"Amor em doses excessivas pode ser uma arma letal. Afinal, todo mundo pode trair todo mundo."
Yoko é uma filha de Eros, ou seja, uma cupido. Seu trabalho é dar aos humanos seu par ideal, porém quando acaba se apaixonando por uma humana, passa a sabo...
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Meses depois
POV: Faye Malisorn
Meu cupido me odeia. Não só ele, parece que todas as forças do universo estão trabalhando juntas para fuderem completamente com minha vida.
Não sou, nem me considero uma pessoa supersticiosa, mas há certas coisas que eu me recuso a acreditar que são vitimas do acaso. Como por exemplo estar apresentando a casa dos sonhos para um casal lindo, formado por duas mulheres uma ruiva alta, com sardas e cabelo com ondas grandes, pele translucida de tão clara, e a outra uma cacheada de pele negra de um aspecto dourado, ela era pouco menor que a sua esposa. o problema? Eu estive em um encontro ontem com essa ruiva, nos divertimos, conversamos, trepamos na porra do carro dela e ela se esqueceu de mencionar que era casada.
Filha da puta.
Pelo menos ela tem a decência de se mostrar minimamente constrangida com a situação, ou talvez seja medo de que eu de com a língua nos dentes e conte para sua linda e simpática esposa oque ela anda fazendo quando não esta por perto, a cacheada estava falando sobre como estão felizes de conquistarem a casa própria depois de 6 anos de casadas, oque me mata aos poucos, não por nutrir algum sentimento pela ruiva, apenas acho que sua esposa merecia mais.
— Então, se o imóvel agradou vocês, posso mandar os papeis da compra ainda hoje por e-mail.
Ainda tenho o profissionalismo sempre comigo.
— É incrível, pegamos as chaves agora ou só depois de assinar o contrato?
— Apenas pós contrato. — respondi simples.
A cacheada concordou se dirigindo ate a área de lazer que ela disse a desgraçada da esposa dela, que foi sua parte favorita da casa, me deixando sozinha com sua esposa.
— Escuta Faye eu... — A ruiva tentou se aproximar, porem eu tomei distancia assim que ela deu o primeiro passo. Posso não ter um bom histórico com relacionamentos, mas nunca perdi meu amor próprio e muito menos meu caráter.
— Não. Não de mais um passo. Eu não pretendo falar nada para sua esposa. — ela soltou um breve suspiro de alivio. — Eu espero que ela perceba a mentira que esta vivendo a 6 anos e de um belo chute nessa sua bunda branca. Passar bem.
Com toda a certeza esse foi um dia bem cheio, passei praticamente a tarde com o casal, ate elas decidirem por fim ficar com a casa um pouco distante da cidade, onde havia um pequeno arvoredo atras, que era onde eu me encontrava, precisava respirar um pouco ou iria enlouquecer.
— Você passou na fila dos fracassados amorosamente quantas vezes, Faye Peraya? — Perguntei a mim mesma em um resmungo descontente.
Sinceramente eu não entendia como ela teve coragem de fazer isso com a própria esposa, hoje em dia traição é algo tão normalizado, eu daria tudo para ter alguém com quem dividir partes banais e importantes da vida, alguém que seja meu tanto quanto serei dessa pessoa, alguém que eu me acostume a ver todas as manhas. Mas aparentemente alimentar o próprio ego é mais importante que o amor.
Percebi que havia mergulhado tão profundamente nos meus pensamentos quando notei que já não conseguia avistar a casa que acabei de vender para o casal 10, oque significa que eu andei muito entre os arvoredos, tanto que olhando adiante conseguia enxergar um pequeno lago com uma pequena cachoeira, formada pelas ondas que quebravam entre as grandes rochas que havia perto de uma enorme ravina, havia um pequeno desnível de terra entre mim e o lago, como se fosse uma barreira guardando as aguas.
Estava prestes a me aproximar, quando de repente uma cabeça emergiu do centro do lago, por extinto me escondi atrás do grande tronco da arvore mais próxima de mim. Longos e molhados cabelos negros brilhavam como obsidiana na luz do fim da tarde, a mulher juntou seus longos fios negros revelando suas costas nuas com duas cicatrizes gêmeas nas costas, espera, ela esta nua?
Será que ela sabe que isso pode ser classificado como invasão de propriedade privada e atentado ao pudor?
Bom, não é da minha conta. Pensei, já pronta para me retirar dali, porém minha blusa perdeu em um galho da arvore me fazendo voltar com tudo para trás, não tive tempo de me equilibrar, devido ao pequeno desnível de terra acabei escorregando, um grito agudo de medo escapou da minha garganta, estava me preparando para sair rolando em direção ao lago e a mulher fã de nudismo que havia nele, mas a queda nunca veio, ao em vez disso senti braços finos e incrivelmente fortes atras dos meus joelhos e ao redor da minha cintura.
Então estava cara a cara com um rosto delicado e expressivo, olhas grandes e profundos me analisavam como se estivesse procurando por qualquer ferimento que possa haver no meu corpo, seu nariz pequeno e arrebitado se enrugou e seus lábios bem desenhados formaram uma linha fina ao constatar que havia um pequeno arranhão abaixo do rasgo da minha blusa que estava arruinada, tomei a péssima decisão de descer meus olhos.
Puta merda, ela esta nua, nua e me segurando muito perto do seu corpo.
— Você já pode me soltar. — disse tento um vislumbre de consciência.
ela sorriu de lado antes de dizer. — Você que manda. — então sem mais nem menos, ela me soltou.
minha bunda atingiu o chão em um baque seco, doeu para um caralho.
— Ficou maluca? — Perguntei em um grito, aquela maluca sem roupas me olhou com ceticismo.
— Você quem disse para lhe soltar.
olhei desacreditada para mulher, que diga-se de passagem, ainda estava nua, seus cabelos cobriam seus seios e eu evitava olhar para baixo. Me levantei irritada tentando tirar a terra das minhas roupas com tapinhas.
— Eu deveria denunciar você por andar nua em propriedades privadas.
— Nunca vi ninguém nadar de roupas.
ela só pode ter um parafuso a menos, porque desde que simplesmente me largou no chão não parou de sorrir, ou de me olhar tão intensamente com aqueles olhos negros que fazia parecer que quem estava nua era eu.
— Ainda sim é um crime. — afirmei.
— Disse a mulher que estava me espionando nadar nua, gostou da vista?
senti minhas maças do rosto esquentarem e o sorriso daquela filha da mãe cresceu.
— É diferente, eu não tive a intenção. — Onde eu vim parar meu Deus.
— Eu me senti assediada. — Ela constatou levando a mão ao peito nu fingindo estar ofendida.
— Idiota! — Esbravejei, aquela maluca sem noção estava me tirando do serio.
— Linda. — Ela retrucou.
— Oque? — Agora eu podia acrescentar ao péssimo dia de hoje que uma estranha, maluca e, nua, flertou comigo, maravilha.
ela sorriu caminhando até a beira do lago e pegando um longo vestido branco, com a barra um pouco suja por estar na terra. Eu nem tinha reparado nele ali.
percebendo que aquela louca ja estava indo embora decidi fazer o mesmo, quando me virei sua voz se fez presente.
— Foi bom falar com você, Faye. — Ela pronunciou meu nome de forma suave, como se estivesse saboreando ele na sua língua.
— Como você sabe... — Ao me virar não tinha nem sinal da pequena mulher. — Meu nome.
Um arrepio intenso percorreu minha espinha, então eu decidi que já chega do dia de hoje, eu preciso de um banho de espuma e um vinho.