Véu de tormento

O começo

Nossa história começou de forma inesperada, entre as margens do Tejo e o agito do Cais do Sodré. Lani, uma mulher de Cabo Verde, trazia consigo a força de quem já viveu muito em pouco tempo. Viúva, 31 anos, ela havia emigrado para Portugal dois anos antes, buscando uma vida melhor.

Conheci-a no restaurante onde ela trabalhava. Seus olhos, que refletiam tanto a dor quanto a esperança, logo capturaram minha atenção. Aos poucos, fui me aproximando, trocando palavras e sorrisos até que, inevitavelmente, me apaixonei.

Nosso relacionamento durou pouco mais de um mês. Foi um tempo em que tentei ser uma fonte de alegria e apoio para ela, sabendo que sua vida já era difícil o suficiente. Contudo, ela carregava consigo segredos e complicações. Certa noite, confessou que tinha um namorado que estava viajando, mas que voltaria no fim do mês. A revelação me abalou. De repente, o papel que eu desempenhava na sua vida ficou claro: eu era um desvio, um alívio temporário da sua solidão.

Decidi, então, sair da vida de Lani. Não foi uma decisão fácil, pois meus sentimentos por ela eram profundos e sinceros. Mas eu sabia que, por mais que quisesse, não poderia resolver todos os seus problemas, nem competir com um relacionamento preexistente. Ele seria melhor para ela.

Houve momentos em que senti que Lani também gostava de mim, que queria estar ao meu lado. Mas outras vezes, sentia-me inadequado, insuficiente para preencher o vazio que havia nela. A nossa história terminou assim, com um adeus silencioso e a esperança de que, um dia, ela encontrasse a felicidade que tanto buscava.

O fim da nossa relação não foi um fim definitivo. Foi, talvez, o começo de uma nova etapa para ambos. Ela, seguindo sua vida com o namorado que voltava, e eu, aprendendo a lidar com a ausência dela e as lições que nosso breve amor me trouxe. Lani sempre teria um lugar especial nas minhas memórias, como uma lembrança de um amor que, apesar de breve e complicado, foi verdadeiro enquanto durou.