Lilac Sky

Company

25 de Setembro 11:15h - Castiel

"Essas coisas acontecem o tempo todo" No que raio estava a pensar quando disse isso?
Entrei em pânico... Eu, a pessoa mais descontraída de sempre, entrei em pânico com medo de ouvir an Aria dizer que foi um erro. Que a noite mais intensa dos últimos tempos foi um erro.
E agora disse a pior merda de sempre.
Para ajudar, pedi para ela falar do caralho do namorado dela.
Boa jogada, Castiel.

"Com que frequência é que você vem aqui?" Ela pergunta assim que entramos na biblioteca.

"Nunca, foda-se." Apesar da frase ser natural para mim, a risada que ela dá, faz-me corar. Corar, foda-se.

"É alérgico a livros?" Franze a sobrancelha. A biblioteca está quase vazia, menos por alguns garotos, que não disfarçam o olhar deles para a Ária. Sinto-me a ferver por dentro, fica difícil controlar a vontade de arrancar a cabeça deles. A verdade é, ela é linda. A mulher mais bonita que alguma vez vi, entendo o motivo de todo mundo olhar para ela, em qualquer lugar. Mas, odeio isso.

"Não gosto de ler. A única coisa que eu leio são críticas sobre a banda." Digo, relembrando da merda da crítica que pode muito bem destruir a minha carreira para sempre. A expressão dela muda, como se ficasse nervosa. Será que ela leu?

"Você... leu a crítica que escreveram sobre nós?" Pergunto, por fim.

"E-Eu... escreveram um crítica sobre a vossa banda?" Ela franze as sobrancelhas e a voz dela é trémula. Ela não leu? Pensei que isso era quase impossível. Está circulando por todo lado.

"Sim. A Rolling Stone publicou há uns dias atrás. Aparentemente, já está circulando na internet." Franzo as sobrancelhas. Confesso que o facto da Aria não saber me dá uma certa esperança.

"Uau... A Rolling Stone? Isso é incrível." Um sorriso confuso aparece no rosto dela. É, seria incrível. A oportunidade de uma vida... ou o fim de uma carreira.

"Seria incrível, senão tivessem escrito um artigo a criticar o vocalista." Digo, dando de ombros.

"Oh..." Pensei, por momentos, que ela não diria mais nada.

"Lamento. Eu sei que você se esforçou muito para chegar onde chegou. Espero que isto não signifique nada de mal para vocês." E com essas palavras, o meu coração amoleceu. São palavras tão simples, mas que ninguém me tinha dito. Nem a minha namorada. Nem os meus pais. As pessoas que deveriam de me apoiar. E essa garota em dois segundos faz aquilo que eles não fizeram em vinte e três anos.

"A pessoa que escreveu a crítica limitou-se a criticar o meu trabalho, não o dos meus colegas. Pode ser que eles consigam se safar. Quanto a mim, vamos apenas esperar que os fãs consigam abafar essas notícias." Dou de ombros. O olhar dela pousa no meu durante alguns segundos, como se quisesse me confortar de outra maneira. Era quase como se estivesse me pedindo desculpa, mas a culpa não é dela. É desse crítico de merda.

"Vai correr tudo bem, Castiel. Confie no seu trabalho, nos seus fãs. São só opiniões. Quem quer saber se estão na merda de uma revista. O seu trabalho está pelo mundo todo." Sorrio com a tentativa de consolo dela.

"Tudo bem, garotinha. Vou fazer questão de tornar a vida daquele crítico num inferno, assim que descobrir quem é ele." Posso sentir ela estremecer. O olhar dela mudou.

"Você consegue descobrir?" O rosto dela ficou pálido. De repente parece que o ar entre nós mudou.

"Tenho os meus contactos." Respondi. A verdade, é que nem sei se os meus contactos me conseguem ajudar. A Rolling Stone não é uma revista qualquer. Existem motivos para ser tão conceituada e importante. Qualquer coisa que apareça na revista é considerada lei e um facto. Além disso, é extremamente segura e com políticas de segurança bastante difíceis de corromper. Faz questão de proteger bem os escritores contra possíveis fãs malucos e estrelas de rock revoltadas, para evitar... acidentes. Ainda assim, tentei parecer mais relaxado do que aquilo que estou. A reação dela é que me está incomodando mais. Foi como se ela soubesse algo. Mas não pode ser. Isso é todo o meu stress se unindo contra mim. Ela desviou os seus olhos verdes do meu e por segundos desejei que nunca o tivesse feito.