A despedida de solteiro

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A despedida de solteiro

Os preparativos do casamento já estavam todos alinhados com a organizadora que contratamos. Tema, cores, flores, bolo, protocolos e demais detalhes que Lani tinha feito questão de certificar de cada detalhe me arrastando junta, apesar de que para decoração e bolos eu não tinha lá muito que palpitar.

Só fiz questão de que a cerimónia se fizesse ao ar livre e rodeado de árvores, o resto eu confiei na mão da minha amiga Evanda. Além de amigas, fazia imensos eventos para a minha empresa e tinha plena confiança das suas capacidades. Sabia que tudo estaria perfeito.

A despedia de solteiro tinha sido na quarta-feira, 27 de março. Uma data para esquecer. O casamento estava marcado para o sábado, dia 30. Mas antes precisava falar com Lani.

Ela acabara de chegar a sua casa. Deixou a mala no quarto e encaminhou-se para a cozinha. Além de cansada, estava com fome. Não teve tempo para nada hoje. Entre as últimas provas do vestido, detalhes de maquinagem e penteado e os compromissos de trabalho, o dia decorreu sem ela se dar por isso.

A meio do corredor um perfume familiar a fez deter os seus passos. Os seus olhos buscaram alguém que só pelo cheiro fazia o seu coração bater mias forte. A surpresa veio com um abraço e o aconchego daquele corpo quente, ela nem imaginava que estava com tanta falta!

Enlaçada nos meus braços, respirou fundo, deixando escapar um ar pesado do peito. Imaginei que satisfação de não ter estado à minha espera, soube um tanto quanto melhor ainda.

Sem afastar os nossos corpos, toquei a sua face, desci para o seu pescoço e depois a nuca, senti a sua pele arrepiar e o quanto aquele simples toque tinha alterado a tensão do seu corpo. Ela me encarava nos olhos e descia olhar para minha boca, não demorei muito a saciar a nossas vontades. Segurei a sua nuca e com a oura mão na sua cintura, colei os nossos lábios.

Consegui sentir o seu coração bater encostada no meu peito. O corpo pedia mais e pedi licença com a língua para aprofundar o beijo. Ela não resistiu e cedeu passagem. As nossas línguas tocaram-se e um choque percorreu topo o meu corpo. Um beijo lento e aconchegante, cheio de saudade e as mãos percorriam ao mesmo tempo, braços e costas querendo mais contacto físico.

Todavia detivemo-nos. O combinado era só nos vermos no casamento e tocar-se só na lua de mel. Enceramos o beijo com um selinho e dois olhares carregados de tesão.

«Não esperava ver-te por aqui, não me disseste nada.» - disse ela, respirando fundo e cortando o momento após nos afastarmos um pouco.

«Eu também não contava estar aqui hoje.» - respondi forçando um sorriso.

«Hum... então veio?» - me encarou com uma nítida interrogação no olhar.

«Senti a tua falta, mas não queria ser muito intrusiva, sabia que chegarias tarde e que estarias muito cansada, mas finalmente acabei que não resisti e vim fazer-te uma pequena surpresa...» - hesitei um pouco ao responder. O meu esclarecimento não soou muito convincente.

Lani apenas me olhou. Não disse nada. Se encaminhou para a cozinha me puxando pela mão.

Ela era assim, sempre guardava um ar de mistério sem hipóteses de se supor no que pensava. Mas confesso, isso também me agradava nela. Era uma mulher intrigante.

Eu não poderia contar logo o que me tinha obrigado a deslocar a seu apartamento naquela noite. Iria esperar ao menos que descansasse um pouco e, aí, falaria com ela. Pensava nisso enquanto sentia as suas mãos suaves me guiando, fazendo o meu coração bater descompassadamente.

Logo que entramos na cozinha, sentei-me numa cadeira que estava ao lado da porta, encostada à mesa de jantar. Ela preparava algo para comer enquanto eu pensava nas palavras certas para falar. Seguia os seus movimentos apenas com o olhar.

Véu de tormentoOnde histórias criam vida. Descubra agora