Prólogo

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Lauren Jauregui

As vezes temos sonhos quando criança, que vão mudando conforme crescemos e criamos junto a isso, a ansiedade dentro de nós por pensar que nunca vamos consegui, ou que não fazemos o bastante pra ter ao menos o mínimo na vida.

E já outras vezes, fazemos coisas demais pelos outros e esquecemos de nos mesmos. Mais acontece que pessoas como eu, se sente bem pondo o bem das outras pessoas acima de mim mesma.

Mesmo que custe nossa vida.

Quando estive no preparatório para ser policial, lembro que passei anos me dedicando, estudando, abrindo mão de saídas, de conhecer pessoas novas e aproveitar mais.

Mais não me arrependia de nada. Principalmente quando os meus caminhos foram encaminhados pra tudo que vivi, conquistei até hoje.

Inclusive um filho lindo.

Fui casada durante 4 anos com uma mulher que era boa pra mim, gentil e atenciosa. Conheci Keana assim que consegui uma posição como investigadora.

Nós saímos por meses e até que eu entendesse que gostaria de alguém fixo, pedi ela em namoro e casamos muito rápido. A mulher sempre foi mais animada ao nosso relacionamento do que eu, não poderia negar, e eu não sei se conseguia dizer que eu a amei, pois estaria mentindo.

Mais gostava da forma a qual ela me tratava e cuidava de mim. E a sua decisão de fazer inseminação e me presentear com nosso filho que agora só tem 3 anos, foi o gesto mais lindo que a mesma pôde ter.

Keana trabalha comigo, é escrivã na delegacia aonde eu me faço presente todos os dias, e mesmo que ela tivesse total envolvimento com meu dia, ela não conseguiu aguentar o fato que eu não fosse muito presente pra ela como esposa, e quando me pediu divórcio, a minha falta de emoção e reação que deveria ser devida, apenas confirmou ao consciente dela, que o divórcio deveria ser prosseguido.

E assim foi.

Estamos divorciadas a meses, e nossos dias com nosso filho são divididos, alguns dias em minha casa e outras na dela. E apesar da mudança de rotina, o rapazinho apesar de novo, era inteligente, compreensivo e paciente.

Conseguia ver Keana voltando a viver sua vida, e não me importava. Ao contrário de qualquer coisa, só me sentia feliz que ela voltasse a procurar alguém que pudesse suprir o que eu jamais seria capaz.

-Jauregui.-Ouvi John me chamar, meu superior.-Pegue suas coisas, preciso te levar a um lugar.

-Certo. Vamos lá.-Falei pegando meu distintivo e meu celular, me levantando de minha cadeira e seguindo John para fora, entrando em uma das viaturas que o homem dirigia pra algum lugar.

-Viu os noticiários esses dias ?-Ele perguntou respirando fundo, parecia concentrado, com uma pontada de preocupação.-Pegue esse relatório aí em cima, da uma olhada.

Respirei fundo pegando o relatório e o abrindo, dando uma olhada nas fotos e nos detalhes escritos ali. Erguendo a sobrancelha para cada foto de corpo agressivamente machucado.

Homens com órgãos genitais decepados, cortes pelas costas e barriga, e outros com agressões parecidas e até mesmo, dedos arrancados fora. Respirei fundo lembrando da notícia no jornal que havia visto na noite de ontem.

Um assassino estava solto e 6 homens já haviam morrido. O que era curioso, eram que todos os homens mortos, eram identificados como foragidos da policia, maioria com registros de denúncia de estrupo.

-Eu ouvi sobre isso. Mais tinha visto que já havia um tempo que não acontecia, pensei que tivesse parado e que tinha sido um caso transferido para outro departamento.-Falei fechando o relatório, encarando John que respirou fundo e assentiu.

-Faz parte do nosso, e esse caso estará em suas mãos. Quero esse assassino preso.-Ele falou com firmeza, pensei por alguns segundos, mais logo assenti.-Outras pessoas acima de nós queria tomar conta disso, mais apostei minhas fixas em você Lauren.. se consegui desvendar o culpado dessa confusão toda, você conseguiria finalmente a sua posição no FBI.

-Deixe comigo.-Falei tomando fôlego para colocar minha mente focada naquilo completamente a partir de agora, entendendo a responsabilidade e foco que aquilo necessitaria de mim.

..

-Isso foi realizado ontem.-John falou dentro do galpão que estávamos, o local estava isolado e agora estávamos de frente para mais uma vítima. Amarrado com arame farpado em uma cadeira, cabeça jogada pra trás e diante seu estado, havia sofrido demais.-Esse é Filipe Gárcia. Filho de um dos chefes do tráfico mais procurado da cidade. Mais um com registro de abusador, recebeu uma denúncia a alguns meses de uma mãe em desespero dizendo que ele tinha mexido com sua filha, mais dois dias depois ela voltou retirando a denúncia e completamente preocupada, provavelmente foi ameaçada.

-É uma pessoa corajosa.-Falei pressionando os lábios, colocando uma luva em minha mão e rondando o corpo do homem, encarando todo traço feito em sua pele com uma faca.

-Não há vestígio de nada, nenhuma pista. Tentei pedir as câmeras das ruas ao redor, mais o movimento é grande pela principal, e aqui perto, já não há mais câmeras ou parece sem sinal justamente quando isso deve ter acontecido.-Ele falou me aguardando.-É um homem cuidadoso.

-Supõe que seja um homem, então?-Perguntei com calma.-Por que não poderia ser uma mulher?

Uni as sobrancelhas, reparando que até os cortes tinham ordem e tamanhos tão parecidos, notando que tinha delicadeza no meio de algo tão bruto.

-Sei que existem mulheres cruéis, mais não consigo ter visão de uma mulher em algo assim.-Ele falou com calma, umedeci os lábios, me afastando e tirando as luvas de minhas mãos.-Mais é uma possibilidade, nada pode ser dispensado.. posso contar com você pra resolver isso?

-Não tenha dúvidas disso.-Falei, ele assentiu respirando fundo, logo se retirando do lugar junto comigo. Fiquei olhando ao redor, tentando encontrar coisas que pudessem me ajudar. Tendo a certeza que teria que correr atrás das datas dos outros crimes, junto a informações que pudessem me ajudar a encontrar algo.

-Lauren, estudando um pouco esse caso, notei que os crimes acontecem sempre uma vez de duas em duas semanas.-Ele falou com calma, pressionei os lábios absorvendo a informação.-Acredito que seja algo pessoal.

-Não tenho dúvidas. São pessoas específicas demais.-Falei, ele assentiu entrando no carro comigo, aonde retornávamos para a delegacia.

O final da tarde já estava presente, o céu estava lindo e o sol já se ia aos poucos. Distraída com pensamentos distante durante o caminho, consegui me despertar do transe, apenas quando o carro parou em um sinal vermelho, e eu encarei uma mulher de costas pra mim, ela colava um cartaz na vidraçaria de uma biblioteca enorme bem na avenida.

A curiosidade de entender o por que estava lhe encarando e de ver seu rosto, era enorme. Ela tinha o cabelo solto e ondulado, longo, com seu rosto bem desenhado e torneado por uma roupa mais colada em si.

Quando vi que ela iria se virar para a avenida, o carro voltou a se movimentar e eu não tive mais visão da mulher. Apenas balancei a cabeça e respirei fundo, voltando a encarar a avenida a minha frente, tendo a certeza que meu foco agora deveria estar completamente em outra coisa.

VENENOSA. (Camren) Where stories live. Discover now