CAPíTULO 4 - Vamos às compras

11 2 2
                                    

Era estranho conversar com alguém como eu conversava com o Carl, com ele eu não precisava ficar medido minhas palavras ou ficar ressentida que ele apenas estava falando comigo por conta de Negan, porque ele não sabia que Negan existia e não sabia nada sobre minha comunidade e como eu era dentro dela.

As pessoas que eu conversava dentro do Santuário falavam por puro medo e talvez no fundo um pouco de respeito, mas nunca porque sentiam a vontade de realmente conversar comigo. Ou normalmente pessoas da minha idade que vinham falar comigo era por interesse esperando que eu fizesse algo para elevar a condição deles de vida.

Então ter um horário definido para falar com o Carl pelo walk-talk foi uma das melhores ideias que eu tive, seria sempre no período da noite próximo a umas 9 horas, por nós já estarmos nos nossos quartos. E foi na conversa de ontem, mesmo que tenhamos passamos algumas horas juntos dois dias trás caminhando na floresta e matando os zumbis que apareciam, que decidimos nos ver hoje depois do meio-dia nos encontraríamos no chalé novamente, e eu tinha planos.

Eu passei a manhã escondendo minha ansiedade para as horas passarem mais rápido, passei quase uma hora do lado de fora do Santuário sentada nos degraus da escada fumando escondida um cigarro e olhando para os zumbis presos na cerca e vendo os salvadores que estavam de vigia fazer piadas entre si.

Almocei com meu pai no seu escritório, já que o mesmo tinha me chamado para conversar sobre o Reino, qual seria a próxima data que eu iria recolher nossas coisas, e uma das cozinheiras trouxe duas bandejas com comida para nós dois. Passei o almoço olhando para o relógio o mais discretamente que eu podia.

— O que tanto olha para esse relógio? — Negan fala tirando minha atenção das horas.

— Nada — bebo um gole de água do copo que a cozinheira trouxe junto.

— Sabe que eu sei quando está mentindo.

— Tenho coisas para fazer — enrolo ele.

— Vai sair? — olho para ele — Não venha dizer que não, ontem você passou o dia no Santuário e no dia anterior a ontem também.

Apenas concordo com a cabeça respondendo à pergunta não querendo dizer mais nada para ele não fazer mais perguntas e Negan entende isso e não diz mais nada e volta a comer e as vezes me lança alguns olhares. Término de comer e me levanto da poltrona de couro indo em direção a porta escuto Negan coçar a garganta.

— Se cuida bolinho — viro meu rosto em sua direção e o vejo me olhando fixamente.

— Eu vou — abro a porta — Não volto tarde — digo antes de fechar a porta o deixando sozinho no escritório.

[...]

Fiquei sentada no chão de madeira da varanda do chalé com meus cotovelos apoiados nos meus joelhos e minhas mãos segurando minha cabeça enquanto esperava Carl chegar.

Não tínhamos falado muito no dia que matamos os zumbis, mas conversamos muito pelo walk-talk esses últimos dois dias, descobri que ele tem uma irmã chamada Judith, mas por mero acaso já que a mesma estava com ele no quarto dormindo, mas acordou assustada e quis saber com quem ele tanto falava. Ela ficou encantada comigo e não queria mais deixar Carl falar, queria passar a noite conversando comigo com seu diálogo de criança que só ela e Carl entendiam, mas Carl convenceu a mesma a dormir e em seguida me deu boa noite e desligou. Devo ter ficado alguns minutos depois que ele desligou o walk-talk sorrindo feliz que finalmente eu tinha um amigo de verdade sem ser meu pai.

Escuto os passos de Carl antes mesmo de vê-lo, ele aparece entre as árvores a minha esquerda, mesmo lugar que ele sempre aparece. Me levanto e cruzo os braços esperando-o chegar próximo de mim, vejo que ele tinha a respiração ofegante e alguns fios de seu cabeço estavam grudados no seu rosto.

Pouco TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora