Bom, aquilo tinha sido mais fácil do que eu imaginava. Acompanhei Josh, assinei os papeis e enquanto eu experimentava os uniformes ele foi dispensar as outras meninas. Dylan estava certo, o M serviu perfeitamente. Finalizei tudo com eles e fui embora, mas antes me informaram que eu começaria no dia seguinte às 18:00 horas.Chegando em casa contei tudo pro Tony e pensamos em algumas estratégias. Fui pro quarto me organizar sobre horários, pois teria que trocar minha hora de dormir. Deixei tudo pronto e fui lavar o uniforme. Depois voltei pro quarto e aproveitei pra tirar um tempo pra mim.
O restante do dia foi tranquilo, fui dormir tarde, assim como acordei bem tarde também. Almocei com Tony enquanto conversávamos e depois assistimos um filme, a tarde foi passando até dar a hora de me arrumar. Tomei um banho, passei meu melhor creme e perfume, vesti o uniforme, peguei minha bolsa e fui. O uniforme era bonito, calça preta, sapato social, blusa social branca, colete preto e gravata borboleta preta.
Cheguei e fui recepcionada por Josh que me conduziu até o bar, lá encontrei o outro bartender e o segurança do bar.
- Seja bem vinda! - o segurança era alto, muito forte, loiro e de olhos azuis. Um sorriso muito bonito - Eu sou Dom e você é? - ele disse estendendo uma mão pra mim.
- Sou Grace - disse sorrindo colocando a mão na dele.
- Encantado - ele disse fazendo uma reverencia e logo em seguida soltando minha mão.
- Já terminou seu teatro, Dom? - uma voz rouca, fria e rispida soou atrás de mim. Me virei rapidamente, era Dylan.
- Ah, qual foi chefe? Só queria recepcionar bem nossa nova colega - Dom disse descontraído, como se fosse comum uma certa brincadeira entre os dois.
- Vá pro seu posto que já vamos abrir - Dylan se mantinha sério - Você também - ele disse apontando a cabeça pra mim.
- Ok - assim o fiz. Fui pra tras do bar enquanto ele virava as costas e sumia escada acima.
- Aliás, eu sou o Xavier - o outro bartender disse pra mim com um aceno de cabeça. Depois ele se virou pra Dom - O que deu nele? Ele nunca vem aqui.
- Não sei, ta estressado né? Tem algo incomodando ele - Dom disse torcendo a boca.
- Eu é que não quero descobrir - disse Xavier se voltando pro bar e pegando um pano pra limpar.
As horas foram passando, fomos atendendo normalmente os clientes da boate, que por sinal estava bem cheia. O estoque ficava atrás do bar, mas ele era pequeno, o que acabava, precisava buscar no armazenamento do segundo andar. Xavier estava atendendo, então precisei ir buscar uma garrafa especifica de Gin que tinha acabado no estoque.
Subi até o armazém enquanto vasculhava ao meu redor qualquer informação que eu pudesse, abri alguns armários e gavetas, mas não encontrei nada significativo. Entrei no armazém em busca da garrafa que precisava e enquanto procurava vi uma porta escondida no fundo da sala, quase atrás de uma prateleira, fui em direção a ela e fiz menção de tentar abrir, quando...
- Não lembro de ter colocado nenhuma bebida ai dentro - Dylan estava literalmente atrás de mim.
- Perdão - disse dando um pulo enquanto me virava pra ele, meu coração pulava - não achei o que precisava e...
- E pensou que poderia se meter onde não deve - ele deu um passo na minha direção, estando perto o bastante pra eu sentir seu hálito e ficas presa entre ele, a porta e a prateleira. Me arrepiei.
- Olha, com todo respeito, eu não tenho o mínimo de interesse nas suas suas coisas, só me interessa o meu trabalho - mentira - Eu realmente só estava perdida - olhei nos olhos dele fazendo a maior cara de sonsa que consegui.
- Não me testa, Grace, eu não sou do tipo paciente - ele, que estava com as duas mãos atrás das costas, tirou uma das mãos e com ela tirou a garrafa que eu estava procurando - Pega logo e volta pro seu serviço, antes que eu mude de ideia em ser bonzinho com você - ele deu um meio sorriso enquanto me dava passagem.
Saí e voltei pro bar. Eu conhecia o tipo de cara que o Dylan era, sério, intimidador e frio, pra conseguir a atenção de um cara assim era só desafiar ele, provocar. E era exatamente o que eu faria. O final do expediente foi tranquilo e o dia seguinte também, Dylan rodeou o bar algumas vezes, trocamos algumas farpas, mas nada demais.
No meio do expediente de sábado entrou um cliente de estatura média, olhos pretos, de pele escura, cabelo crespo baixo e bem alinhado. Por várias vezes que veio ao bar, quis ser atendido por mim. Em uma das vezes ele disse o quão cheiroso estava meu cabelo e o quão bonita eu ficava de uniforme. Ele era muito bonito e educado. Quando ele retornou ao balcão mais uma vez, Dylan apareceu do nada e se sentou ao lado dele e me pediu um whisky. Eu o servi e me voltei sorrindo para o cliente.
- Mais uma cerveja? - perguntei.
- Claro, mas se não for muito abuso, essa poderia vir com o seu número? - ele disse sorrindo enquanto me olhava com olhos sedutores.
Antes que eu pudesse responder, Dylan levantou e agarrou o pescoço do cliente.
- Sim é muito abuso sim. Quem você pensa que é pra importunar minha funcionária desse jeito? - ele trincava os dentes, mas ao mesmo tempo mantinha o semblante ameaçador - Faça isso de novo e eu corto o seu pescoço. Agora some daqui - ele disse soltando o cliente.
O cliente saiu assustado sem nem olhar pra trás. Dylan olhava pra mim irritado.
- Você consegue não se meter onde não é chamado? Eu sei me cuidar sozinha - eu disse encarando ele com impaciência.
- Eu sei o que cabe a mim ou não resolver. Só aceite o gesto e não seja uma grande irritante - ele esboçou um sorriso ao me chamar de irritante. Então decidi provocar. Ele já estava virando pra ir embora quando eu disse:
- Se você não deixasse bem claro que me odeia, eu diria que está com ciúmes, Chefinho! - ri com deboche.
- Você não sabe nada sobre mim, Grace! - ele virou pra me olhar por um segundo e depois seguiu escada acima.
Se isso estava incomodando Dylan, logo logo eu iria conseguir chegar no ápice do seu ponto fraco. Durante a semana que se seguiu, percebi que por mais que eu e Dylan discutissemos, ele nunca fazia menção de me demitir ou me machucar. Os meninos no bar contaram que ele estourava por bem menos e demitia sem muito pesar.
Bom, sobre o outro "trabalho", nessa mesma semana eu vasculhei alguns lugares e descobri que a porta no armazém da pra um mini escritório. Não cheguei a entrar, mas vi Josh levar um caderno até lá e também vi onde ele escondia a chave. Decidi que entraria naquela sala no final do expediente. Era uma sexta feira e eu havia combinado de beber com Tony. Levei uma roupa pra trocar pra não sair de uniforme, uma saia curta de couro preta, uma meia arrastão, coturno preto e um cropped preto com manga e decote M. Meu expediente acabou e fui me trocar no banheiro do do segundo andar, sai de lá, peguei a chave no esconderijo de Josh e fui pra sala no armazém.
Entrei e comecei a vasculhar. Na escrivaninha tinha um caderno com a capa personalizada com simbolo e nome da boate, comecei a folhear e era basicamente uma agenda, seus horário de rotina, encontros com clientes do seu pai, mas algo me chamou a atenção. Em uma das últimas paginas escritas tinha meu nome, quando fui ler escutei a porta bater. Era Dylan, estava dentro da sala me olhando com ódio. Ele trancou a porta atrás dele e veio na minha direção.
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Disgrace
Ficción GeneralGrace tem um trabalho a fazer, mas o que acontece quando o trabalho tem olhos verdes penetrantes e um humor sarcástico irresistível?