Prólogo - 1.7

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E aqui estamos nós, de novo, só que desta vez com um cenário diferente, já faz muito tempo desde que eu não te vejo, às vezes me pergunto se você realmente existiu em minha vida, se esse sentimento, essa emoção, esses momentos e memórias que guardo com carinho e nostalgia fizeram parte em algum momento da minha realidade, ou acabei me perdendo sozinho em um livro de romance ao qual sou o autor, com um final infeliz.

Não sei se minha vida pode servir de base para algum drama, eu nunca tive nada que me fizesse esperar mais do que uma rotina exaustiva, monótona, uma simples pessoa vivendo entre outras 7 bilhões, com seus próprios problemas para resolver e traumas mal resolvidos para ressignificar, estudante de artes, apaixonado por música, viciado em bandas e cantoras pop, usando composições para expressar aquilo que durante 20 e poucos anos de vida eu deveria falar, mas talvez, durante a infância eu tenha sido reprimido o suficiente para hoje, sequer conseguir chorar em momentos que se é necessário.

Eu te disse para não esperar muito de mim, afinal, eu sei bem o que sou e sei o que posso oferecer, mas, talvez agora, eu mesmo esteja esperando um pouco mais, pelo menos de força, coragem, equilíbrio, sabedoria, todas aquelas virtudes para tentar seguir em frente, sabe? Acho que sim, afinal, você fez isso e céus, eu estou tão feliz por você.

Me lembro como se tivesse sido há poucos dias, a última vez que te vi, quando você chegou, como sempre, preto é a sua cor, ou costumava ser, pois sempre que estava comigo eram deste tom as suas vestes e naquela data não foi diferente, seus cabelos longos e lisos, a pele branquinha com algumas marquinhas e um pouco de base por cima para tentá-las esconder, pois você sempre odiou o fato de ter manchinhas de acne, mesmo que eu as achasse parte de ti. O seu jeitinho tímido, a voz baixa me dando "bom dia", mas sendo bem irônico, afinal havíamos ficado até o amanhecer no celular e você decidiu querer ir até minha casa pela tarde, ambas faces inchadas pelo sono, carregados pelo cansaço, moles, pior que gelatina mal feita, mesmo assim aquele maldito sorriso no seu rosto após elogiar a minha calça de pijama do Garfield sempre irá ser um dos meus momentos favoritos deste dia, até hoje me pergunto o que fez você querer trazer o seu violão (preto), pois quando você o tirou da sua bag, tocou apenas algumas notas e depois ficou o segurando em silêncio me deixando te admirar por longos e silenciosos minutos, ao qual eu poderia muito bem ter tirado um cochilo, mas lutei com todas as energias que me restavam para não perder nenhum segundo de ter a proeza que era você ali, na minha frente, fazendo piadas, me tocando, brincando comigo e cantarolando vez ou outra alguma música que estava compondo ou pensando, eu me senti a princesa Ariel, na cena em que viu o Eric a primeira vez após o tirar do mar, a diferença é que ele o fez a querer se tornar humana e você, bom, você me fez sentir que eu era mais, mais do que um simples humano, mais que uma simples pessoa na vida de outra, me conhecia como a palma da sua mão, cada mania, cada hábito, cada gosto, cada pedacinho meu, e, naquele dia você deixou claro isso, mas se eu me sentia assim qual era o meu medo, para então ter te deixado ir tão cedo?

Quando você me abraçou no elevador do meu prédio, eu deveria nunca mais te soltar, embora se eu tivesse feito isso você com certeza teria problemas lombares ou de coluna... mas talvez hoje, eu não tivesse somente a sensação de como foi estar entre seus braços, mas você precisava ir embora, não é?
E eu precisava te deixar ir...
E eu sei que isso já faz tempo.
E que agora não há mais nada que eu possa fazer.
E quando percebo, eu me esqueço de você por tempo o suficiente, para esquecer a razão de precisar te esquecer, porque senão, eu estaria lá de novo, quando ninguém precisava saber, pois eu te mantive como um segredo e você me manteve como um juramento, e em uma oração, nós prometemos que iríamos sempre nos lembrar de tudo muito bem, mas agora que você não está mais aqui, será que ainda se lembra de mim, Moonie?

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Base de inspiração - All to Well (10 minutes version) - Taylor Swift.

MOONIE | Olhos Brilhantes.Onde histórias criam vida. Descubra agora