado na época era a cor quente de mel que nadava em torno da íris. Estar perto dele me permite ver de perto todos os detalhes perigosos. Eu nunca soube que uma cor de olhos poderia ser tão rica e convidativa.

Há rugas nos cantos dos olhos de seu sorriso genuíno. Ele não desvia o olhar, continua me encarando. Meu pulso palpita quando olhamos um para o outro. Nenhum de nós diz uma palavra. Não
tenho certeza se estou respirando.

Ele aproxima sua mão.

—Posso?

E eu concordo. Uma covinha se formou em sua bochecha esquerda, fazendo seu rosto já bonito perigosamente lindo. Ele coloca uma mecha do meu cabelo de volta no lugar, seus dedos acariciando gentilmente minha bochecha. Eu fecho meus olhos por um segundo, seu toque firme na minha pele.

Uma porta de carro bate me tirando do meu transe. Desta vez,quando abro os olhos, espero que pareçam querer abrir um buraco diretamente naquele belo rosto dele. A última coisa que preciso é que ele saiba que estou atraída por ele. Que o seu simples toque fez uma loucura nas minhas entranhas. Uma paixão é a última coisa de que preciso.

—Te disse para não me tocar, — eu digo, o que é
irracional porque sei que ele perguntou e eu concordei, mas precisava fazer com que ele recuasse.

Cruzei meus braços sobre o peito e levantando o queixo, esperando que ele se toque.

—Você disse, não é? — Ele gesticula para eu me mover. —Depois de você, então.

Eu não gosto que ele concorde comigo. Seria melhor se ele pensasse que eu sou uma vadia e nunca queira nada comigo porque eu não tenho muita defesa contra ele. Eu preciso me mover, porque ficar aqui ao seu lado não é bom para o meu sistema nervoso.

Começo a caminhar em direção às gigantescas
portas duplas de vidro no topo de uma larga escada de cimento. Meu telefone toca na minha bolsa. Eu o pego grata por uma distração.

Mãe: Ele é lindo!!!

Oh Deus. Claro que ela estava se referindo a ele. Eu dou uma olhada por cima do meu ombro quando começo a puxar uma das portas abertas. Owen está de pé onde eu o deixei e ainda está sorrindo, não perturbado comigo o ignorando.

Eu jogo minha cabeça para trás. Droga. Ele me viu olhando-o. Por que eu não poderia ter jogado legal e não ter olhado para trás?

Meu telefone toca novamente.

Ás de Copas ( 1 livro da série FU High )Onde histórias criam vida. Descubra agora