A cura para cada cicatriz.

"Árvores de glicínias"

"Capítulo 13"

  Por um momento, eu não estava entendo, conseguia me manter com um sorriso falso, mas não parecia que eu gostasse realmente dele. Eu... Beijei meu melhor amigo, que considerava irmão.
  Pouco tempo depois fomos embora, e ele me deixou em casa, Sabito era gentil e amigável, bonito e inteligente, confortável por certa parte. Mas, eu não quero nem um relacionamento com ele.
  Logo que vi o horário, percebi que estava chegando às sete da noite, decidi tomar um banho e vestir uma roupa mais confortável, pois acredito que ele esteja naquele mesmo local.
 
  Vesti um short, e uma camisa, ambos da mesma cor escura. Coloquei um tênis branco, e peguei meu celular.
  Desci as escadas, sendo barrado por James e Kyoko:
- Querido, não vai ficar para o jantar?
- Não, eu preciso mesmo sair.
Respondi as presas, e logo fui até a porta abrindo a mesma e fechando depois.

  Enquanto eu andava, olhei para cima refletindo; amar? Se apaixonar? Me senti um completo idiota naquele mesmo momento.
  Não gosto de Sabito românticamente... Por que eu fui deixá-lo fazer aquilo?
  Dói, tanto quanto levar uma facada no peito, ou chorar horrores à noite sentindo falta de alguém que está consigo agora.
  Perder tudo, para reconquistar, e... Perder novamente.
  Lágrimas caiam de meus olhos, me vendo completamente isolado do mundo. Odeio admitir, mas estou sentindo saudades de quando Sabito não estava aqui, e era apenas eu, Shinazugawa e Iguro.
  Olhando para um lado, é egoísta da minha parte, mas para o outro, eu só quero estar nos braços de Sanemi novamente.
  Relembrar daquele sorriso, e das piadas idiotas, as agressões brincalhonas, e a calmaria daquele olhar tão penetrante.
  Me senti vazio, mas eu me afastei dele. Com certeza, Shinazugawa é parecido com uma ventania, sempre tão calma e tão boa, mas às vezes se torna um furacão imenso.

  Percebi que já havia chegado na montanha, olhei para as árvores de glicínias, e logo comecei a adentrar o local até o penhasco. Era lindo, mas algo que não era bom... Ver Sanemi ali, sentado no chão enquanto olhava para as estrelas. Me aproximei e me sentei ao seu lado, quando percebi, ele estava com lágrimas nos olhos:
- Odeio admitir. - Falou em um sussurro para mim- Mas, não gosto nada daquele ruivo.
  O pequeno príncipe, eu poderia interpretar esse personagem agora, que fugiu por medo e confusão. E deixou sua rosa, apenas porque estava confuso:
- Para mim, tu és minha rosa, e eu sou o príncipe pequeno. Que fugiu de seus sentimentos, por confusão de seu coração.
Comentei calmo e em um tom razoável, meus olhos estavam doendo, e logo percebi que estava despejando lágrimas. Sanemi riu mínimo e olhou para cima:
- Eu iria da terra até a marte. - Sorri ao vê-lo com uma mínima felicidade- Como cada batida de meu coração, que palpita por você. Mas... - Virou o rosto- Eu não sou o Sabito.
Meu coração acelerou e comecei a tremer, logo segurei sua mão e sorri com a mesma calmaria:
- Você é você. - Sanemi provavelmente se surpreendeu- não queira ser igual o Sabito, eu só quero que seja, você mesmo.
As estrelas estavam mais brilhantes ainda, deixando o momento calmo e simplesmente incrível:
- Mas, eu te vi beijando o Sabito. Não gosta mesmo dele? Então por que o beijou?
Uma ótima pergunta. Segurei sua mão mais forte e olhei para seus olhos:
- Sinceramente, não sei. - Confessei- Mas eu sei o porquê de querer você comigo, Sanemi. - Toquei em sua face com calma- Me sinto bem com você, e gosto de passar meu tempo te admirando e conversando. Quero... Voltar a ser seu amigo, ou talvez, mais que isso. - Falei sorrindo diladino desviando o olhar- Mas, eu só... Quero que você seja a minha glicínia, minha flor favorita.
Os olhos do maior me encaravam, e Shinazugawa aproximou o rosto, colando nossas testas, e me puxou para perto:
- Eu odeio você sabia? - Falou, e soltei uma risada baixinha- é inteligente, bonito, tem amigos incríveis...
Segurei seus ombros sussurrando no mesmo tom que ele:
- E agora... - Me aproximei mais ainda- Talvez um futuro namorado possessivo.
Agora eu consigo simplesmente sentir, sua boca na minha, com sempre aquele toque de  possessividade, e um beijo nesecitado, tanto que agarrei mais seu corpo sobre o meu, levando minhas mãos para sua nuca e puxando seus cabelos platinados de leve. Senti uma falta de ar, derrepente quando paramos, Sanemi mordeu meu lábio inferior e sorriu em seguida:
- Eu sou melhor né?
Falou com um sorriso malicioso, meu rosto esquentou e virei minha face:
- Não se gabe! - Olhei de canto para o mesmo - Mas posso concordar com isso.
Me aproximei novamente, e Sanemi selou meus lábios com a mesma intensidade do outro beijo. Depois que nós separamos ele segurou meu braço, me puxando para mais perto:
- Tá marcado ainda?
- Não... - Respondi encarando-o, ele conseguia ser tão bonito assim?- Não, não tá marcado.
Olhei para o lado, era assim que é estar apaixonado!? Se eu soubesse preferia a amizade. Pude ouvir uma risada baixa vinda de Sanemi que sussurrou:
- Ele é forte, bonito, mas muito irritado... - Olhei chocado para o maior- Me lembro da palavra perfeito também.
Sorriu e deitei a cabeça em seu ombro:
- Sim... Nisso em concordo também.
Olhei para o mesmo, que selou meus lábios rapidamente:
- Você gosta de mim?
- Eu amo você.
Respondi bagunçando seus cabelos, e logo selando sua testa.

  Ser confuso, não significa que não há tempo de resolver. Gosto dele a tanto tempo, que nem eu imaginei. Mas... E agora? Somos amigos ainda?