Prelúdio: Um presente Inusitado

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- Calma, calma! Isso é frágil. - a minha voz ecoava no corredor.

Dois brutamontes de um metro e oitenta mais ou menos carregavam um presente mais do que inusitado que ganhei do meu novo chefe. Na verdade tudo pareceu muito estranho, primeiro pela forma que eu consegui o meu emprego em um lugar que eu jamais pensaria em trabalhar como assistente e pelo presente inusitado.

Um enorme relógio de madeira antigo, que estava na família do meu chefe há uma geração. Ao mesmo tempo que imponente, o relógio era frágil. Eu trabalho na Editora Fantasia em Letras no centro da cidade, um enorme prédio comercial onde várias pessoas trabalham diariamente.

Eu sempre pego o elevador e paro no décimo terceiro andar, que é onde está a empresa em que eu trabalho, em meio às várias repartições e salas com janelas enormes de vidro a decoração em estilo industrial mesclado ao tom moderno e cheio de livros e prateleiras transformaram o ambiente que tinham desde a uma cafeteria a uma sala de televisão enorme.

A sala do meu chefe, tinha a vista da cidade, paredes com prateleiras de madeira antiga e livros em idiomas que eu jamais saberia qual seria, ao mesmo tempo a decoração com plantas dava a sensação de que estávamos em uma floresta mágica com vários livros empilhados e o sistema de som fazia nos sentir nesse mundo, podia-se ouvir água corrente e até mesmo o canto de pássaros na sala do meu chefe.

O imponente relógio ficava atrás de sua mesa centralizada e as prateleiras de livros em sua volta, preenchidas com livros. As mesmas pareciam ter sido feitas sob medida, pois o relógio ficava acomodado de forma perfeita em meio a toda estrutura.

Ouço um estalo e meus pensamentos se voltam para os dois homens que acabam de bater o relógio em uma das minhas paredes.

- Eu falei para irem com calma! - falei exasperada.

A porta de um dos quartos do corredor se abre e vejo meu filho Noac colocando a cabeça para fora.

- O que está acontecendo mãe? - diz ele saindo pro corredor e me olhando com cara de quem acabou de acordar.

- Nada filho, estava tirando um cochilo?

- Aham... - diz ele coçando os olhos.

- Pode voltar, não é nada de mais. Foi só um presente que ganhei e vim deixá-lo em casa, pode voltar a descansar.

Ele coça os olhos e se virou, voltando para o quarto novamente. Os carregadores deixaram o enorme relógio entre duas estantes de madeira que haviam com alguns livros e outras decorações. Então agradeci pelo trabalho e os paguei, enquanto eles desciam para a saída da casa olhei para o presente inusitado e para as palavras que meu chefe me disse ao me dá-lo.

" - Os sonhos são a porta da nossa alma, da nossa verdade. E acho que todos nós precisamos encontrar a nossa verdade em meio aos nossos sonhos e nada melhor que o tempo para mostrar que sonhos podem se tornar realidade, não acha Luciana?"

Surreal: Tangível | Romance BLOnde histórias criam vida. Descubra agora