paris

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O vento frio de Moscou cortava o rosto de Olivia Plotnikova enquanto ela fazia sua última corrida pelas ruas da cidade. O som das rodinhas do skate ressoava no asfalto, mas sua mente já estava em Paris. Aos 19 anos, Olivia se preparava para o maior desafio de sua vida: as Olimpíadas de 2024. Cada manobra parecia uma preparação para o que estava por vir. Seu corpo já estava pronto; agora, era sua mente que precisava focar.

Ao chegar em casa, encontrou o ambiente familiar de sempre, mas carregado de expectativas. Seu pai, Vlad, a esperava na sala, observando-a com o semblante orgulhoso e preocupado. Sua mãe, Natalia, arrumava freneticamente as malas, e Ruslana, sua irmã mais nova, a fitava com uma mistura de admiração e curiosidade. Patinadora no gelo, Ruslana era uma perfeccionista, o oposto de Olivia, que se sentia mais livre no caos das manobras do skate.

— Chegou cedo hoje, Olivia — comentou Vlad, cruzando os braços. — Como foi o treino?

— Intenso, mas estou pronta — respondeu Olivia, largando o skate no canto da sala. — Mal posso esperar para chegar em Paris.

— Você vai arrasar — Ruslana sorriu levemente, mas logo desviou o olhar. — Quem dera eu pudesse ir junto...

— Você vai ter sua chance nas Olimpíadas de Inverno, Rus, não se preocupe. Cada uma tem seu momento — Olivia passou a mão no cabelo da irmã, tentando confortá-la.

Natalia interrompeu o fluxo de pensamentos com um tom prático, enquanto verificava as últimas malas.

— Olivia, suas malas estão prontas. Falei com Anastasia mais cedo, ela já está no aeroporto esperando por você.

O nome da madrinha sempre trazia uma sensação de peso para Olivia. Anastasia era rigorosa, controladora, e sempre fazia questão de lembrar Olivia de que ela representava o nome Plotnikova em cada passo que dava.

— Já falei com ela, mãe. Está tudo certo. Só espero que ela não tente transformar a viagem toda em uma agenda de compromissos — Olivia revirou os olhos, tentando esconder o descontentamento.

— Você sabe que ela só quer o seu melhor. A Rússia está contando com você — respondeu Vlad, firme, mas com um toque de preocupação na voz.

— Eu sei, pai. Mas às vezes parece que ela se importa mais com a imagem do que com o meu skate — Olivia suspirou, sentindo a pressão se acumular em seus ombros.

Ruslana, que até então estava em silêncio, aproximou-se.

— Vai ser diferente desta vez, Olivia. Eu sinto. Paris vai te trazer mais do que só vitórias.

Olivia riu, sem entender muito bem o que a irmã quis dizer, mas sentiu o toque de verdade nas palavras de Ruslana. De alguma forma, ela sabia que essa viagem não seria apenas sobre a competição.

Pouco tempo depois, o carro chegou para levá-la ao aeroporto. Despedidas rápidas, abraços apertados e o familiar frio na barriga de estar à beira de algo grande. Olivia olhou para sua família pela última vez antes de entrar no carro.

— Vai com tudo, Olivia — disse Vlad, com o orgulho transparecendo em seus olhos.

— Cuidado com Anastasia, e... se divirta um pouco também — brincou Ruslana, com um sorriso maroto.

Quando o carro começou a se afastar, Olivia colocou os fones de ouvido e a primeira música que começou a tocar foi Chantaje de Shakira e Maluma. Ela riu sozinha, pensando no quanto aquela música combinava com a maneira como se sentia às vezes: presa entre o que esperavam dela e o que realmente queria. O ritmo sensual e provocador da música ecoava seus próprios desejos e incertezas.

Ao chegar no aeroporto de Paris, Olivia mal teve tempo de processar a grandiosidade do local antes de ouvir duas vozes familiares.

— OLIVIA! — gritou Poe Pinson, correndo na direção dela com um sorriso enorme. Ao lado, Paige Heyn acenava com entusiasmo.

— Finalmente, a estrela da Rússia chegou! — brincou Paige, abraçando Olivia.

— Estrela? Eu estou mais é tentando não passar vergonha — Olivia sorriu, aliviada por ver as amigas. Elas eram seu apoio, o grupo que a fazia lembrar por que amava o skate, sem toda a pressão das expectativas.

— Relaxe, estamos todas juntas nisso — Poe deu um tapinha nas costas de Olivia. — Agora, vamos direto pra Vila Olímpica, tenho certeza que você vai adorar. É gigante!

— E quem sabe a gente não faz um tour pela cidade depois? — sugeriu Paige, já animada.

— Só se minha madrinha deixar — Olivia fez uma careta, lembrando da agenda apertada que Anastasia certamente tinha planejado.

— Ah, não se preocupe com isso! A gente vai dar um jeito de escapar — Poe piscou, cúmplice. — Estamos em Paris! Se não aproveitarmos agora, quando vamos?

Olivia sorriu, sentindo a excitação do momento tomar conta de si. Paris representava um novo começo, uma oportunidade de se desafiar nas pistas e, talvez, encontrar um pouco de liberdade no meio do caos. Com suas amigas ao lado, a aventura estava apenas começando.

𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐊𝐀𝐓𝐄 𝐁𝐎𝐘, yuto horigome Onde histórias criam vida. Descubra agora