𝟎𝟎𝟏. 𝖽𝖺𝖽𝖽𝗒'𝗌 𝖽𝖾𝖺𝗍𝗁

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𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐔𝐌
𝟐𝟎𝟏𝟗
𝗆𝗈𝗋𝗍𝖾 𝖽𝗈 𝗉𝖺𝗉𝖺𝗂

𝐍𝐔́𝐌𝐄𝐑𝐎 𝐙𝐄𝐑𝐎, era sua identidade, o nome que seu pai a chamava, e por muito tempo, era o que a definiu

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𝐍𝐔́𝐌𝐄𝐑𝐎 𝐙𝐄𝐑𝐎, era sua identidade, o nome que seu pai a chamava, e por muito tempo, era o que a definiu. Seus fracassos eram sempre um lembrete de que ela nasceu para eles, era ninguém, um nada, um zero muito redondo.

E sua primeira conquista de verdade foi seu trabalho, já que foi a única coisa que conquistou por si própria. Todos seus namorados a namoraram por ser famosa, seu amigos a mesma coisa.

Mas para sua sorte, o mundo já estava quase esquecendo de quem era. Afinal, não quis seguir uma carreira que a daria atenção, como Allison, ou escrever um livro, como Vanya, e até mesmo de Five, que mesmo desaparecido a 15 anos, ainda existiam pessoas que postavam sobre teorias de conspiração sobre o que aconteceu com o menino.

Seu trabalho era simples, mas era o que amava. Ser jornalista era sua vida, suas fotos, suas matérias, isso era paixão para ela.

E por muito tempo a manteve feliz. Menos em abril de 2019, que foi a primeira vez que sentiu mal por trabalhar em um jornal.

- Hope? O diretor tem uma matéria para você mas não acho que vai querer escrever... - falou encolhido fazendo a menina estranhar.

- O que foi, Elijah? - chamou seu colega de trabalho, percebendo seu comportamento.

- É sobre seu pai, Hope - falou esperando que ela entendesse.

- O que tem meu pai? - perguntou confusa.

- Ele faleceu hoje.. Você não ficou sabendo? - perguntou com pena em seus olhos.

- Não. Não fiquei - riu seca - Mas faço o papel mesmo assim - falou estendendo a mão para ele a dar a pasta com as informações.

- Certeza? - disse e a menina apenas assentiu, fria.

E ela escreveu uma das melhores matérias que tinha escrito, com raiva, e com lágrimas guardadas que não deixava escorrer.

Tudo que pensava era que aquele homem não merecia nem um pingo de sua atenção, nem suas emoções. Mas o que podia fazer, era boa em sua profissão, e quando concentrava todos seus sentimentos em seus trabalhos, ficavam perfeitos.

E assim, postou, já recebendo um email de Pogo, a pedindo para ir no funeral de seu pai, no dia seguinte pela manhã, e tudo que fez foi grunhir.

Não queria ver seu pai nunca mais, vivo ou morto, mas iria por consideração, afinal, continuava tendo um espaço em seu coração, mesmo que fosse menor do que os problemas que seu pai deixou em cabeça.

E foi isso que fez, sem conseguir dormir, trocou de roupa, e pegou um taxi, indo para o lugar onde cresceu.

Onde tinha uma relação de amor e ódio com aquela casa, e assim que chegou, viu Vanya entrando na casa e respirou fundo em seu assento.

Por sua cabeça não sair de seu pai, não tinha percebido que seus irmãos iriam estar ali também, não tinha nem lembrado que ela tinha irmãos.

E por uns minutos, ela ficou hesitante de entrar, tinha se passado tanto tempo que não via eles, que não quis reviver todas suas memórias.

- Ei! Você vai sair ou não vai? - perguntou o motorista a olhando e ela rapidamente se desculpou e saiu do carro.

Assim que olhou para a porta de sua antiga casa, tudo que via era ela criança, correndo por ali, junto com seus irmãos, que chamava de melhores amigos.

E tudo piorou assim que entrou, todos os móveis, todos os objetos, continuavam iguais, tudo, era como se seu pai nem morasse ali mais depois que eles saíram de casa.

- Hope? - Vanya apareceu do fundo da casa com um sorriso pequeno.

- Ei Vanya - falou baixo, não reconhecendo o som de sua própria voz, e andou até a mais baixa para a dar um abraço.

Elas não eram próximas, nunca foram, sempre que tentava conversar com a mesma, seu pai gritava que tinha coisas mais importantes para fazer do que falar. Como treinar seus poderes, e pensando neles, ela lembrou que faziam anos que não os usava.

- Vanya, Hope - falou uma voz de cima e as duas se viraram para ver Allison.

- Alli - sorriu Hope, indo a abraçar também. Hope não era próxima dela, mas eram colegas com memórias felizes, e isso faziam elas se tratarem com carinho.

- O que ela tá fazendo aqui? - falou uma voz, que Hope nunca esqueceria, e fechou os olhos por um momento, não querendo lembrar seu cheiro, suas características, seus olhos. Ah, os olhos que tanto admirava.

Mas se virou, se deparando com Diego, o homem que tentou esquecer por tanto tempo, e agora que o esqueceu, parece que seu cérebro a fez reviver tudo.

Diego também não esperava que ela fosse vir, conseguia-se ver pela sua postura, seus olhos levemente arregalados pela surpresa, e sua boca entre-aberta.

- Deixa de ser babaca - falou Hope com arrogância. não se importando de ser grossa.

- É, não faz isso, não hoje - falou Allison o repreendendo pelo olhar.

E parece que Diego despertou de sua mente, e olhou para Hope mais uma vez, antes de subir as escadas calado.

Com a menina seguindo seus passos com o olhar, e quando se virou, viu Allison com um olhar de pena. Todos sabiam o que tinha acontecido entre eles, todos sabiam de como viraram melhores amigos para desconhecidos.

E era triste. Era triste ver seu olhar depois de 13 anos, era triste ver seu rosto depois da ultima vez, e era mais triste ainda não o abraçar, quando tudo que queria mais era seu contato.

Seu calor a aquecendo, seus braços a apertando, fazendo ela se sentir em casa.

Casa, era uma palavra interessante, já que não era um lugar para ela, era uma pessoa, uma pessoa que não a conhecia, e que ela não conhecia de volta.

Era tudo que ela menos queria, ver seu pai, e ver sua pior memória, os dois no mesmo dia. E com esse pensamento, ela suspirou pensando que o dia seria longo.

𝐙𝐄𝐑𝐎 ᵈⁱᵉᵍᵒ ʰᵃʳᵍʳᵉᵉᵛᵉˢ Onde histórias criam vida. Descubra agora