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ret

eu e leticia estamos cada vez mais proximos. Nao sei o que tá acontecendo, nao sei o que temos, mas cá estou eu, com ela dormindo aqui em casa pela segunda noite seguida e fazendo comida com pietra, minha irmã.

depois daquela confusão com o tê, ela ficou muito mais avontade pra vir aqui.

tê de vez em quando me dá umas ameaçadas, dizendo que se eu fizer algo á filha dele, a amizade acaba na hora e minha vida tambem.

mas o problema é, leticia é só uma transa, e eu deixo isso claro pra ela.

nao vou namorar com ela, ou algo do tipo.

pietra- seu folgado -me grita da cozinha- vem aqui ajudar.

reviro os olhos e me levanto, indo em direção á cozinha.

ret- que foi? 

pietra- lava a louça enquanto a gente termina -leticia riu-

ret- porra -reclamei- voce nao vai pra sua casa não, pietra? acho que minha mae tá te chamando

leticia- eu te ajudo a lavar -ela responde- já terminei a sobremesa.

leticia abre a torneira e começa a lavar os pratos, enquanto eu apenas secava.

pietra decidiu que ia almoçar aqui e fez um strogonoff.

leticia para acompanhar ela, fez um mousse de maracujá.

eu estava no mundo das maravilhas..

quando ficou mais tarde, pietra decidiu ir pra casa.

mas duvido que ela ia ficar em casa, por que me pediu dinheiro.

leticia- faz tempo que não conversamos sozinhos né? -falou se sentando ao meu lado, com uma tigela com o doce que a mesma fez, e me entregou uma colher-

ret- mas voce tá comigo quase todo dia -falo colocando o doce na boca-

leticia- transando -ela completa- eu quero dizer que nunca mais trocamos ideias maneiras.

ret- o que mais vc deseja saber sobre mim ? -ela ri-

leticia- da onde vem o nome ret? -ela pergunta e eu olho pra parede-

demoro um tempo pra responder, mas parece que ela já tá acostumada.

ret- meu "pai", o rato, antes de morrer, olhou nos meus olhos e disse -pigarreio sentindo minha voz falhar- "tu nao vai acabar nunca, tenho maior orgulho de voce, poderia te dar todos os elogios da vida, e mesmo assim teriam milhares de reticencias" -falei- 

leticia- então o ret, vem de reticencias? -pergunta e eu afirmo-

ret- sim, mas tambem pode ser como retorno, algo que nunca acaba. Pode ter seu fim, mas tem seu recomeço.

leticia- voce gostava do seu pai?

ret- po, claro. Mesmo quando eu tava na pior, ele me ajudou. Mesmo nao sabendo demonstrar muito, eu sabia que ele tambem me amava. E essas palavras dele, assim que ele saiu de casa e nao voltou mais, me pegou muito.

rato, ou melhor, yago, meu pai, antes de sair pro confronto que sacrificou sua vida, me chamou na sala enquanto se despedia de samantha e pietra. Ele olhou no fundo dos meus olhos, e segurou meu rosto. Eu nao entendia muito bem na epoca, mas ele já sabia que aquilo era uma despedida.

o clima tinha ficado meio pesado, os dois estavam apenas comendo o doce enquanto olhavam pro nada.

leticia- voce sabe que meus pais nunca foram proximos né? -concordo- eu nao tenho muitas lembranças do meu pai de quando eu era pequena.

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