Frank não foi buscá-lo em casa para irem juntos para a escola naquele dia, e ele não trocou mais que cinco palavras com Kelvin durante as aulas. Kelvin decidiu não comentar sobre aquilo, ele apenas imaginava como deveria ser para o amigo ser rejeitado no dia de seu aniversário. Mas era apenas assim que via Frank, como seu melhor amigo... que agora se distanciara por causa dos sentimentos não correspondidos. Para Kelvin só restava esperar que um dia os dois voltassem a ser como eram antes.
Não querendo continuar em um lugar com aquela tensão sobre eles, Kelvin recusou a oferta de Luana de irem todos juntos para a lanchonete. Ao invés disso, seguiu caminho para casa sozinho.
Sentiu pingos de água cair sobre ele e olhou para o céu que estava nublado. A chuva começou a engrossar e ele abraçou contra o peito os dois livros que carregava consigo nos braços para evitar que fossem molhados. Não deu muito certo.
— KEL! — Kelvin olhou para trás e viu Nando correndo até ele. — Por que
você não quer sair com a gente? É por causa do Frank?
— Vejo que ele te contou, então.
— Bem, sim. A questão é, você está com raiva dele?
Kelvin franziu as sobrancelhas.
— É claro que não. Com raiva? Por que estaria?
— Ele achou que você estava. Sabe, um garoto te beijando, sei lá...
— Eu não me importo com a orientação sexual de ninguém. Se quer saber, eu também gosto de garotos — Kelvin não sabia como havia conseguido dizer aquilo sem que suas pernas ficassem bambas e seu coração pulasse, ainda não havia conversado sobre isso abertamente com ninguém. — Frank é um ótimo amigo, eu apenas não o vejo como mais que isso.
— Isso não será boas notícias para a Berê.
— Eu não entendi.
Nando revirou os olhos, mas sorriu.
— Ela também gosta de você, cara, como você não percebe as coisas?
— Mas ela só me conhece há quatro dias.
— Acho que tempo não é tão relevante para algumas pessoas — Nando colocou as mãos no bolso e se afastou vagarosamente. — Te vejo amanhã, então.
Kelvin assentiu e voltou a caminhar. Quando chegou perto de casa, ergueu os olhos, que olhavam para o chão desde então, e parou de andar ao ver Ramiro brincando com seu irmão Caio, que Kelvin via raramente.
Olhou em volta e percebeu que não tinha mais ninguém na rua por conta da chuva, por isso deduziu que Ramiro só estava se deixando ser vulnerável naquele momento por causa disso. Kelvin continuou a andar em direção à pequena porta de seu jardim, ainda olhando para os irmãos, sentindo uma grande vontade de se juntar a eles. Caio ria tanto quanto Ramiro que olhava para o irmão menor como se fosse a coisa que mais amava naquele mundo e talvez fosse mesmo. O coração de Kelvin se aqueceu com a cena e ele deu um pequeno sorriso.
Ramiro subitamente encontrou seus olhos e piscou para Kelvin discretamente, fazendo este quase tropeçar com o ato recebido. Caio não havia percebido nada.
— Kelvin? Meu Deus, Kel, você 'tá ensopado — disse Cândida ao ver seu filho entrando na cozinha. — Melhor ir tirar essas roupas antes que fique gripado ou...algo do tipo — Cândida tirou os livros de sua mão e arrumou o cabelo molhado de Kelvin, que sorriu para a mãe. — Eu...eu vou f-fazer o jantar dessa vez, ok?
Kelvin assentiu e foi para o quarto, sua mãe estava certa, ele precisava trocar de roupa, então seguiu para o banho antes de se sentar e fazer sua atividade que era para ser entregue no próximo dia.
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Midnight | Kelmiro
Fanfiction"Seis noites, sempre à meia noite, fazendo o que quisermos pela cidade por uma hora." Essa fanfic é uma adaptação. Todos os direitos reservados à @clarawnovak. A história original está adicionada em minha Lista de Leituras para mais fácil acesso.