Pandora, por ter nascido diferente, viu sua mãe ser abandonada e foi rejeitada pelo próprio pai.
Aos dez anos, a comunidade humana em que vivia foi atacada, resultando na morte de todos, exceto ela. Desde então, sua vida tornou-se um campo de batal...
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(...)
Pandora
Suas palavras me fizeram cair na gargalhada, porque nunca ouvi uma piada tão boa.
"Amaldiçoo o sangue que corre em minhas veias."
Minhas palavras saem cheias de ódio, me viro e vou embora, tempo depois chego na antiga comunidade humana, vou na minha antiga casa e lembranças desse lugar invadem a minha cabeça.
Crianças brincando e rindo na rua, mães e pais trabalhando para deixar a comunidade mais humanas possível.
"Bom dia, Pan!"
A voz infantil fala e paro de andar, olho para trás e vejo a imagem do meu melhor amigo, ele sorri para mim e some, fecho os meus olhos com força e controlo os meus sentimentos.
Se Ravi não tivesse sido morto no ataque, ele iria ter a minha idade e provavelmente seria o meu marido, já que nossos pais já estavam vendo essa possibilidade no futuro.
Balanço a minha cabeça e volto a andar e tempo depois chego na minha antiga casa, ela está do mesmo jeito que me lembro, entro e fico olhando tudo, quinze anos sem cuidados, os móveis estão empoeirados.
Vou no banheiro e fico feliz que ainda tem água, tiro a armadura e tomo um banho demorado. Após terminar, me enrolo numa toalha e vou no quarto da minha mãe.
O cheiro dela estava por todos os lados, mas agora só sinto cheiro de poeira, fico de frente com o espelho, limpo ele e deixo a toalha cair no chão.
Olho para o meu corpo nu e vejo a marca das presas do general Python na minha barriga, levo a minha mão e toco.
Tinha coisas que eu não sabia e uma delas é que uma mulher Naga entra no cio quando se torna adulta, é quase igual quando uma mulher humana menstrua pela primeira vez. Mas em vez de sangrar, seu corpo fica pegando fogo e suas partes íntimas ficam sensíveis e lubrificadas.
E aconteceu comigo quando completei vinte anos, eu não entendia o que estava acontecendo comigo. Meu corpo queimava e doía ao mesmo tempo, fora que sentia muitos cheiro que me deixava louca. Então, o general entrou na minha tenda e seu cheiro invadiu as minhas narinas, mas era um cheiro totalmente diferente, era doce e viciante.
O Naga que me levou para o Rei e depois se tornou o meu professor no campo de batalha, estava olhando para mim sem dizer nada e quando ele começou a farejar o ar, viu o que estava acontecendo.
"Você entrou no cio. Achei que por ser metade humana nunca iria entrar no cio."
Não entendia suas palavras, mas depois falou que eu não poderia sair da minha tenda porque o cheiro do meu cio afetava os machos e estava afetando ele também.
Python falou para ser forte e lutar contra o cio, mas eu só queria que aquilo passasse e pedi para ele me ajudar. Mas recusou na hora e só mudou de ideia quando comecei a me tocar, naquele dia acasalamos a noite inteira e só no outro dia fui perceber a marca de suas presas na minha barriga.
Python se arrependeu pelo o que fez e uma semana depois mudou de esquadrão, mas antes fez uma promessa boba.
E desde aquele dia tive que me virar sempre que entro no cio, e estar coberta de sangue é uma maneira para os machos não sentirem o cheiro do meu cio.
Deixo as lembranças de lado e vou até o guarda roupa e procuro uma roupa que me sirva e acho um vestido branco e visto e ele fica curto e apertado por eu ter muita massa muscular, saio do quarto e vou para fora e fecho os meus olhos e respiro fundo.
__ soube que você voltou para ser a escolta da princesa - uma voz masculina me tira dos meus pensamentos, olho para o lado e vejo o general Python perto de uma árvore, fico em silêncio e ele rasteja até a mim. - você mal voltou e chegou uma reclamação sobre ter desrespeitado a rainha.
__ vai me punir, general?
__ estou de férias - olho para ele - o que está fazendo aqui?
__ aqui era a minha casa. E também um lembrete que nunca devo confiar na sua espécie - ele segura a minha mão.
__até quando esse ódio pela minha espécie vai continuar?
__ até o dia que eu ver todos da sua espécie queimarem - ele me puxa e bato no peito dele
__ até mesmo eu? - segura o meu rosto - você me odeia tanto assim, aponto de me ver queimando com o resto da minha espécie?
__ me solta!
__cuidei de você todos esses anos. Te ensinei a se defender e se proteger no campo de batalha. Acha justo me odiar só porque sou um Naga?
__ sua espécie matou a minha mãe - falo com raiva
__ eu perdi a minha família e fiquei muito tempo com esse ódio que você senti agora.
__ o ódio nos mantém vivos.
__ eu pensava assim, até que soube que a comunidade humana tinha sido atacada e a única sobrevivente era uma criança. Ver você coberta de sangue e abraçando o corpo morto de sua mãe, me fez enxergar que o meu ódio não iria trazer a minha família de volta a vida.
__ eu não sou igual a você. O que me manteve viva todos esses anos foi a sede por vingança - afasto para trás e ele solta o meu rosto - fui rejeitada no dia do meu nascimento só porque não tem cara e nem corpo de cobra, minha mãe foi abandonada e teve que se virar para cuidar de mim, depois ela e meus amigos foram mortos por rebeldes e eles nem foram punidos, e a única punida foi eu, só porque nasci assim.
__ Pandora!
__ agradeço que tenha me ensinado a sobreviver no campo de batalha, mas você só estava seguindo as ordens do rei. Para todos da sua espécie, sou uma aberração que contamina o honroso sangue dos incríveis Nagas.
__ nunca te vi como uma aberração - me abraça - e não menti quando prometi que irei cuidar de você quando a guerra chegar ao fim.
__ uma promessa inútil baseada em um erro que cometemos. Você se arrependeu e foi embora, então esqueça essa promessa sem sentido.
__ cuidei de você desde criança, fui mais pai do que professor e acabei profanando o seu corpo puro. Eu não podia ficar depois do pecado que havia cometido, e sabia que continuaria cometendo esse pecado se não tivesse pedido transferência.
__ isso não importa mais. Quando voltar do reino do norte, vou embora para terra
__ o seu pai permitiu?
__ o rei covarde não é o meu pai - falo com raiva - ele prometeu que me dará a liberdade quando eu voltar, e poderei ir para qualquer planeta.
__e escolheu ir para terra. Mesmo que os humanos saibam da nossa existência, quem garante que eles não vão te jogar em uma gaiola e te estudar?
__consegui me comunicar com o meu avô. Ele estará esperando por mim quando eu ir para terra, diferente dos Nagas, os humanos me aceitam mesmo eu sendo uma híbrida.
__ vai confiar em um povo que nunca viu? - não respondo sua pergunta - seu lugar em Ágatha
__ olha a sua volta, aqui nunca foi o meu lugar e nunca será - viro de costas - esqueça sua promessa e vá viver a sua vida. Encontre uma boa mulher e vá ter um monte de cobrinhas com ela
