out of my system

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Louis Tomlinson

Estava me trocando no vestiário quando Zayn entrou tirando seu jaleco e passando a mão pelos seus fios escuros, ajeitando eles para trás.
"Sério, eu tô exausto, o Liam me deu 5 casos pra acompanhar, eu não tô nem conseguindo me alimentar direito" - Ele diz sentando em um dos bancos de madeira e tirando seus tênis brancos.

"Você devia agradecer, ele gosta de você por isso te dá os melhores casos, eu tô só com um garoto que é suicida e além de tudo é teimoso igual uma mula, e você sabe como isso me afeta, Zee" - Digo enquanto termino de vestir minha calça jeans azul e vejo Zayn retirando a sua calça branca.
Acho que essa é uma das partes mais chatas sobre ser médico, as roupas, os aventais, os calçados, tem que estar sempre limpos e branquinhos.

"Lou, como você tá se sentindo?" - Ele me pergunta com pesar.

"Ah, eu tô tentando evitar não me envolver muito, sabe? Ele me lembra muito a Fizzy, então me sinto um pouco sensível, enfim..." - Abaixo minha cabeça tentando evitar contato visual enquanto procuro minha camiseta preta no armário.

"Eu entendo, se quiser podemos trocar um dos casos, eu falo com Liam" - Ele me oferece mas logo nego.

"Não quero que ele me ache incompetente Zayn, é o primeiro caso que ele me deixa responsável, e esse nem é um caso cirúrgico, ele só teve uma parada cardíaca e tomou alguns pontos então tá sob observação" - Digo finalmente achando minha camisa e vestindo a mesma.

"Tudo bem, mas se precisar de ajuda você sabe que pode contar comigo" - Reparo que apesar dele ter chego depois de mim já está pronto para ir embora e eu ainda ajeito minhas coisas no armário, até encontrar uma das pequenas flores de papel que Fizzy fazia para mim quando era criança.

"Obrigado Zayn" - Digo singelo, terminando de guardar minhas coisas e colocando essa flor no bolso da minha calça.

Nos dirigimos então até a saída do vestiário, e enquanto Zayn fala algo sobre a última luta que ele assistiu animadamente, me sinto distante.
Apenas aceno com minha cabeça enquanto passo os dedos por cima da flor de papel em meu bolso.
Tenho várias flores como essa, Fizzy as fazia e me entregava, porque eu dizia a ela que a vida era como um jardim e as nossas relações eram como sementes, que precisávamos regar todos os dias para que crescessem e se transformassem em lindas flores.
Fizzy foi a pessoa que mais marcou minha vida, seu jeito doce e a maneira como ela sempre me apoiou em tudo, mesmo sendo minha irmã mais nova.

Foi Fizzy quem conseguiu me fazer sobreviver no inferno que minha casa se tornou quando meu pai se entregou ao vício da bebida e começou a acabar com o dinheiro da casa. Foi ela que me ajudou a cuidar da nossa mãe quando ela adoeceu e eu estava na faculdade.
Sou muito grato por ter tido o prazer de dividir boa parte da minha vida com ela, sou grato apesar de não conseguir me perdoar por nunca ter reparado que ela estava se quebrando por dentro pra me ajudar.
Me culpo todos os dias por não ter percebido que Fizzy precisava de ajuda, que ela iria mais cedo ou mais tarde acabar com sua vida sem que eu pudesse ao menos me despedir dela.
Começo a pensar em como encontrei ela em casa naquela noite, mas logo meus pensamentos são esquecidos ao que ouço meu nome sendo chamado.

"Louis?" Tá ouvindo?" - Zayn chacoalha meu ombro enquanto paramos bruscamente.

"Ahn? Oi Zayn, tô ouvindo" - Minto, largando a flor de papel no bolso e olhando em sua direção.

"Tô vendo" - Ele revira os olhos enquanto solta uma risada - "A Olivia acabou de passar e te avisar que tem um psicólogo querendo falar com você no hall."

"Um psicólogo?" - Pergunto confuso - "Eu não passo em psicólogo nenhum aqui no hospital."

"Foi só o que ela disse" - Ele dá de ombros - "Quer que te espere no carro?"

healing is not forgettingOnde histórias criam vida. Descubra agora