A travessia do Araguaia.

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— Uma família? São um bando de caipiras trombadinhas — Disse Marcus, enquanto se virava em direção ao revólver.


— Você não teria coragem Tyrone, ou devo dizer Theodore? — Assim que Marcus terminou a frase, o som do disparo efetuado foi alto suficiente para fazer o ouvido de cada um no local zumbir. 
Nesse momento, as memórias vieram de volta a mente de Marcus, ele se lembrou de tempos mais simples, de quando ainda sentia, de quando era Victor, de quando confiava naqueles que o traíram. 

Suas lembranças passaram rapidamente, as caçadas com Ítalo, os treinos de mira em balões com Killian e João e suas leituras com Theodore, porém, o conforto e nostalgia se foi junto de sua visão, junto do estrondo do tiro veio o negrume.

Algumas horas se passaram até Marcus acordar, o mesmo estava coberto de madeira do teto que caiu sobre sua cabeça, aparentemente o tiro não foi em sua direção e sim para cima.

— Pft, esses vermes e sua "compaixão", malditos traidores. — Marcus murmurava enquanto tirava os dejetos de cima de seu corpo. Sua arma permaneceu no coldre, não tentaram surrupiar dele. Assim que Marcus saiu do celeiro, o mesmo foi cegado pelo rastro de poeira que se levantava graças a uma carroça veloz. 

— CORRE FIO! — Gritava a voz familiar de Killian de dentro da carroça.

—EU TO CORRENDO FIO NOI VAMO ATRAVESSA O ARAGUAIA PRA FUGIR DESSA MOCRÉIA FEIA! — Respondeu o condutor, ainda desconhecido por Marcus.

Atrás da carroça, cerca de onze pessoas vinham em disparada cavalgando empunhando seus revólveres, alvejando a mesma. Marcus prontamente sacou sua arma, disparando contra um dos homens e rapidamente montando no alazão de sua vítima. Ele não sabia o que estava acontecendo mas sabia quem estava dentro da carroça os ratos traidores, mais a frente, Jill cavalgava comandando os homens: 

— ALCANÇEM ELES! ESTÃO COM MEU NOIVO! — Ela utilizava roupas sociais bem arrumadas, porém sujas da poeira que subia da perseguição. Alguns diriam que ela parecia um barman.

De uma distância segura, atrás de todos os homens de Jill, Marcus seguia analisando a situação, afinal foi enviado para isso, apenas se desviou devido ao seu ímpeto por vingança, a carroça, cada vez mais avariada devido aos disparos, finalmente devolveu o golpe contras os homens, de supetão, as duas portas da parte traseira da carroça se abriram, de lá, João com seu vestido branco e Killian com sua larga camiseta roxa e suspensórios, juntos, jogaram um grande pedaço roliço de madeira em direção ao grupo de perseguidores, o cavalo de Jill facilmente pulou sobre o tronco, porém, alguns de seus homens não foram rápidos o bastante, quatro dos nove que restavam não foram capazes de desviar ou pular a tempo, e acabaram caindo da montaria e ficando para trás, sumindo rapidamente de vista. 
As portas da carroça se fecharam mais uma vez, os disparos de Jill e dos homens restantes continuaram ecoando pelo ambiente inóspito e danificando mais o veículo.

A porta estridulou e se abriu mais uma vez, novamente João e Killian apareceram, Jill desesperada gritou:

—JACK! 

E a linda noiva respondeu de forma ríspida:

— Que que cê quer?

— Num fala assim comigo... — Respondeu a mulher tristonha

A dupla, mais uma vez jogou um grande tronco de dentro da carroça, porém, junto disso vinha um presentinho, cortesia de Theodore. Jill mais uma vez pulou o tronco de forma fácil, coisa que os seus homens não conseguiram fazer, um deles foi atingido pelo tronco e saiu rolando para frente, atrapalhando o caminho da mulher que foi obrigada a parar devido ao obstáculo. Em suas últimas forças ela gritou para João:

Contos De Cornucópia: Vapor & SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora