O despertar das memórias

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Depois do jogo, ainda atordoada pela descoberta, fui para o vestiário com minha mente a mil. As lembranças de Louise e do tempo que passamos juntas inundavam meus pensamentos. Minhas colegas de time perceberam meu estado distraído, mas ninguém disse nada; eles sabiam que algo sério estava acontecendo.

Enquanto tomava banho, tentava processar o que havia acontecido. Louise estava ali, tão perto, mas ainda assim tão distante. Precisava falar com ela, mas como? Será que ela ainda me reconhecia? Será que ela queria falar comigo?

Os dias seguintes foram cheios de treinos e jogos, mas minha mente não conseguia se livrar da imagem de Louise. Sempre que eu fechava os olhos, via o sorriso dela, os olhos brilhando quando lhe pedi em namoro. Meus colegas de time começaram a notar minha distração crescente, e em um momento de folga, Rosamaria, minha melhor amiga no time, veio conversar comigo.

"Luzia, você está diferente. Algo aconteceu, não foi?", ela perguntou, preocupada.

Suspirei, tentando encontrar as palavras. "Eu... acho que reencontrei alguém do meu passado, Rosa. Alguém muito importante."

Ela me olhou com curiosidade. "Quem? O que aconteceu?"

"É uma longa história", respondi, hesitante. "Mas para resumir, havia uma pessoa especial que eu amava muito. Nós fomos separadas quando fomos expulsas do exército. E agora, parece que ela está aqui, jogando pela seleção francesa."

Carla arregalou os olhos. "Uau, isso é... inesperado. Você já falou com ela?"

Balancei a cabeça. "Não. Não sei se devo. E se ela não quiser falar comigo? E se ela me esqueceu?"

"Luzia, você não vai saber a menos que tente. Talvez ela esteja sentindo o mesmo que você."

As palavras de Rosa ficaram na minha mente. Será que Louise também estava pensando em mim? Será que ela queria me ver tanto quanto eu queria vê-la?

Durante os dias que se seguiram, minha mente estava em conflito. Cada vez que via um jogo da seleção francesa, meus olhos procuravam automaticamente a camisa 11. Me peguei observando seus movimentos, tentando encontrar pistas de que ela também estava me procurando. Mas nada parecia certo. Havia uma barreira invisível que eu não conseguia atravessar.

Uma noite, depois de um treino particularmente exaustivo, sentei-me sozinha no quarto do hotel. Peguei meu colar e abri, olhando a foto nossa. As memórias vieram como uma enxurrada. Decidi finalmente abrir meu coração para o meu diário, algo que não fazia há tempos.

*Querido Diário,

Hoje me sinto mais perdida do que nunca. Reencontrei Louise, mas ainda não consegui falar com ela. Estou com medo. Medo de que ela tenha me esquecido, medo de que não queira reabrir velhas feridas. Mas a verdade é que não consigo parar de pensar nela.

Sera que nosso amor foi forte o suficiente para sobreviver a tanto tempo e distância? Será que ela ainda sente algo por mim? Preciso de coragem para descobrir.

Luzia Nezzo.*

Depois de escrever, me senti um pouco mais leve. A decisão ainda não estava tomada, mas o peso do dilema parecia menor. Eu sabia que, eventualmente, teria que confrontar esses sentimentos e buscar respostas.

No dia seguinte, Rosa veio até mim com um sorriso cúmplice. "Ei, pensei que poderíamos sair hoje à noite. Um pouco de distração talvez te ajude a clarear a mente."

Eu sorri, grata pela amizade dela. "Boa ideia. Vamos."

Fomos a um restaurante local, onde a atmosfera era descontraída e alegre. Por algumas horas, consegui esquecer meus problemas, rindo e conversando com Rosa e outras colegas de time. No entanto, enquanto voltávamos ao hotel, o pensamento de Louise voltou com força total.

Deitada na cama, revirando-me, finalmente tomei uma decisão. Precisava falar com Louise. Não importava o que aconteceria, eu precisava saber o que ela sentia, o que ela pensava.

No dia seguinte, antes do treino, fui até Rosa e disse, "Vou procurar por ela."

Ela sorriu e me deu um abraço apertado. "Vai dar tudo certo, Luzia. Estou com você."

Com um coração cheio de esperança e um pouco de medo, fui ao ginásio onde o time francês treinava. Esperei do lado de fora, nervosa. Quando as jogadoras começaram a sair, finalmente vi Louise. Ela estava de cabeça baixa, mas nossos olhares se cruzaram por um breve instante.

"Louise!" chamei, minha voz soando mais alta do que eu pretendia.

Ela parou, claramente surpresa, e olhou para mim. Por um momento, o tempo pareceu congelar. Eu estava prestes a dar o próximo passo quando uma treinadora francesa apareceu, chamando-a para uma reunião urgente. Louise acenou para mim rapidamente antes de desaparecer pelo corredor com o resto de seu time.

O momento se foi tão rápido quanto havia chegado, e eu fiquei ali, parada, com um nó na garganta. Tinha sido tão perto, mas agora parecia ainda mais longe.

Frustrada e sentindo uma nova onda de dúvidas, voltei para o hotel. Rosa estava lá, esperando ansiosa por notícias. Quando contei o que aconteceu, ela me abraçou apertado. "Não desista, Luzia. Você está quase lá. Às vezes, as coisas importantes levam tempo."

Eu sabia que ela estava certa. Precisava ser paciente e continuar tentando. Decidi que, no próximo jogo, faria o possível para ter uma chance de falar com Louise. Não importava quanto tempo levasse ou quantos obstáculos surgissem. Eu estava determinada a reencontrar meu primeiro amor e resolver tudo o que ficou pendente entre nós.

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⏰ Última atualização: Aug 01 ⏰

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"Além da Carreira: Um Amor Proibido e um Reencontro na Quadra". - Luzia NezzoOnde histórias criam vida. Descubra agora