Venenosa

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Lauren Jauregui

Meu choque foi misturado com a curiosidade em ir a frente com a sua ideia dada em minhas mãos, mais acabei sorrindo com a surpresa que ficou clara em meu rosto.

-Que foi Lauren? Parece que para uma detetive, não consegue lidar bem com algumas coisas.-Ela falou com mais um daqueles seus sorrisos travessos.

Tirei os olhos da mulher apenas quando ouvi buzinas me alertando que eu precisava voltar a dirigir. Ouvindo a risada da mulher pela minha falta de jeito, o que me fez a sorrir apenas por ter gostado daquele som.

-Mesmo que seja tentador.. a sua.. proposta..-Fui respondendo ela com calma, mantendo atenção na minha colocação de palavras.-Gostaria de te mostrar que minha primeira opção para nós hoje, também é maravilhosa.

-Tenho certeza que sim.-Ela respondeu de imediato, ajeitando sua saia, o que me fez prender a respiração por segundos, apenas por manter a ideia de que a recusar, por enquanto, era o melhor a se fazer.

Quando chegamos ao prédio em que ficava o restaurante, eu estacionei e caminhei com Camila até o elevador que ficava por dentro do prédio, subindo para a cobertura do lugar enquanto sua atenção estava pela cidade que ficava cada vez menor conforme o elevador subia.

Quando estávamos dentro do restaurante, a funcionária nos guiou até a mesa em que eu tinha reservado, com a vista impecável da cidade, uma música baixa em que o pianista tocava, e a decoração clara e receptiva do lugar, era encantador, Camila parecia ter se agradado a aquilo.

-Fico me perguntando se o lugar é bonito, porém comida ruim.. sou a única que notou que esse lugar está vazio? -Ela perguntou sorrindo e olhando ao redor, assim fiz o mesmo, pegando o cardápio a minha direita.

-Na verdade a comida é maravilhosa. Eu fiz questão de reservar o restaurante inteiro apenas para nós duas. Para que tivéssemos algo mais reservado.-Falei lhe olhando aos olhos, vendo ela esticar os lábios em um sorriso presunçoso, cerrando levemente os olhos pra mim.

-Está querendo me agradar, Jauregui ?-Ela perguntou com calma, dei de ombros.

-Você parece uma mulher que gosta de lugares assim..-Falei com atenção, me lembrando das tantas formas que pensei em seu jeito.

-Acha que consegue ler uma mulher como eu, Lauren?-Ela perguntou, ia responder, mais vi o garçom se aproximar com a garrafa de vinho que eu havia pedido, logo despejando em nossas taças, com o olhar de Camila entre a bebida e até mim, diversas vezes.

-Acho que consigo ler quem for necessário.-Falei com calma.-Mais não se preocupe com isso, fiz questão de fazer isso com apenas você.

-Não me preocupo com nada. -Ela falou dando de ombros e dando uma piscada pra mim, enquanto bebia um pouco do líquido que avermelhou seus lábios mais ainda.-Não olhe assim pra minha boca, querida.. me fará pensar que se arrependeu de não ter pego outro caminho.

-Quem te disse que não me arrependo?-Perguntei tentando jogar seu jogo, ela sorriu.

-Nosso almoço será gostoso do mesmo jeito Lauren, disso eu tenho certeza.-Ela falou passando uma mão sua pela outra, como um carinho em si mesma, me deixando notar suas unhas pintadas em vermelho, as marcas de cicatriz nas costas de sua mão.

-Gostaria de pedir ?-Perguntei erguendo a sobrancelha e bebendo um pouco do vinho, ela assentiu com calma.

Chamei novamente o garçom e fiz o pedido da gente após ela escolher o que queria, a mulher me encarou por alguns segundos, parecia me analisar.

-Parece que se deu bem com Bernardo.-Falei lembrando das risadas da mulher com o menino.

-Seu filho é adorável, Lauren.-Ela falou com sinceridade.

-Não, sério...ele não é muito expressivo com as pessoas, não é muito comunicativo.. é maravilhoso que ele tenha conseguido se abrir um pouco mais com alguém.-Falei respirando fundo, ela assentiu compreendendo meu ponto.

-Isso é bom então.-Ela falou sorrindo, assenti olhando um pouco pra ela.

-Me diz , como surgiu a ideia de uma biblioteca?-Perguntei puxando assunto.

-A biblioteca era da minha avó, tinha costume de ler, de botar toda minha concentração nisso desde pequena.. era os melhores momentos, o compartilhamento de pensamentos com ela, e então.. eu a vi construir tudo, e então sempre quis ser dona de tudo quando fosse o momento, e assim foi feito.-Camila falou com calma, não se importando em compartilhar a história.-E você ? Sempre quis ser investigadora ?

-Sim. Mais não é uma coisa muito fácil, isso me custou muita coisa...-Falei com sinceridade.-Mais, eu adoro o que eu faço. É de família também, meu pai tinha o mesmo cargo que eu, a alguns anos atrás.

-Deixa eu adivinhar.. isso puxa muito de sua atenção e seus esforços, o que fez você deixar todo resto de lado?-Ela perguntou com calma, sorri percebendo que ela havia entendido.-Você parece ser uma boa mãe, talvez isso já baste.

-Como presumiu isso?-Perguntei olhando pra ela.

-Já namorei um policial. E eu sei bem como isso funciona.-Ela falou com calma, assenti entendendo.-Mais a atenção dele longe de mim, era dividida entre o trabalho e em colocar chifres em mim.

-Pessoas como seu ex namorado, só fazem a fama de que dizem que, policiais são muito enfieis , aumentar ainda mais.-Falei sorrindo.

-Não é um problema, não baseio várias pessoas em uma só.-Ela falou com calma. Assenti vendo o garçom por nossa comida bem a nossa frente. Respirei fundo vendo que seu vinho já tinha acabado e colocando um pouco mais em sua taça.

-Ainda preciso trabalhar.-Ela falou olhando para a bebida em sua taça.-Você não?

-Não se eu não quiser.-Falei com calma.-Você é a chefe.. pode passar o dia comigo, se quiser.

-O que exatamente, faríamos o dia todo, Lauren? -Ela perguntou erguendo a sobrancelha, pondo um pouco do seu risoto na boca.

-O que você quiser.-Falei dando de ombros.-Está bom?

-Isso está ótimo.-Ela falou verdadeiramente satisfeita com a comida, provei um pouco do meu que era igual ao dela, e de fato, estava ótimo.-Eu sei fazer um muito bom, com camarão.

-Confesso que fiquei curiosa para saber como seria sua comida.-Falei, ela deu de ombros.

-Nunca cozinhei pra ninguém além de mim mesma.-Ela falou comendo um pouco mais.-Mais se levar o pequeno Bernardo um dia, posso pensar em fazer pra que provem.

Sorri reparando em seu rosto, me admirando ao fato dela lembrar de meu filho como um fator importante para se estar presente.

Quando acabamos de comer, conversamos um pouco mais sobre coisas aleatórias e eu apaguei a conta, mesmo que isso tivesse sido razão de discussão quando ela argumentou que não era por que o convite havia sido meu, que ela não teria direito de pagar pelo nosso almoço.

A discussão boba se estendeu até meio do caminho de volta para a biblioteca. Pois por mais que eu tivesse tentado ter um pouco mais dela durante a tarde e talvez noite também, ela foi pé firme em deixar claro que precisava trabalhar e tinha coisas que exigiam sua presença.

Quando parei de frente para a biblioteca novamente, ela me encarou quando tirou o cinto, e eu sorri encostando minha cabeça no banco, olhando em seus olhos.

-Obrigada pelo almoço, Jauregui.-Ela falou olhando em meus olhos, assenti.

Me endireitei no banco, e vi ela por a mão na maçaneta para abrir a porta do carro, mais eu toquei em seu pulso e toquei em seu rosto para a trazer pra mim. E em um movimento rápido, quando ia beijar em sua boca, eu vi ela virar devagar o rosto, deixando minha boca tocar em sua bochecha e me fazendo sentir o cheiro bom de seu perfume.

-Boa tarde, Lauren.-Ela falou quase em meu ouvido, beijando minha bochecha de uma forma lenta e precisa, logo olhando em meus olhos, mesmo que eles descessem e subissem de forma recorrente por sua boca e seus olhos firmes nos meu.-Você ja teve o suficiente de mim.. por hoje.

VENENOSA. (Camren) Where stories live. Discover now