[06]

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Park Jihyo 🐑

- Sana?

Encostei a porta de madeira atrás de mim e dei dois passos. A fronha que Sana provavelmente ia colocar na cama estava quase inteira chão, com as mãos finas dela segurando as pontas.

Dei mais um passo e ela finalmente me olhou, secando as lágrimas antes de levantar, estendendo a fronha em cima da cama de costas para mim, como se nada tivesse acontecido.

- Sana.

Acabei com a distância entre nossos corpos, quase a abraçando por trás e senti ela ficar tensa.

- O que? - ela parou o que estava fazendo e se virou, mantendo o olhar baixo.

Respirei fundo e busquei alguma forma de conversar com ela sem ser muito bruta ou grossa. Eu nunca tive facilidade com esse tipo de situação, sempre evitei conversar sobre sentimentos.

Mas no quarto com Sana escondendo o choro eu senti que precisava entender ela, entender o que ela estava sentindo.

- O que aconteceu? Jisoo falou alguma coisa?

Ela sorriu fraco, sem humor algum, e tocou meu ombro para aumentar a distância entre nós.

- É muito difícil - Sana falou com a voz baixa e sentou na cama, usando a mão direita para secar uma lágrima - Acho que eu preciso ser honesta com você. Pelo menos agora.

Ajoelhei uma das pernas e fiquei na frente de Sana, peguei a mão esquerda dela e embalei com as minhas, com cuidado.

- Pode falar.

- Eu sinto falta do Kenzo. Todos os dias, toda hora. Tudo que eu consigo pensar é no meu filho que partiu tão cedo.

O rosto dela se contorceu em uma careta antes do choro chegar, e foi doloroso escutar os soluços enquanto ela murmurava.

Levantei e sentei ao lado de Sana, a abraçando com ternura, tentando transmitir apoio mesmo que eu não soubesse muito bem como a ajudar a lidar com a situação.

Aos poucos o choro foi cessando, e o tecido da minha camisa estava molhado de lágrimas e sei lá o que mais.

Apertei mais o abraço e senti Sana relaxar, com a mão direita dela brincando com as pontas do meu cabelo.

- Desculpa Jihyo, eu não queria desabar assim.

Me afastei para encarar o rosto dela, tão linda e triste... Ver Sana naquele estado acabou comigo, meu coração estava apertado e um bolo se formou em minha garganta.

- Tá tudo bem - respondi - Podemos te ajudar. Eu, Minseok, Chae, Jiwoo... Nós vamos te ajudar, Sana.

- Eu não sei se eu mereço ajuda - ela resmungou usando a manga da camisa para secar o nariz que escorria - Eu pensei que vir pra cá, ficar longe de tudo iria melhorar minha cabeça, me fazer esquecer pelo menos um pouco.

A encarei em silêncio. Levantei minha mão e usei a ponta dos meus dedos para secar as bochechas rosadas dela.

Os olhos, marejados, me encaravam com seriedade, transparecendo toda a tristeza dela e me limitei a depositar um breve selar na testa de Sana.

Nunca fui de demonstrar muito afeto, mas ter ela tão vulnerável fez uma chama se acender dentro de mim, e eu senti que precisava proteger Sana de todo o mal do mundo.

Levei minha mão para o maxilar de Sana. Eu queria a beijar, queria tocar ela e sentir que a tristeza dela iria embora graças a mim.

Me inclinei levemente, tocando a ponta do meu nariz na maçã do rosto dela, arrastando até a ponta do nariz, me inclinando um pouco esperando uma atitude dela.

Unshaken - SahyoOnde histórias criam vida. Descubra agora