we're not alike

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10 de Outubro 20:45h - Castiel

Houve poucos momentos, até o dia de hoje, em que me senti provocado. Uma das minhas maiores qualidades é ter ideias fixas e deixar que poucas coisas me afetem. Essa crítica mostrou-me que sou muito protetor do meu sonho, das minhas prioridades. Além disso, não sou fácil de magoar, nunca fui. Aprendi com os meus pais que as maiores desilusões vêm das pessoas que mais gostamos, mas nada me preparou para isso.

Para ver o rosto dela entrar pela porta.

Foda-se, Aria.

Eu confiei nela. Eu levei-a para minha casa, contei coisas pessoais, eu... foda-se!

Como é que é que ela? Isso é alguma piada? Foi por isso que ela ficou tão chateada quando conversamos sobre isso no meu apartamento.

Tudo faz sentido... A forma como ela estava tão concentrada no nosso concerto. Não era porque estava hipnotizada por mim, como eu por ela. Ela estava nos avaliando. Que patético. Eu sou tão patético. Baixei a guarda para uma garota que mal me conhecia e isso quase custou a minha carreira.

As aulas de música em que ela se queria inscrever, caralho, ela própria disse que era escritora. Apenas se esqueceu do pequeno pormenor. O pormenor que me faria vê-la de outra forma.

Mas, pensando nisso tudo, o que mais me magoa, o que mais me... deixa fodido, realmente fodido é o facto dela ter fingido não saber sobre a critica. Ela ficou ali, olhou bem no fundo dos meus olhos e mentiu. Vezes sem conta, sem algum remorso, sem sequer pestanejar. Uma ótima atriz em quem eu confiei e pensei que podíamos ser amigos, alguma coisa.

Por momentos, mesmo que fosse pouco realista, eu pensei que podíamos ser algo. Eu sentia dentro de mim que ela era especial. A forma como ela se comportava, algo nela me atraía de uma maneira que nunca senti na minha vida e achei que fosse mútuo. Eu duvidei da minha relação com a Debrah por causa desta garota e ela esteve jogando contra mim o tempo todo.

Ela foi o meu inimigo este tempo todo e eu não sabia.

Exceto agora que sei quem ele é.

Mesmo acendendo um cigarro, não consigo parar de tremer.

"Castiel." A voz do Gabin faz com que tire os olhos do chão. Ele dá um pequeno passo para trás quando olho para ele. Provavelmente, não estava à espera de me ver com os olhos tão vermelhos. Eu não chorei, pois não? Acho que não, enfim.

"Essa garota, é a garota do concerto?" Ele pergunta, encostando na parede ao meu lado. Eu não digo nada.

"Lamento, cara." A mão dele pousa no meu ombro por poucos segundos.

"Mas, ela está aqui para ajudar agora. Isso deve querer dizer alguma coisa." Ele diz e o meu sangue ferve na hora. Eu sei que ele está tentando ajudar, eu entendo. Mas, não. Eles não sabem como ela é, o quão calculista e fria ela pode ser.

"Não seja ingénuo, Gabin. Ela está aqui por benefício próprio." Estou a tremer mais.

"Eu não..." Não o deixo terminar.

"Vamos acabar com isso rápido." Apago o cigarro na parede subo de volta para o estúdio, o Gabin vem atrás de mim.

10 de Outubro 21:00h - Aria

"O prazer é meu. Espero que não fique desconfortável." O James aperta a minha mão num cumprimento educado e eu assinto. Já estou desconfortável. O olhar no rosto dele foi demasiado doloroso, até para mim.

Achei que iria suportar. Achei que todas as coisas que ele disse no apartamento fossem suficientes para me fazer não sentir o que senti neste momento. Mas, estava enganada.

Lilac SkyOnde histórias criam vida. Descubra agora