「 𝗖𝗥𝗢𝗦𝗦𝗘𝗗 𝗕𝗟𝗔𝗗𝗘𝗦 」
Caçar piratas e entregá-los à Marinha em troca das recompensas oferecidas não era exatamente a vida que Erin Sanderson sempre havia sonhado. Era arriscado e solitário, e, por vezes, a recompensa nem mesmo cobria seus...
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CHAPTER ZERO: 彡 Prologue
Mildred Sanderson se tornou mãe aos dezoito anos de idade. O pai, um espanhol que prometeu abandonar a vida nômade para que pudessem se casar, não cumpriu sua promessa.
O século XVIII não era fácil para uma mãe solteira. Poucos meses depois de ser abandonada por seu parceiro, Mildred deu à luz. Pôde contar com a ajuda dos pais para que cuidassem da pequena Erin enquanto trabalhava na precária biblioteca de Port Royal. Os olhares julgadores que recebia constantemente a faziam querer trancar-se dentro de casa e nunca mais sair. Entretanto, o sorriso iluminado no rosto de sua filha toda vez que ela lhe trazia um livro da biblioteca empoeirada fazia todo o esforço e todo o julgamento valerem a pena.
Embora não pudesse deixar de pensar em como era injusta a forma como uma mulher podia ser destratada apenas por ainda carregar seu sobrenome de solteira.
Conforme Erin crescia, começava a tomar conhecimento sobre as dificuldades que sua mãe enfrentava dia após dia. A família de Mildred faleceu pouco a pouco em decorrência de doenças, e Erin passou a acompanhar a mãe no trabalho. Para uma criança em fase de crescimento, não era ruim passar o dia rodeada de livros que saciavam suas curiosidades sobre o mundo.
Os anos seguintes foram financeiramente estáveis. Porém, quando Erin completou quatorze anos, Mildred teve seu segundo filho.
Nicolas nasceu em circunstâncias difíceis. Seu pai era membro da Marinha e fora morto em batalha durante sua gestação. Com dois filhos, nenhum marido e ninguém com quem contar, Mildred adoeceu.
O exemplo de perseverança que sua mãe lhe dera durante sua infância ajudou Erin a assumir a liderança da casa, embora não fosse fácil tomar as rédeas de tudo enquanto se preocupava com a saúde da mais velha. Enquanto Mildred e Nicolas ficavam em casa, ela trabalhava. Conseguira substituir a função de sua mãe na biblioteca e, à noite, fazia bicos como garçonete em tavernas. Mas não era o suficiente.
Além de arcar com as despesas domésticas, haviam os custos das visitas do médico à sua residência para que sua mãe fosse tratada, já que não podia pagar uma internação. E havia Nicolas, que, ao menos, crescia saudável.
Não sobrava muito tempo para que pudesse passar com o irmão caçula, mas cada segundo ficaria gravado na eternidade. Nicolas era, definitivamente, a melhor parte dos seus dias, e o principal motivo pelo qual ela mantinha tal constância.
Em um dos seus turnos na taverna, depois de dispensar os flertes de inúmeros bêbados atrevidos, Erin limpava o balcão distraidamente quando uma movimentação em uma das mesas chamou sua atenção. Parecia, a princípio, uma briga comum. Nada que não tivesse visto antes e nada que fosse da sua conta. Sua curiosidade foi desperta quando ouviu a palavra "pirata" ser pronunciada em um tom furioso.
