**Capítulo 5: Cores Apagadas e Conexões Silenciosas**

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Yoko acordou com um leve formigamento nos dedos e uma sensação estranha em seu peito.

O sol ainda filtrava suas luzes suaves pela janela do hospital, mas algo não estava certo.

O estômago girava, e uma fraqueza inesperada tomou conta de suas pernas.

Com um suspiro resignado, ela seguiu o ritual diário: respirar fundo e sorrir para o diário que a esperava ao lado da cama. Mas em vez de abrir suas páginas com entusiasmo, limitou-se a observar as palavras que pareciam querer dançar longe de seu entendimento.

"Que dia estranho" — murmurou para si mesma, tentando ignorar a sensação de mal-estar que a acompanhava.

O cheiro do café que entrava pelo corredor parecia aguçar ainda mais seu estômago. Assim, quando uma enfermeira entrou com uma bandeja, Yoko teve certeza de que não conseguiria consumir nada. A comida parecia mais um eco do seu desânimo do que um almejado almoço.

"Bom dia, Yoko! Como você está se sentindo?" — perguntou a enfermeira com um sorriso simpático e um olhar compreensivo.

Yoko forçou um sorriso.

Não queria preocupar mais ninguém.

A verdade era que ela estava tentando suportar mais uma rodada de tratamento, uma rotina que, a cada dia, a deixava um pouco mais cansada.

A enfermeira deixou a bandeja, seus olhos encontrando os de Yoko por um segundo, e então saiu, deixando-a com seus pensamentos.

“Só uma queda de pressão”, pensou Yoko, repetindo esse mantra como um feitiço.

Com um sobressalto, lembrou das tintas que esperavam por ela. E, mesmo sentindo-se fraca, começou a preparar seu espírito para mais uma sessão de pintura, onde talvez conseguisse escapar. Só que, quando pegou os pincéis, seu corpo não a acompanhou, e seus olhos começaram a pesar.

Depois de alguns minutos, Yoko decidiu que precisava de um pouco de ar fresco e saiu com a ajuda de seu quarto, que parecia estar a sufocando.

Ao caminhar lentamente em direção ao terraço, sentiu uma onda de cansaço e precisou se apoiar na parede.

Foi quando um barulho de passos a fez voltar à realidade.

Faye havia chegado ao hospital.

Yoko era uma mistura de alegria e apreensão, pois lembrou-se de que Faye não sabia que ela era uma paciente ali.

Seu coração bateu mais rápido ao imaginar a reação da garota ao descobrir a verdade sobre seu estado.

No entanto, assim que Faye chegou ao terraço, percebeu que Yoko ainda não estava lá.

Seu olhar de busca fez Yoko sentir um leve aperto no coração.

Apenas mais alguns momentos, e ela se esgotou à ideia de que poderia encontrar Yoko em qualquer lugar.

Com um suspiro, Faye virou-se para ir ao quarto da "amiga".

"Yoko?" — Faye bateu na porta, seu tom um misto de esperança e preocupação.

“Você está aí?”

"Ah, Faye!" — Yoko respondeu entre o esforço e a animação que ainda conseguia reunir.

“Eu… estou aqui. Entre! Estou bem, só tive uma queda de pressão.”

A porta se abriu lentamente e, mesmo com a expressão de preocupação no rosto, Faye não pôde deixar de notar as cores que o quarto carregava. As telas de Yoko cobriam as paredes, pinceladas de vida em meio ao branco estéril.

"Você não parece bem" — observou Faye, seus olhos atravessando o interior do quarto. — "O que aconteceu?"

Yoko hesitou, buscando as palavras certas.

“Só estou um pouco cansada, nada demais. Você sabe como é… O hospital às vezes faz com que me sinta assim. Mas realmente, estou bem!”

Faye cruzou os braços, olhando com desconfiança.

“Você realmente não parece. Não é só cansaço, é sério?”

Yoko deu um sorriso tímido, esforçando-se para aparentar leviana.

“É só um dia ruim, Faye. eu prometo que vai passar. Que tal você se sentar aqui um pouquinho?”

Faye hesitou, mordendo o lábio, a luta interna evidente em seu rosto. Mas então, ao ver a fragilidade de Yoko, sentou-se na borda da cama.

"Tudo bem" — disse Faye, baixando a cabeça como se tentasse afastar a tensão.

"Então, o que você tem feito? Além de se sentir mal."

"Ah, você sabe… Pintura, sempre!" — Yoko respondeu, sua paixão começando a brilhar nos olhos.

“Ontem, pintei algo lindo, uma flor vermelha brilhante! Queria que você visse. Está… bem, está ali no canto.”

Faye deu uma olhada ao redor, notando a tela que se destacava entre as outras.

“Você é realmente talentosa, Yoko. Como consegue ver beleza em tudo isso?”

"A vida é uma tela vasta, cheia de mensagens, mesmo nas dificuldades" — Yoko disse, tentando manter a conversa em um tom leve.

“Normalmente eu encontraria a esperança em tudo isso. Mas, hoje… é um pouco mais difícil do que eu gostaria.”

Faye olhou nos olhos da "amiga", percebendo a vulnerabilidade que Yoko tentava esconder.

O silêncio caiu entre elas, com o ruído distante do hospital preenchendo o espaço.

"Posso ficar aqui mais alguns minutos?" — Faye finalmente perguntou, sua voz suavizando.

Yoko sorriu, aliviada.

“Claro! Eu adoraria!”

Faye permaneceu sentada, mesmo enquanto Yoko se entregava ao cansaço e começava a adormecer.

Com um cuidado palpável, Faye puxou um cobertor sobre a "amiga", observando-a com a ternura que acreditava não ser digna.

Yoko estava, de fato, linda mesmo em momentos de fraqueza, e aquelas pinceladas de vida que Yoko criava não eram apenas tinta, mas sentimentos que poderiam impactar não só o canvas, mas o coração de quem olhasse.

Enquanto Yoko dormia, Faye se permitiu observar o rosto sereno de sua "amiga", respirando fundo pela primeira vez em muito tempo.

Ela nunca havia se permitido aproximar-se, mas ali, neste momento silencioso e íntimo, entendeu que havia um pouco de cor em sua vida que permanecia escura. E, pela primeira vez, pensou que quem sabe fosse hora de deixar um pouco dessa escuridão de lado.

Ao perceber que Yoko adormecera, Faye deu um último olhar antes de deixar o quarto, uma fundação silenciosa sendo construída a cada dia que passava com aquela pintora extraordinária. Portanto, ao se afastar, Faye fez uma promessa a si mesma: não se afastar apenas na intenção de se proteger, mas de permitir-se viver, mesmo que isso significasse se abrir para as cores de Yoko.

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