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ret

vi a maluca sentada sozinha na arquibancada, e fui sentar lá com ela.

ela olhava distraida pro nada, o que me fez parar e analisar ela mais uma vez.

com todo respeito ao tê, mas que a filha dele daria um caldo bom, daria muito.

to ligado que é erradasso o que eu to pensando, mas não tem como evitar.

me aproximei dela, ainda a encarando, fazendo ela levar um susto.

ela me olhou por alguns segundo tambem, mas logo desviou o olhar.

leticia- voce gosta de encarar os outros, né? -falou baixo enquanto olhava pro mesmo nada-

ret- pelo contrario. Gosto de analisar os outros -sentei ao seu lado-

leticia- e voce me analisa muito então, né? -perguntou e eu ri-

ret- se acha muito não, moro?

ascendi outro fininho e fiquei na minha, olhando pra mesma direção que ela.

leticia- valeu por nao ter falado com meu pai

ret- te falei que nao tenho nada haver com seus problemas.

leticia- obrigada mesmo assim -piscou um olho-

traguei meu cigarro e fiquei no meu canto.

eu gostava de ficar aqui as vezes, era uma paz tlgd.

por coincidência encontrei ela aqui.

leticia- voce não é muito de falar né? -neguei-

ret- não, mas voce é muito né? -ela riu-

leticia- é um dom meu!

ela me encarou por algum tempo, mas logo desviou, trocando de assunto

leticia- voce conhece meu pai a quanto tempo?

ret- po, desde que eu tinha 13 anos tlgd

leticia- e voce tem quantos agora?

ret- to com 40 -falei-

leticia- que velho -me gastou- tenho 23 -falou se gabando-

ret- jaja tu tá na minha idade, preocupa não.

leticia- Na sua idade eu vou estar bem bela!

ret- e eu nao sou bonito po? -falei e ela se calou-

como se estivesse com vergonha, sabe? soltei um risinho de leve ao ver sua cara

leticia- não po, pra um homem na sua idade voce é bem cuidado.

ret- te catar leticia -ela riu-

leticia encarou o cigarro na minha mão, e eu estendi pra ela, que me olhou com receio, mas logo pegou ele.

ela tragou e logo começou a tossir

ret- que isso po, morre não -ela riu-

leticia- eu não sei fumar

ret- traga devagar, nao vai com tanta sede ao pote. -entreguei pra ela de novo-

dessa vez, ela por incrivel que pareça não se engasgou com a fumaça.

ret- nao conta isso pro teu pai, ele me mata -falei e ela riu-

leticia- relaxa, ambos guardamos segredos -ela piscou-

me virei e fiquei marolando nas minhas ideias.

fui interrompido nos meus pensamentos por um celular tocando, mas era o dela.

acho que era a mãe, e ela logo saiu da arquibancada.

fiquei olhando o morro por cima, e pensando: como que minha vida chegou nesse ponto

nunca precisei disso nao, papo reto.

minha mãe sempre me deu o do bom e o do melhor.

nem morar aqui eu morava, eu era da pista.

porém, como dizem, pessoal de escola particular é mil vezes pior.

teve uns colegas meus que levaram cocaína, e eu experimentei pela primeira vez.

depois, fiquei viciadão, pedia pra eles levarem e eu comprava.

um dia, o menino foi pego, e falou que nao faria mais isso por mim.

fiquei 1 semana atrás dele, tentando arranjar um jeito, eu precisava ter aquilo no meu organismo.

até que ele me passou o fornecedor dele, o antigo dono do ppg.

vim aqui diversas vezes pra comprar, e de repente, eu tinha uma enorme divida.

tentei roubar da minha mãe, afinal, nao faria falta pra ela.

ela viu, e me expulsou de casa. Não foi essa a historia toda, mas no final, eu acabei na rua e com nome marcado.

vim pro ppg atrás de solução, ai o rato me deu "emprego" como vapor, eu nao ganharia nada até minha divida ser paga, mas pelo menos, ele me abrigou.

morei com ele e com a mulher dele, minha segunda mãe.

até hoje eu moro com ela, porém ele morreu em um confronto.

foi foda, todos ficaram tristes.

e nesse meio, conheci o tê, foi o meu melhor amigo.

de resto, confio em ninguem pô.

é aquele papo, sempre 1 olho aberto, até em quem voce mais confia.

se tu nao tiver 1 passo a frente, tem malandro a 4.

apaguei o cigarro e meus pensamentos foram juntos.

vi que batiam 20h, e a quadra tava vazia quase.

a morena não estava mais lá, então deduzi ter ido embora.

paola- oi amor -chegou perto de mim-  

ret- me erra! fica me encostando não -sai de perto-

paola- poxa -passou o dedo no meu braço- pensei que poderiamos sair daqui e nos divertir.

ret- to com cabeça não -sai daquele lugar-

nem ligava, essas porra ve um fuzil e a xerexa pisca.

não ligavam se eu tratasse elas igual merda, que depois iam tentar denovo.

fui pra casa, e apaguei legal.

tava cansadão

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