midnight three

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— SURPRESA! — Kelvin gritou juntamente aos outros quando Frank passou pela porta e agora os olhava assustado, causando risos nos demais.

— Que? — perguntou piscando freneticamente. — Não acredito que vocês fizeram isso — Frank escondeu o rosto com as mãos, emocionado e todos o abraçaram de uma só vez.

Luana teve a ideia de dar uma festa surpresa para Frank e pediram para que a mãe dele o levasse para algum lugar enquanto eles arrumavam a casa sem que ele soubesse. Era uma festinha normal como todo amigo um dia já fez. Frank, pego de surpresa, agora chorava sem parar enquanto seus quatro amigos riam e ao mesmo tempo tentavam lhe fazer parar para comer um dos salgados.

— Por que a senhora não me contou? Deveria estar do meu lado! — disse Frank para sua mãe enquanto ria.

— Mas então a festa perderia todo o sentido de surpresa, querido — ela sorriu e lhe deu um beijo na bochecha.

Depois de três horas comendo os salgados e os bolos (e bebendo cerveja já que a mãe de Frank deu permissão por ser seu aniversário, o que fez todos amarem ela), os cinco sentaram na sala. Nando e Berenice jogavam um jogo de corrida no vídeo-game (e Nando perdia feio), Luana conversava no telefone com seu pai e Kelvin jogava um jogo de tabuleiro com Frank, como faziam quando crianças.

— Vamos jogar verdade ou consequência? — perguntou Luana, animada com sua própria ideia, após desligar o celular e jogá-lo no sofá.

Berenice revirou os olhos.

— Você tem algo mais clichê que isso? Não somos mais crianças, meu amor.

— Sete minutos no paraíso! — gritou Frank.

— Vocês são horríveis, não sei porque fico perto — disse Berê.

— Porque ninguém, além de nós, gosta de você — respondeu Luana, com a língua nos dentes, pegou uma garrafa vazia de cerveja do chão e sentou, chamando os outros com as mãos para uma rodinha no chão.

Kelvin, alegando que não queria jogar, saiu da sala e foi até a varanda da casa, levando um pedaço de bolo e a sua garrafa de cerveja que ele ainda não tinha esvaziado, apesar de estar bebendo há um bom tempo, o motivo era que ele não apreciava muito o gosto da bebida.

Sentou no chão da varanda e pegou o garfo delicadamente, comendo o bolo e lembrando da noite anterior. Ramiro devorando de uma só vez as amostras como se fossem pequenas uvas e gemendo como se fosse a melhor coisa que tinha provado. Kelvin não sabia se gostava de estar prestando tanta atenção nele, ou do fato de claramente estar gostando ainda mais dele quando na verdade ele só queria que acontecesse o oposto, pelo bem de sua própria reputação. Em um dia, Ramiro era o garoto que Kelvin queria ignorar para toda a vida, e em outro, era o garoto com quem ele queria sair todas as noites.

E uma das coisas mais preocupantes era que, mesmo tendo visto Ramiro bater em várias pessoas na rua e ser preso, sua ansiedade para vê-lo à meia noite não havia diminuído.

O relógio agora marcava dez e cinquenta e nove.

Kelvin olhou para seus pés, suas mãos seguravam a garrafa de cerveja entre suas coxas e ele batia os dedos levemente no vidro, fazendo um tilintar com suas unhas. Uma borboleta laranja passou em frente ao seu rosto e Kelvin ergueu os olhos para olhá-la se distanciar à medida que ia voando por cima das plantas do jardim da casa.

— Oi... — uma voz baixa e calma fez ele virar a cabeça para trás, onde viu Frank se aproximar e sentar ao seu lado. — Você está bem?

Kelvin sorriu e colocou a garrafa no chão ao lado do pratinho com as migalhas do bolo.

Midnight | KelmiroOnde histórias criam vida. Descubra agora