WRONG

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Elizabeth

Algo de errado aconteceu.

Não vi Jasper desde o ocorrido de semana passada. Muito menos vi o garoto de cabelos enrolados do qual não me recordo o nome ou Alice. 

Não acho que é comum todos da mesma família faltarem ao mesmo tempo sem mais nem menos. Mas não questiono nada para ninguém em momento algum, quando for o momento, eu sei que saberei o porque disso estar acontecendo.

Tivemos poucos dias ensolarados por aqui, mas foi o suficiente para que eu recuperasse a melanina que perdi nas poucas semanas que estou aqui.

Embora a chegada do sol me fizesse bem, me fez enxergar coisas que eu não havia percebido. 

Durante o final de semana eu retirei alguns quadros para fora para poderem secar melhor com o calor do sol. Foi ai que percebi a semelhança da tela que eu havia pintado com Ângela e sua casa cercadas de faixas amarelas. Quando passei lá no sábado de tarde, o lugar parecia abandonado. Não havia uma luz ou voz vinda lá de dentro. Acredito que a pobre garota nem deva mais estar aqui na cidade.

Segundo boatos, ela foi morar com uma parte distante da família de sua mãe em Nova Iorque. Espero que seja verdade, ela parecia brilhante e lá eu sei que ela poderá amadurecer para a área que desejar, seja a arte ou o jornalismo. Mas antes, acho que ela deve superar o que houve com sua família.

O jornal local e o impresso, assim como os múrmuros na cafeteria só dizem a mesma coisa: ataque de animal. 

Mas, qual animal causaria um estrago tão grande? A porta da frente estava arrebentada, as escadas escorriam sangue e nem consigo imaginar como estariam as cosias no lado de dentro.

Maneando minha cabeça, dou um gole em meu chá de hortelã encarando o lado de fora da lanchonete vendo o dia escuro voltar para nós depois de uma folga. A neblina já começava a aparecer entre as árvores no alto das montanhas assim como um pouco de chuva no amanhecer.

Eu ainda teria o resto da manhã de aulas, então precisava me preparar mentalmente. Muitas das turmas tinham alunos engraçadinhos, e tentar fazer eles calarem a boca me fazia ter dor de cabeça e irritação. Eu não sei lidar com esse tipo de coisa.

Soltando um suspiro baixo, eu me levanto da mesa massageando minha têmpora dando uma última olhada para o tempo do lado de fora.

Ali, mais a frente, entre as árvores da floresta e o pátio da escola eu vi alguém. Pisquei rapidamente sentindo um arrepio percorrer meus braços. Quando olhei novamente, não havia ninguém.

- Ótimo, agora minha mente está me pregando peças. - Reviro os olhos virando as costas para a janela indo em direção a saída do lugar.

Fecho meu garrafinha térmica que continha o chá e caminho pelo corredor em direção a minha sala.

Pelo corredor, eu pude sentir aquela sensação, a mesma que tive com Jasper e seus olhos felinos e famintos no primeiro dia de aula. 

Paro no meio do corredor e olho ao redor procurando por algo que justificasse aquela sensação que me agoniava aos poucos.

Ninguém. Nada. Nem mesmo uma alma viva no corredor cheio de salas de aula.

Mordisco meu lábio franzindo minha testa.

O que tem de errado comigo?

Aperto a garrafa em meus dedos sentindo a angustia crescer em meu peito de novo. A sensação piorava.

THE ART OF PAIN, Jasper Hale - HIATUS/SENDO REESCRITAOnde histórias criam vida. Descubra agora