X Atração Perigosa

15 1 1
                                    

POV Chloe Price

Desde o primeiro encontro, senti-me inexplicavelmente atraída por Carmilla. Havia algo nela que me cativava, além da beleza etérea e do charme encantador. Com o passar dos dias, percebi que essa atração também era tingida por um medo profundo e visceral.

Carmilla tinha uma aura misteriosa e envolvente. Seus olhos, sempre intensos e perscrutadores, pareciam esconder segredos inomináveis. Às vezes, sentia como se estivesse sendo observada de uma maneira quase predatória, o que me deixava seduzida e aterrorizada. A presença dela tinha um efeito hipnótico sobre mim, puxando-me para um abismo de curiosidade e receio.

O sorriso enigmático dela poderia esconder intenções desconhecidas? Suas histórias sombrias antes de dormir eram sempre carregadas de um tom sombrio, como se ela tivesse vivido várias vidas em lugares distantes e obscuros. Às vezes, parecia saber mais sobre meus pensamentos e sentimentos do que eu mesma.

Essa combinação de fascínio e medo crescia a cada dia. Eu me sentia irresistivelmente atraída por Carmilla, mas temia o que essa atração poderia significar. O encanto dela tinha uma qualidade perigosa, como se uma escuridão invisível se escondesse por trás de cada sorriso e gesto gentil. Não sabia se o que me aterrorizava mais era descobrir quem realmente era Carmilla ou o medo de me perder completamente na influência dela.

Desde o início de sua convivência, Carmilla parecia ter uma capacidade inquietante de me compreender de uma forma que ninguém mais conseguia. Em várias ocasiões, eu me perguntava como Carmilla podia adivinhar tão precisamente meus sentimentos mais íntimos e meus pensamentos mais ocultos. Uma noite, enquanto estávamos deitadas juntas, senti uma tristeza repentina ao lembrar dos meus pais e de Max. Antes que eu pudesse falar, Carmilla, com uma expressão suave e melancólica, comentou: "Às vezes, a saudade pode ser tão pesada quanto uma tempestade, não é?" Fiquei surpresa; ela captou exatamente o que estava em minha mente.

Essas situações não eram isoladas. Carmilla parecia saber o que eu sentia ou pensava, antes mesmo que eu tivesse clareza sobre meus próprios sentimentos. Houve até um momento em que, prestes a tomar uma decisão importante sobre meu futuro, ela me confrontou com precisão assustadora: "Seja qual for o caminho que você escolha, lembra-se de ser fiel a si mesma." Fiquei perplexa.

A habilidade dela de antecipar meus pensamentos e sentimentos gerava uma mistura de conforto e medo. Por um lado, era reconfortante ter alguém que me entendia tão profundamente. Por outro, era perturbador pensar que Carmilla conhecia meus pensamentos mais íntimos. Essa dualidade só aumentava o mistério e o fascínio que eu sentia por ela.

Preocupada, comecei a observar mais atentamente os comportamentos de Carmilla. Houve momentos em que ela parecia ouvir coisas que ninguém mais ouvia, virando a cabeça para cantos vazios. E, em algumas noites, eu acordava com a sensação de estar sendo observada.

Apesar de tudo, estava tudo indo bem, até que as minhas noites seguintes foram marcadas por pesadelos. A cada vez que eu fechava os olhos, era envolvida por uma escuridão que parecia me consumir. E então, vinham os pesadelos. Horríveis e vividamente reais, eles me atormentavam com visões de Carmilla envolta em chamas, sua pele pálida manchada de sangue. Seus gritos, agudos e desesperados, ecoavam em meus ouvidos, enquanto eu a via queimar, impotente para ajudá-la.

Acordava suada e ofegante, o coração disparado no peito. Essas visões me assombravam durante o dia, a imagem de sua forma destroçada gravada em minha mente. Eu sabia que precisava ver Carmilla, assegurar-me de que ela estava bem, que esses pesadelos eram apenas frutos de uma mente sobrecarregada.

Numa dessas noites, incapaz de suportar o tormento, levantei-me da cama e caminhei silenciosamente pelos corredores escuros do orfanato até o quarto de Carmilla. Quando abri a porta, o que vi fez meu sangue gelar. Carmilla estava caída ao lado da cama, seu corpo imóvel. Seus olhos abertos, fixos e sem vida, encaravam o teto com uma expressão assustadora.

CarmillaOnde histórias criam vida. Descubra agora