Chapter 1 - Daphne's big shit.

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Daphne Dorsey, Detroit, 1995.


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- 120 dólares? - Atirou o dinheiro sobre a cama. - Que porra você anda fazendo? Tem certeza que está trabalhando direito ou está perdendo a porcaria do seu tempo chupando pau atoa?! - Esbravejou, andando de um lado para o outro.

Me levantei com dificuldade do colchão, ajeitei em meu corpo minhas roupas que estavam espalhadas pelo chão, confesso que ainda estava um pouco atordoada, meu rosto suado e minha maquiagem meio derretida.

- Foi o que eles pagaram, Robert! Tem que reclamar com eles! Tudo nessa merda você age como se fosse minha culpa! - Apontei com irritação.

Seu semblante se fechou, ele se aproximou lentamente de mim, até estar perto o suficiente para agarrar um dos meus braços, o pressionando com força.

Um gemido baixo de dor escapou por meus lábios, fitei seus olhos turvos de violência, sentindo os meus próprios tremerem diante a sua presença ameaçadora.

Eu só podia estar louca, tudo bem que eu não o suportava... Porém desfiá-lo era semelhante a assinar meu atestado de óbito.

- Já disse que se não aprender a falar direito comigo eu vou te fazer engolir os dentes! Sua putinha insolente! - Cuspiu com desdém as palavras no meu rosto, me apertando ainda mais forte, antes de me soltar com brusquidão.

- Vai embora antes que eu resolva te arrebentar, vadia. - Esbravejou, acendendo um cigarro ao se afastar.

Engoli o nó que se formou em minha garganta, fungando e enxugando rapidamente as lágrimas de raiva e humilhação que se formaram em meus olhos.

Malditas lágrimas idiotas!

Peguei meu casaco e voei em direção a porta, descendo as escadas e indo até a tão desejada saída, fiz questão de bater a porta com força, apenas para irritá-lo.

Por mais que estivesse uma noite fria, não vesti minha blusa, foi até bom para me ajudar a esfriar um pouco a cabeça.
Esse maldito me tirava do sério...
Mas o que me matava mais era o fato de eu ter que engolir meu orgulho próprio, que descia por minha traquéia como diversas navalhas afiadas.

Tinha que fazer isso, caso quisesse ter algo pra comer no fim do dia.

Outra coisa que me matava.

Passei para o leste da 3° avenida, eu moro com minha mãe e meu padastro, além dos meus irmãos... Mas em geral não fico muito por lá.
Não sei o que é pior, ser maltratada na rua ou na minha casa, sem dúvidas prefiro ficar fora buscando algumas formas de ganhar dinheiro.

Eu trabalhava para Robert desde os meus 14 anos, eu não diria que é exatamente um prostíbulo, é um bar com... Serviços especiais.

Mas não tirava muita grana ali, ia apenas umas 2 ou 3 vezes por semana, e por isso busquei por outros meios de ter como me alimentar, um deles foi arrumar emprego em uma lanchonete pela manhã e também fazia alguns turnos de noite para ganhar um pouco mais.

Agora mesmo vou pra lá.

Era um saco, mas claro que era muito melhor do que o bar.
Só não me demito de lá porque estou esperando aparecer uma oportunidade melhor.

Por sinal um sonho impossível, quem vai me dar uma fodida chance conhecendo a merda onde eu vivo?


Aimless - Eminem.Onde histórias criam vida. Descubra agora