As luzes começavam a se acender na rua, as decorações de natal deste ano estavam bem extravagantes desde a uma mamãe Noel bem sexy em neon da casa do Sr. Walter a um Papai Noel na grama da casa dos Oliveira. Pareciam que todos estavam em uma guerra para ter a melhor decoração de natal da rua, o que incluía uma maquina enorme de fazer neve dos Almeida, que é claro espalhava a mesma pela rua toda. No final das contas todas as crianças da rua estavam se divertindo com a neve que não era nem de longe normal aqui.
Eu estava sentado no batente da soleira de entrada da minha casa observando as crianças correrem com montes de neve nas mãos e atirando umas nas outras, era divertido ver e esse clima natalino trazia uma energia nova ao lugar.
- Oi – a voz de Caio suave e tranquila me tirou do meu transe natalino.
- Oi – disse um pouco surpreso.
- Você estava tão concentrado, rindo das crianças que não viu quando eu cheguei.
Dei um breve sorriso.
- É uma das melhores épocas do ano. Ver o sorriso deles assim fácil com algo tão simples.
- Isso é verdade. – disse ele concordando. – Mas e o seu natal como vai ser?
- O de sempre... vou ver Esqueceram de mim e todos os filmes natalinos da Vanessa Hudgens na Netflix.
Começamos a rir e ele me olha nos olhos.
- Me parece muito bom.
Desvio o olhar e volto a olhar para as crianças.
- Mas e você não deveria estar em casa fazendo os seus preparativos para o Natal?
- Na verdade meus pais viajaram para casa da minha tia numa cidade ao sul do estado e eu preferi ficar por aqui.
- Alguém falou em preparativos natalinos! – gritou Aline em meio a uma guerra de neve das crianças.
Começamos a rir da situação e uma das bolas quase a atingiu em cheio na cara, mas ela conseguiu se desviar. Sortuda demais.
- Do nada você gritando preparativos no meio de uma guerra de neve... – digo rindo.
- Eu gosto de fazer entradas triunfais, você sabe né... – diz ela rindo.
- Essa não foi uma das suas melhores entradas – falei rindo.
- Invejosa a senhora né – diz ela fechando a cara rapidamente enquanto ria, então ela se vira para Caio – Ora, ora o que temos aqui?
- Oi – disse Caio rindo.
- Então é hoje que vocês vão se beijar debaixo do visgo?
- Aline! – falo alto demais e as crianças nos olham curiosas.
- Olha ele ficou vermelho – disse Aline olhando pra mim enquanto apontava o dedo e se voltava para Caio que estava rindo sem graça. – E você também... Já shipo. E sua mãe está em casa? – ela volta a me olhar.
O cheiro da lasanha que estava sendo feita entre outras guloseimas de Natal estava inundando a entrada da casa.
- Eu amo a comida da sua mãe! – disse ela passando por nós dois, ela abriu a porta e antes que fechasse a mesma atrás de si ela se vira e fala – E meninos, não se beijem até eu voltar por favor!
- Aline! – disse a encarando.
- Volto já! – disse ela fechando a porta atrás de si.
- Ela é bem objetiva né? – disse Caio aparentemente envergonhado.
- Um pouco. – concordo, voltando a minha atenção para a rua novamente.
O ambiente fica em silencio e o único som que ouvimos é o da algazarra das crianças e das luzes que piscam das decorações, além de um "Hou Hou Hou' robotizado de uma das decorações da rua. Então sinto a mão de Caio em meu ombro me puxando para perto dele. Não retruquei ou me afastei dele, apenas me apoiei em seu ombro e continuei olhando para a rua.
- Você sabe o que isso significa para você? – disse um pouco mais baixo.
- Sim, eu sei. – disse ele me mantendo perto dele, preso em seu abraço. – E não estou preocupado com isso.
Fico em silencio e continuo olhando para a rua.
- Porque do nada? Se você me disse que gostava da Aline.
Ele respira fundo e seu coração acelera, por alguns instantes. Era algo que ele não esperava que eu perguntasse.
- Acho que é complicado dizer para quem você gosta que gosta dele, não acha? Você já se sentiu assim?
Eu sabia exatamente a sensação por ser apaixonado por Doug. E sabia o quanto isso pode e seria problemático, principalmente quando não é correspondido. Mas até que ponto eu estaria disposto a testar a teoria do meu sonho? Divaguei por esses pensamentos por alguns instantes até que soltou de forma vagarosa:
- Eu entendo o que quer dizer. Mas ainda sim...
- Eu sei, e é tudo muito novo para mim. – ele diz e sinto sua mão em minha cabeça fazendo carinho. – Eu sei que não temos um visgo aqui...
Começo a rir do comentário.
- Está esperando que eu te beije é?
- Não, mas que você deu a ideia... – ele riu.
- Não vai pagar nem uma coca antes? – continuei em tom de brincadeira.
- Quer a lua? Eu te dou.
Começamos a rir.
- Golpe tá aí, cai quem quer. – digo em meio a um sorriso.
- Eu sou pra casar... – diz ele animado.
- Se você está dizendo...
- Então vai me convidar para passar o Natal com você?
Olho para ele com cara de "o que!?" enquanto ele faz uma cara de "cachorro se dono' com um biquinho. Começo a rir com a situação.
- Por mim tudo bem, mas minha mãe vai achar que somos namorados.
- Tá ótimo pra mim.
Me afasto e olho para ele, as luzes das decorações refletem em seus olhos e me aproximo dele, sua respiração acelera. Começo a rir e lhe dou um beijo, meus lábios tocam os dele, sinto sua respiração nervosa e me afasto.
- Me deve uma coca! – me levanto e vou em direção a porta.
Aline abre a porta e olha para Caio e depois pra mim.
- Ei! Você o beijou! Eu disse pra esperar por mim... Eu tinha que ver...
- Olho para trás e estendo a mão.
- Você vem?
Ele segura minha mão e começa a rir enquanto entramos parta dentro de casa. Esse Natal seria diferente de todos os outros com toda certeza.
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Surreal: Tangível | Romance BL
Teen FictionNem sempre os sonhos são perfeitos, mas a realidade pode ser mais cruel? E se os sonhos e a realidade se misturassem? O que você faria e qual seria mais cruel de aceitar?