𝐌𝐘 𝐒𝐇𝐀𝐃𝐎𝐖 - 𝐊𝐘𝐋𝐈𝐄 𝐉𝐄𝐍𝐍𝐄𝐑

fallen Angel

A névoa cobria toda a floresta. Eu corria desesperada como se minha vida dependesse disso. As sirenes da polícia podiam ser escutadas de longe. Cada vez mais eu me enfiava na floresta. Havia me tornado uma foragida, perseguida pela polícia.

E tudo isso era culpa de Kylie. Ela destruiu a minha vida; agora eu não era mais nem o rascunho do que costumava ser quando coloquei meus pés em Nova Orleans.

Olhei para trás, tendo a impressão de que estava sendo perseguida. Meus olhos focaram na silhueta feminina; não conseguia ver seu rosto, mas assim que me aproximei, percebi que era a senhora Kendall.

— Senhora Kendall, o que faz aqui? — Minha voz quebrou o silêncio naquela floresta densa.

— Eu sei o que minha irmã fez com você, Monroe. E isso é injusto. Kylie tem que pagar pelo que fez, e eu vou te ajudar. Só preciso que confie em mim. Irei te esconder.

Hesitei por um momento. Já havia confiado em uma Jenner uma vez e as coisas deram errado, mas o tom de voz de Kendall me fez aceitar sua ajuda. Não a conhecia direito, mas ela sempre me tratou bem.

Kendall estendeu a mão. Eu respirei fundo antes de entrelaçar nossos dedos. Seguimos pela floresta; alguns respingos de chuva começaram a cair. O céu se iluminou com um relâmpago. O barulho me fez apertar a mão de Kendall, assustada. Estava frio e Kendall me abraçou por cima do ombro, uma maneira de tentar me esquentar.

Eu não entendia o motivo dela querer me ajudar. Ela era irmã de Kylie e deveria ficar ao lado dela e não ao lado de uma foragida.

A mais alta me guiava, desviando dos galhos e raízes que havia no caminho, até que chegamos em frente a uma cabana velha e meio escondida entre as árvores, um esconderijo perfeito.

— Vem, Monroe, precisamos ser rápidas. — Ela sussurrou, olhando ao redor como se esperasse ver alguém nos seguindo.

Entrei na cabana, o chão rangendo sob meus pés. O interior era simples, mas parecia seguro. Kendall fechou a porta atrás de nós e acendeu uma pequena lanterna, iluminando o espaço escuro.

— Você está encharcada. — Kendall me olhou da cabeça aos pés e se afastou, pegando um cobertor para me cobrir. — Sei que você deve estar confusa, precisamos conversar. — Kendall indicou uma cadeira ao lado de uma mesa de madeira gasta.

Sentei-me, ainda nervosa e desconfiada. Kendall sentou-se em frente a mim, seus olhos mostrando uma mistura de preocupação e determinação.

— O que você sabe sobre Kylie? — perguntei, tentando entender suas intenções. — Você sabe que fugi da cadeia, não sabe?

— Eu sei mais do que realmente gostaria de saber sobre minha irmã, e sim, eu sei que você fugiu da cadeia. Tem fotos suas espalhadas por toda a cidade. Estão atrás de você. Infelizmente, Kylie não é a mesma desde aquele fatídico incêndio na boate, quando ela foi usada como sacrifício em um ritual, Monroe. Agora, ela é uma entidade poderosa e perigosa, algo como um succubus. Ela se alimenta da energia vital de suas vítimas durante atos íntimos. — A mais alta fez uma pausa como se buscasse as palavras certas para usar.

— Kylie fez um pacto com forças que vão além do nosso entendimento, Monroe. Agora, ela é uma entidade poderosa e perigosa. Mas também tem fraquezas.

— Fraquezas? Está me dizendo que Kylie é um demônio? — Eu me inclinei para frente, assustada com tudo aquilo.

— Algo assim. Ela tomou essa forma após o ritual, se alimentando das fraquezas e desejos dos outros. Mas também tem fraquezas. — Kendall olhou para mim com intensidade. — E você, Monroe, é a maior delas. Ela ama você. Toda vez que estava com você, tomava sua energia, mas também se tornava vulnerável.

— Ela me ama? — Repeti, absorvendo a informação.

Me levantei da cadeira e neguei com a cabeça. — Kylie tentou se livrar de mim, Kendall. Isso não é amor!

— Mas pode haver uma chance ainda, Monroe. Kylie ainda tem um vínculo com este mundo, e é através desse vínculo que podemos detê-la. — Kendall puxou um livro antigo de uma prateleira empoeirada. — Este livro contém rituais e feitiços antigos. Podemos usá-los contra ela, mas precisaremos de coragem e poderá ser arriscado demais se usar você para atraí-la. Não posso colocar sua vida em risco.

— Kylie me mandou embora de sua vida para sempre, disse que aquela seria a única oportunidade que ela me daria. — Tentei argumentar para convencê-la.

Me aproximei da modelo, a vendo folhear o livro. Observei aqueles diagramas e textos em línguas que eu não entendia.

— O que você está pensando em fazer? — Kendall sorriu para mim e começou a explicar os detalhes para um novo ritual. Seria necessário reunir alguns itens e recitar palavras específicas em um local de poder.

— E esse local certamente é Devil's Kettle, onde tudo aconteceu na Chaleira do Diabo. Fica em Minnesota, mas corremos o risco de as coisas não saírem da forma como planejamos e, se falharmos, Kylie não terá piedade. É a única chance de acabar com tudo isso, mas preciso ter a certeza de que você realmente está decidida, Monroe. Tenho um amigo que pode nos ajudar; ele entende dessas coisas sobrenaturais, mas, se tudo funcionar, você nunca mais verá a Kylie.

— Isso é o que eu mais desejo, Kendall. — Respondi sem hesitar.

Kendall começou a folhear as páginas amareladas e desgastadas. As imagens e os textos em línguas estranhas pareciam saltar das páginas, cada um mais perturbador que o outro. Havia uma página falando sobre Incubus e succubus, meus olhos vagaram pela figura de olhos sombrios e um sorriso doentio, o texto ao lado descrevia detalhadamente os poderes e as fraquezas dessas entidades.

Enquanto ela folheava o livro, a tempestade lá fora só aumentava. A chuva batia contra o telhado da cabana com uma força crescente, e os relâmpagos iluminavam o céu, seguidos por estrondos ensurdecedores. Lá fora a polícia continuava a procurar por mim, mas isso não me assustava e sim o fato de saber que Kylie também pode está me procurando.

Desviei minha atenção para Kendall, ela estava concentrada, sua pele pálida Kendall era tão linda como sangue na neve, mas algo ainda me atormentava porque ela está me ajudando? Por que está tão disposta a arriscar tanto por mim?

— Kendall, por que está fazendo isso? Por que está me ajudando? — perguntei, minha voz quase sendo engolida pelo som da tempestade.

Ela fechou o livro lentamente, seus olhos encontrando os meus. Havia uma intensidade neles que eu nunca tinha visto antes.

— Quer mesmo saber a razão? ― Assenti. ― Porque sempre fui apaixonada por você, Monroe. — Ela admitiu, sua voz baixa, mas firme. — Sempre observei você de longe, esperando o momento certo para me aproximar. Eu não podia simplesmente ficar de braços cruzados e ver você sofrer nas mãos da Kylie. Eu precisava fazer algo.

(...)

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