midnight five

228 43 10
                                    

Não houve aula na sexta, por razões óbvias. Kelvin segurou o riso ao escutar todos agradecerem por quem quer que tivesse feito aquilo, apenas continuou fingindo não saber como a escola havia ficado daquele jeito, e ele era muito bom em permanecer com uma expressão de desentendido.

— A má notícia é que agora a diretora contratou um guarda de segurança para parar com os 'delinquentes' como ela diz — disse Nando. — Mas a cara dela essa manhã foi ótima.

— E eu nem tinha feito a atividade para hoje, eu amo quem fez isso e nem conheço — disse Berenice sorrindo.

— Nós todos sabemos quem foi — o coração de Kelvin deu um pulo ao escutar Frank. — Ramiro Neves.

— Mas por que ele faria isso? Ele nem estuda lá — perguntou Luana.

— Como eu vou saber? Não sou amigo dele. Kelvin por outro lado...

Kelvin franziu a testa.

— Não somos amigos, apenas moramos na mesma rua.

— Se você diz.

Todos ficaram em silêncio e Kelvin segurou a alça de sua mochila com mais força, Frank não estava parecendo ele mesmo naquele dia, estava na cara que ele ainda não havia esquecido o que aconteceu em sua festa de aniversário, mas não precisava agir daquela maneira. Kelvin suspirou e segurou em seu pulso, o parando para poderem conversar, já que estavam em frente a sua casa e se não fosse agora, ele não poderia fazer aquilo até segunda. Os outros três olharam para trás, mas continuaram a andar, sabendo que deveriam deixá-los à sós.

— Me desculpe por não querer te beijar, Frank — disse Kelvin o olhando nos olhos. — Mas eu não te vejo desse jeito, você sabe disso... Você é meu melhor amigo, nos conhecemos desde crianças.

Frank deixou que a expressão em seu rosto relaxasse.

— Eu sei, me desculpa, Kel. Eu só fiquei meio irritado ao perceber que você não sentia o mesmo — ele suspirou. — Eu sei que fui idiota.

— Você continua sendo meu melhor amigo.

Frank deu um pequeno sorriso e abraçou Kelvin brevemente.

— Nando me disse sobre o que vocês conversaram ontem, eu estava aliviado por você não ter ficado com nojo de mim e ele me disse que você também gostava de garotos... Então a nossa amizade é tão importante para você que você não consegue ver algo a mais ou você já está gostando de alguém?

Kelvin estava prestes a responder quando os dois viraram as cabeças para ver o que estava acontecendo na casa vizinha, de onde se ouviam gritos. A porta da frente se abriu com força e de lá saiu Ramiro com o rosto machucado e seu pai logo atrás dele, irritado com alguma coisa.

— Você volte aqui imediatamente, seu filho da mãe.

— 'Pra você me bater de novo? Não obrigado, já cansei.

Sidney pegou o braço de Ramiro, o forçando a se virar.

— Eu encontrei suas malditas revistas, você não tem o que esconder agora.

— Oh, encontrou minhas revistas, meus parabéns.

Sidney lhe lançou um olhar furioso e deu um soco em seu rosto, com força o bastante para jogá-lo no chão. Kelvin deu um pequeno pulo e segurou-se para não correr até Ramiro.

— EU NÃO CRIEI FILHO MEU PARA ELE SE TORNAR UM VIADINHO DE MERDA — gritou Sidney. — Porque é isso que você é, Ramiro, um VIADO NOJENTO.

— VOCÊ NÃO ME CRIOU PORRA NENHUMA, EU ME CRIEI SOZINHO — Ramiro levantou e se aproximou de seu pai, como se não estivesse com nem um pouco de medo, mas Kelvin sabia que ele provavelmente estava e não queria demonstrar. — Eu me criei, eu criei o Caio, você não fazia nada além de gritar e beber.

Midnight | KelmiroOnde histórias criam vida. Descubra agora