prólogo

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Ser um cupido não é um trabalho difícil. Eles apenas
precisam acertar as flechas corretas e seguir uma única regra, não interferir na vida dos humanos.

"Ah mas eles atiram as flechas, isso já é interferir."

Suas flechas vão em direção apenas aonde há sentimentos, elas são apenas uma dose de coragem que os humanos precisam.

O tipo de flecha que desperta sentimentos onde não há, foi banida a muito, muito tempo. O Deus do amor tem um certo trauma com elas.

Agora neste exato momento, uma das principais cupidos de Eros estava acima de um predio, bem a frente de uma cafeteria, com a fachada de um verde em tom pastel, havia 5 mesas em frente a cafeteria, porém apenas duas estavam ocupadas, uma por uma mulher com um conjunto de saia e terninho branco, com cabelos curtos de um castanho claro e a outra por um senhorzinho já de idade, aproveitando seu jornal com um café preto.

A moça dos cabelos castanhos estava começando a levantar-se de sua mesa, enquanto isso não muito distante um homem de estatura média e barba rala moldando sua mandíbula marcada, pele negra e olhos cor de mel se aproximava apressado.

Quando a mulher finalmente levantou-se, o homem colidiu com ela fazendo com que todo seu café fosse parar no chão, por pouco sua saia saiu ilesa. A cupido já estava com a flecha pronta, quando os olhos cor de mel encontraram os castanhos da moça a flecha assoviou pelo vento, em cheio.

- Eu... - Ele começou dizendo completamente hipnotizado pela bela moça. - Sinto muito.

- Não tem problema, é o meu segundo expresso da manhã. - a moça riu sem graça.

- Uau, segundo? Eu prefiro chá, é meu elemento crucial para começar o dia. - ele disse sorrindo de orelha a orelha.

- Vamos ter que concordar em discordar, não saberia viver sem meu café e não sou muito fã de chá.

- Pois permita-me pagar um chá para a senhorita, tenho certeza que irá mudar de ideia imediatamente.

- Não acreditaria nisso se fosse você. Aliás, me chamo Lídia. - apresentou-se estendendo a mão

- Daros. - disse simples retribuindo o aperto de Lídia.

"Fácil, fácil."
Pensou a cupido antes de levantar vôo.

Ela sobrevoava a cidade observando casais por todo canto, não precisava se preocupar em ser vista, humanos não tinham capacidade de vê-la, a não ser que quisesse ser vista.

As asas de penas tão claras que seria eufemismo chamar apenas de brancas, batiam de forma constante cortando o vento. O rumo da cupido era sempre o mesmo depois de um dia cheio.
Com o sol quase se pondo, ela sentava em um prédio de frente ao apartamento da única criatura que despertava sua mais indomável curiosidade.

Pela janela conseguia ver que a luz estava acesa, como sempre. A humana não dormia cedo, parecia trabalhar até tarde, mas dessa vez ela estava na banheira, a cupido conseguia sentir sua frustração dali. A mulher de cabelos compridos e castanhos estava coberta de espuma na banheira, só era possível enxergar um pouco do seu colo para cima, isso graças a visão apurada da cupido, ela segurava uma taça de vinho em uma mão, enquanto a outra massageava as têmporas.

Yoko, a cupido, sabia muito bem do porque, a humana tinha ido a um encontro hoje, esse o qual a cupido nem mesmo precisou quebrar ou desviar a flecha, pois o cara perguntou se por ela ser bissexual aceitaria fazer um a três com a ex dele.

A mulher ficou sem palavras e a cupido possessa de raiva, amaldiçoou o fato de suas flechas não terem o poder de ferir.

A mulher que a cupido observava estava começando a se levantar da banheira, foi quando Yoko sentiu um vento atrás de si e se virou imediatamente. Marissa.

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