Capítulo 1

832 73 6
                                    

"Nada é tão forte quanto a gentileza, nada é tão gentil quanto a força real."

— São Francisco de Sales

.

— Harry? São quase nove da noite. Aonde você vai? — Severus perguntou enquanto Harry caminhava em direção ao flu.

Harry cerrou os dentes e se esforçou para não explodir. Ele fez uma pausa, sua mão já estava no pote de pó de Flu e contou até dez.

Depois até vinte.

— Harry?

Ele ficou em silêncio por muito tempo, mas ainda não confiava em si mesmo para falar.

— Vou para o apartamento de Ron por cerca de uma hora, Severus. Estarei de volta antes de irmos dormir — ele respondeu, seu tom cortante.

Uma mão gentil demais tocou seu ombro e o virou cautelosamente. Severus estava olhando para ele com preocupação aberta em seu rosto.

— Tem certeza de que é uma boa ideia? Temos que acordar cedo amanhã e -

— Sim, estou perfeitamente ciente de que amanhã é dia de escola e que nós dois teremos que acordar cedo. Não vamos sair para beber, Severus. Vamos apenas relaxar, talvez jogar xadrez ou dar uma volta ou -

Foi a vez de Severus interromper Harry.

— Um passeio? Um passeio de vassoura às nove horas da noite? Você perdeu o que resta dos seus sentidos? — A voz de Severus estava alarmada, mas o volume nunca havia subido acima do timbre suave que ele usara com Harry no último ano e meio.

O toque suave e a preocupação foram demais para Harry e ele fechou os olhos para conter a explosão iminente enquanto pensava no que o havia levado a esse ponto em primeiro lugar.

Após a batalha final, Harry estava desorientado e confuso. Os corpos caídos no chão do Salão Principal e o sentimento geral de desordem o fizeram vagar pelos jardins, sem se importar para onde estava indo. Tudo o que sabia era que precisava sair dali, para longe da vista dos amigos que havia perdido. Ele se sentia como se estivesse sufocando, e vagar pelos jardins ajudou. Depois de um momento, ele ficou surpreso ao descobrir que seus pés o levaram ao Salgueiro Lutador. Ele estremeceu ao se lembrar de que Snape havia caído ali apenas algumas horas atrás, mas convocou o que restava de sua bravura e atravessou o túnel para coletar os restos mortais do Mestre de Poções.

O que ele encontrou, no entanto, foi um homem lutando pela vida com um frasco de poção vazio ao seu lado.

Harry lutou para levar o homem para a enfermaria para onde os feridos mais gravemente estavam sendo enviados. Não havia como Harry permitir que Snape fosse para St. Mungos com os outros feridos reunidos no Grande Salão. Os curandeiros de lá não saberiam a verdade sobre as lealdades do homem.

Uma vez na enfermaria, alguns curandeiros que tinham sido leais à Ordem e a Dumbledore foram chamados para tratar o homem. Eles estavam presentes no salão durante o duelo de Harry e sabiam da verdade, então Harry caiu nas sombras, silenciosamente desejando que o homem sobrevivesse.

Harry observou de longe enquanto os curandeiros faziam testes e administravam antídotos para o veneno que ainda corria pelo corpo de Snape. Harry se sentiu fraco e não conseguia se lembrar da última vez que havia comido. Eventualmente suas pernas cederam e ele caiu no chão. Ele continuou a assistir a cena se desenrolar, observando enquanto eles trabalhavam para salvar a vida do Mestre de Poções.

Olhando ao redor da enfermaria, Harry percebeu que havia mais corpos cobertos do que pacientes. Os Comensais da Morte não deixaram muitos feridos.

Horas depois, depois que Severus foi estabilizado, Madame Pomfrey percebeu que Harry estava encolhido como uma bola no chão, seus olhos ainda observando a cena. Ela rapidamente o levitou para uma cama e, para a surpresa de Harry, ele permitiu.

Nothing so gentle | SnarryOnde histórias criam vida. Descubra agora