Prólogo 2

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Juliana Souza.

Com certeza, ter terminado meu relacionamento antes de entrar para a faculdade foi uma das melhores decisões que eu já tomei. Ter me livrado daquele embuste me trouxe a paz e o alívio de que eu precisava para seguir a minha vida. 
Como uma mulher negra e periférica, eu já deveria saber que me envolver com um "filhinho de papai" morador da zona sul não daria certo, ele nunca entenderia as minhas vivências e traumas. E foi exatamente o que aconteceu, depois de muito lutar comigo mesma pelo nosso relacionamento eu cheguei a conclusão de que não adiantava quantas vezes eu explicasse para ele o motivo da mãe dele não gostar de mim, do segurança do shopping me perseguir, do policial sempre me rondar nos lugares, ele nunca iria entender e isso me cansou. Tanto cansou que terminei, e sinceramente eu nunca mais queria me relacionar com alguém que não fosse minimamente consciente, racial e social das merdas que acontecem à sua volta. 

Ufa! Depois de ter jogado essa fofoca no colo de vocês, eu vou contar um tiquinho de mim. Meu nome é Juliana Souza (sim, só dois nomes porque meu pai não me registrou), sou negra, alta, estudante de jornalismo na UERJ, sou nascida e criada na Mangueira e acho que deu pra perceber que eu sou bem interessada em questões sociais (minha profissão pede isso). Tenho um irmão preto retinto que não formou na boca amores, ele formou em direito e agora está estudando para concurso, e tem a minha grande inspiração, a minha mãe, que mesmo depois de muito sofrer na mão de homens, decidiu largar todos e estudar. Minha mãe hoje é enfermeira concursada e cuida sozinha das contas para que eu e meu irmão tenhamos condições de estudar sem preocupações.
Falando em preocupações, no momento eu não me vejo me relacionando com ninguém, estou gostando de curtir a vida de solteira, beijar, transar, voltar pra casa e viver minha rotina novamente. Mas fazia muito tempo que eu não fazia isso e eu estava precisando muito espairecer, escutar um pagodinho, beber uma caipirinha e beijar um cara gostoso (ou uma mina gostosa).

Quinta, 15:00 p.m.

— Amiga, pelo amor de Deus! Não esquece de me mandar o local do pagode amanhã, você sabe o quanto eu tô precisando sair. Tá criando teia já! — e é assim que eu digo pra minha melhor amiga que eu preciso transar com urgência. 
— Mona, calma, kk — minha amiga dá um risinho — Tô te mandando agora na mensagem, vê se não dá pra trás amanhã! Você sempre faz isso. — diz minha amiga fazendo charminho. 
— Que nada, preta, amanhã eu realmente quero e preciso sair com vocês. Mas agora eu vou indo porque ainda preciso terminar de ler uns textos pro trabalho da próxima semana. — Assim, eu me despeço da minha amiga e vou correndo pela faculdade pra chegar logo em casa e estudar.

Sexta-feira, 21:30 p.m

Meu corpo já estava suado de tanto dançar, ainda bem que botei uma roupa fresca e gostosa, tinha colocado uma minissaia jeans e um cropped tipo regatinha branco, meus argolões dourados e meu tamanco da melissa (se ele quiser sai andando sozinho). Eu já estava na segunda caipirinha, e o meu corpo não parava, eu queria dançar todas. Pagodeava com a roda e depois dançava o set do DJ, eu simplesmente não queria parar. 
Até que um olhar me parou, não completamente, mas parou toda a minha atenção nele. Enquanto meu corpo sambava ao som de Disritmia de Martinho da Vila, o meu coração sambou junto ao ver aquele olhar em mim. Quando eu me dei conta, já estava sorrindo pra ele e jogando todo o meu charme em cima daquele gostoso. NOSSA SENHORA QUE HOMEM GOSTOSO. Tá que ele tava todo casual, mas meu Deus, que homem era aquele.
O cabelo meio grisalho, o sorriso ladino, a postura, o copinho de cerveja. MINHA BUCETA PISCOU DEMAIS. E a partir de agora, a minha meta era sair daqui com aquele homem atrás de mim. 

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GENTEEEE, tava muito animada e ansiosa pra vocês conhecerem a Juh. Essa é uma personagem muito especial pra mim, espero que vocês gostem tanto dela quanto eu. BEIJOSSSS ♡!!

ONDE O SAMBA ME LEVAR - SHORT FICOnde histórias criam vida. Descubra agora