tensão em família

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Desde que Eris se declarou para mim eu estive leve como uma pluma, sorrindo feito uma pessoa bêbada e rindo até do vento. Senti um leve constrangimento ao explicá-lo que, por acreditar que meus sentimentos não eram e nunca seriam correspondidos, tentei evitar pensar nele e foi por isso que saí com Anthony. Ele não demonstrou ciúmes e nenhum tipo de irritação enquanto eu falava sobre isso, mas chegou a rir quando falei que Anthony não tinha 1% do bom gosto que eu tinha para comida, filmes, música e todo o resto.

No sábado fiz chamada de vídeo com minha família para contar tudo o que tinha acontecido, me lembrando um pouco de quando fiz a chamada de vídeo para anunciar que Eris tinha me contratado.

— Eu sabia que ele gostava de você. — Vanessa falou enquanto se aproximava da câmera.

— Sabia?

— Era óbvio, dava pra perceber só pelo jeito que ele ficava te olhando.

— Sério mesmo?

— É claro! Não é, vó? — Minha avó concordou ao longe. — Ai Tereza, você não sabe nada sobre os homens.

Ela estava certa, eu não sabia nada sobre os homens. Mas também não sabia nada sobre Eris. Tudo o que sabia era que ele gosta de viajar para fora do país, tem um gato de estimação, gosta de correr e o principal — e o melhor de tudo! — Era completamente apaixonado por mim.

Mas eu não sabia sobre sua vida pessoal, não sabia nada sobre sua família, sobre seu gosto musical, se tinha uma música favorita ou um programa de tv favorito.

Nós já tínhamos dado o primeiro passo juntos, colocando as cartas na mesa e sendo transparentes um com o outro, mas agora eu precisava descobrir do que ele gostava e não gostava.

Por isso, na segunda de manhã eu fiz uma lista na padaria de Fabi de coisas que perguntaria enquanto contava toda a história pra ela.

— Isso tudo foi tão romântico. — Ela estava boquiaberta.

— Sim. — Sorrio mais uma vez.

— Amiga, o Eris não vai precisar da sua ajuda agora?

— Como assim?

— Tem uns cinco minutos que o dono daquele carro entrou no consultório. — Eu não tinha visto pois estava de costas pra rua. Me virei e estreitei o olhar.

— Não tem ninguém marcado para agora… espera… eu conheço esse…

Aquele carro estupidamente caro... Eu me lembrava dele e daquela placa também. Foi o carro que quase me atropelou uma vez e quase me fez desperdiçar meu açaí.

— Fabi eu volto aqui mais tarde.

Não tinha ninguém na recepção, e a hipótese de que a pessoa estava no banheiro foi jogada pelo ralo quando ouvi vozes alteradas vindas da sala de Eris. Não precisei ir até lá para saber o que estava acontecendo pois a porta se abriu e ele saiu de lá, seguido por um homem pouca coisa menor que ele.

— Não pode ignorar ele pra sempre. — O desconhecido falou com sua voz ainda bastante alterada.

— Eu posso fazer o que eu quiser.

— Olhe só como fala comigo seu desaforado!

Ah, então daí veio o “desaforado”.

— Não venha querendo que eu tenha respeito ou qualquer educação, por que você não vai ter. — Eris estava vermelho e sua voz rouca. Eu nunca o vi tão nervoso, era estranho e ao mesmo tempo engraçado, pois ele parecia mais jovial com outras expressões, além da cara petrificada e o olhar cachorrinho.
E é claro, o sorriso vampiresco.

Raízes Amargas, Amores DocesOnde histórias criam vida. Descubra agora