Darcy está em tratamento psicológico por conta da fobia social. Sua psicóloga a está incentivando a fazer alguma atividade em grupo. Encarando o desafio, Darcy vai trabalhar no jardim botânico, onde conhece uma pessoa que vai mudar sua vida.
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Quando saímos do elevador, já ouço o som de Pingo, nosso pastor alemão, correndo em direção à porta. Assim que minha mãe a abre, ele pula sobre ela. E digamos que isso geralmente causa acidentes por conta do tamanho de Pingo. Agora não foi diferente. Minha mãe cai sentada no chão e tem todo o seu rosto lambido.
- Aaa, sai, Pingo! - Mamãe berra empurrando o cão pra longe - Droga de cachorro babão!
Eu a ajudo a se levantar e pegar as compras do chão. Mamãe entra e eu puxo Pingo para dentro de casa e fecho a porta nas minhas costas. E cá estamos nós, de volta ao lar da família Azambuja. O lugar onde vivo com minhas mães, meu irmão, Júnior, Pingo e minha gata, Juno.
- Amor, chegamos! - Mamãe diz largando as compras sobre o balcão da cozinha.
A cabeça de mamis aparece na ponta do corredor dos quartos e, como sempre, tem um sorriso nos lábios. Ela rodopia até nós e dá um selinho em mamãe. A meu ver, minhas mães são o casal mais lindo de todos. Antes, eu dizia isso do meu pai e da minha mãe, mas ele já não tá mais aqui pra isso. Mamãe e mamis se conheceram na época da faculdade e continuaram amigas depois de se formarem. Quando meu pai morreu, mamis deu muito apoio à nossa família. Dois anos depois, minha mãe anunciou que elas estavam namorando. Eu e Júnior amamos a ideia de ter uma madrasta tão legal. No mesmo ano, elas se casaram e foi a coisa mais linda de todas. A partir daquele dia, eu comecei a chama-lá de mamis. Meu irmão curtiu e aderiu também. Desde então temos sido uma família incrível.
De repente, sou tirada de meus pensamentos e envolvida em um abraço quente e apertado. Os abraços de mamis são os melhores. A abraço de volta e rio. Ela me solta e bagunça meus cabelos.
- Vocês chegaram bem na hora! Eu acabei de perceber que não tinha queijo pra lasanha. - Mamis vasculha as sacolas de compras.
- É, eu tinha visto hoje de manhã que tinha acabado. Daí pus na lista de compras - Minha mãe fala enquanto começa a guardar as compras.
Fico parada na porta de casa observando minhas mães se movimentando pela cozinha. Elas realmente são uma ótima dupla. Depois de um tempo, resolvo ir para meu quarto. Ando pelo corredor dos quartos passando o dedo na parede de forma distraída. Meus pensamentos se concentram na consulta de hoje. Será mesmo que essa ideia toda vai dar certo?
Chego no meu quarto e encaro a porta por um momento. Uma plaquinha com os dizeres "quarto de Darcy, favor bater antes de entrar " e alguns adesivos de sapos, tartarugas e estrelas. Eu mesma que pus tudo aí. Gosto que minhas coisas tenham a minha cara. Abro a porta depois de suspirar e balançar a cabeça na tentativa de afastar os pensamentos. Entro no quarto, mas não ligo a luz. Vou direto até a escrivaninha e ligo a luz do abajur amarelo. Largo minha mochila no chão. Me espreguiço e olho em volta por um instante. Tudo está como eu havia deixado. Parece que Júnior não veio aqui procurando cola quente ou um carregador. Ele sempre faz uma baita baderna.
