II- Lealdade

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DIAS ATUAIS:

Dentro do distrito vermelho, no bordel mais requintado dentre todos de Konoha, em uma casa isolada, em uma ala onde os clientes não iam, separada para a moradia das pessoas que administraram aquele lugar, uma garotinha de cinco anos de idade, se encontrava encolhida em cima de uma cama luxuosa, sua barriga roncava de fome, era de madrugada, o bordel estava cheio, era possível escutar alguns gemidos que vinham das alas de prazer.

Esse não era exatamente o que estava a impedindo de ir buscar comida, mas sim os sons específicos que vinham da sala que tinha na frente de seu quarto, os sons obscenos e os gemidos, que tinha certeza que nenhuma criança da sua idade deveria estar escutando.

Provavelmente era sua mãe que estava acompanhada, seus pais, por mais que sejam casados, tinham uma visão distorcida do que era amor, eles diziam que eram almas gêmeas, não que ela acreditasse nisso.

Eles sempre ficavam com outras pessoas, não se importavam se ela visse, eles sempre brigavam por isso depois, mas nunca paravam, as vezes Sakura tinha a sensação de que só estavam juntos por conta dos negócios da família.

A visão de amor que tinham era tão distorcida e psicótica que as vezes forçavam ela a vê-los fazendo sexo com outras pessoas para lhe "dar uma lição", até que ela conseguisse escapar.

Seus pais não eram boas pessoas, e Sakura sabia disso melhor que ninguém.

Por conta disso, a garotinha de cabelo rosa criou um certo repudio por qualquer toque físico ou relações românticas, usando sempre roupas largas e que cobrissem todo o corpo, sempre evitando interagir se não fosse extremamente necessário.

Mas isso não importa agora, ela estava com fome e não iria conseguir dormir tão cedo, não comia já tinha um tempo, sua barriga roncava e doía, se conseguisse aguentar até de manha, provavelmente uma das garotas lhe traria algo para comer, mas não dava, sentia que ia desmaiar, sua garganta estava seca.

Ficou quieta até que os barulhos na sala parassem  completamente, deveriam estar dormindo, esperou um pouco e decidiu que sairia para pegar comida e agua.

Abriu a porta lentamente, o cheiro forte no cômodo a incomodou, mas decidiu ignorar isso, passou direto pela sala sem reparar muito nas duas mulheres nuas no sofá, foi rapidamente até a cozinha, abriu a geladeira e pegou uma grande garrafa de agua, fechou a porta com cuidado para não fazer barulho e passou para a despensa, pegou alguns pacotes de bolacha e novamente fechou a porta com cuidado.

Quando voltou novamente para a sala, encontrou a acompanhante de sua mãe a encarando.

Ela travou, com uma cara assustada, estava totalmente estática. 

A mulher, de pele bronzeada e um longo cabelo preto que desciam em cascatas por seu tronco nu, ela era realmente bela, poderia ser compara com as princesas dos seus contos de fada, exceto por seus olhos, que era em um lindo tom dourado que pareciam grandes perolas de ouro. A morena  levou a mão lentamente até os lábios e sinalizou silencio.

Sua mãe certamente acordaria logo.

A mulher acenou cumplice para ela voltar ao quarto, o que a rosada fez rapidamente agradecendo a moça.

O clã Haruno, por mais defeitos que tivesse era um clã leal, onde para sobreviver se tinha que cumprir três principais regras:

A primeira, nunca tire nada que é do outro.

A segunda, o que acontece no Distrito Vermelho, fica no Distrito Vermelho.

E a terceira, nunca machuque um dos seus.

Existem outras regras, mas essas eram as principais.

Agora dentro do quarto, Sakura sentia seu coração acelerado, o medo de que sua mãe acordar e a obrigar a fazer aquilo de novo.

Não era surpresa para ninguém que estava a sua volta o quanto seus pais eram negligentes, ela sabia que eles sabiam, mas ninguém fazia nada, com medo de si próprios forem parar no lugar da pequena garotinha, que sempre tinha alguns hematomas pelo corpo.

Quando conseguiu se acalmar, seu estômago doeu, como se em protesto por deixá-lo tanto tempo sofrendo, sentia como se algumas agulhas lhe perfurassem no abdômen, parecia que não conseguiria se manter em pé por mais de alguns segundos.

A rosada se jogou no chão, se arrependendo logo em seguida, agora além de seu estômago, seus joelhos também doíam.

Tentando não se importar tanto com a dor, começou a devorar o pacote de bolachas secas, enfiando de duas em duas na boca até que se engasgasse e tivesse que dar alguns goles de água para voltar a respirar.

Quando acabou com o pacote inteiro sentiu seu peito doendo, talvez devesse ter comido mais devagar, mas agora não tinha tempo para se preocupar com isso, seu corpo estava inteiro em protesto.

Não dormia a mais de vinte horas, estava, além da fome e da sede, com sono.

Exausta.

Se arrastou até a cama, teve tempo somente de se enrolar no lençol antes que seus olhos a traissem e a levasse para um mundo distante.





be continued...




Distrito Vermelho- Sakura HarunoOnde histórias criam vida. Descubra agora