→PRIMEIRO LIVRO!
Em Thalador, um reino marcado pelas cicatrizes da lendária Batalha dos Syndarion, os ventos gelados carregam mais do que o frio: eles trazem ecos de um passado que se recusa a morrer. Há 300 anos, os mestres da água e seus glaciais...
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As manhãs em Frosthaven têm um charme peculiar.
A luz do amanhecer começa a infiltrar-se pelas fendas das rochas, revelando um mundo coberto por uma fina camada de neve que brilha como cristal. O frio intenso e cortante é o que torna a paisagem mágica; um reino de gelo onde cada floco parece dançar em um balé silencioso. O céu é uma tapeçaria de azul profundo, emoldurado por picos de gelo e nuvens brancas como algodão. Caminhar para a caverna onde Thalindra repousa é um ritual que me proporciona um conforto estranho e profundo. A neve sob meus pés é uma sinfonia de estalos suaves, um som que eu já comecei a considerar quase familiar.
Draconia, a caverna ancestral dos Glacithor, onde dragões de gelo uma vez moraram e botaram os seus ovos, agora repousa em um silêncio profundo e pesado. Há trezentos anos, este lugar era um centro de poder, onde os dragões elegantes e imponentes reinavam sobre o frio imutável. Seus rugidos ecoavam pelas paredes de cristal, e suas asas batiam como trovões no céu gelado. Mas agora, a caverna está vazia, preenchida apenas pelo eco de um passado distante e pelo vento cortante que serpenteia pelas grutas geladas. Dentro de Draconia, entre as rochas de gelo e as cavernas sagradas, o peso de um legado ainda permanece, marcado nas profundezas de cada estalactite e estalagmite. É uma presença, um fardo que nunca se dissipa.
E agora, estou aqui, no coração dessa caverna sombria, entre as ruínas do que um dia foi um império de poder incomensurável. O desejo de Thalindra pela restauração dos Syndarions e o renascimento de nossa grandeza tornam Draconia, mais do que um refúgio, o alicerce sobre o qual estou prestes a reconstruir o poder perdido.
Ao entrar na caverna, a luz etérea que emana das paredes de gelo reflete-se em padrões hipnotizantes, dançando suavemente ao meu redor, envolvendo-me em uma aura de tranquilidade. Cada fragmento de cristal brilha com uma serenidade que parece acolher minha alma, afastando por um momento o turbilhão de emoções que me consome. Thalindra, repousa em meio ao brilho frio, é o contraste perfeito, como uma presença reconfortante que traz equilíbrio ao caos que sinto por dentro. Enquanto as estrelas fora da caverna brilham com intensidade, aqui, neste refúgio gelado, encontro a paz que tanto necessito para reunir forças, para enfrentar os desafios sombrios que estão por vir.
— Arathil, daeth frendin (bom dia, minha amiga). — murmuro em Eldaric, minha voz quase um sussurro, absorvido pelo silêncio reverente da caverna. Ao tocar as escamas de Thalindra, o gelo se espalha pela minha pele, um contraste agudo com o calor reconfortante que sinto emanando dela, como se a conexão entre nós fosse uma ponte entre mundos. Sinto a vibração das batidas de seu coração através de suas escamas e um calor invisível que emana de sua presença. — Ael lirath do varon saer en orol, an ael varon saer naer oron retha. Varith saer do futuro ael varon es (Sinto que estamos cada vez mais próximas de algo grande, mas também mais distantes de nossas antigas certezas. O que será que o futuro nos reserva)?
Enquanto inicio o treinamento, uma sensação inquietante paira no ar, como se algo estivesse prestes a romper a superfície. Tento me concentrar em transformar a umidade ao meu redor em esferas de gelo, mas as formas não se solidificam como deveriam. Em vez disso, desfazem-se em fragmentos, caindo ao chão como um reflexo das minhas próprias fragilidades. A frustração começa a crescer dentro de mim, e, em um acesso de impaciência, golpeio a superfície da água congelada. O impacto cria pequenas rachaduras, que se espalham como fissuras em minha confiança, uma lembrança cruel da minha própria vulnerabilidade.