Flores e Espinhos

107 16 16
                                    

Ino on

Eu passei o dia inteiro no meu dormitório , Nezuko ,que é minha colega de quarto , insistiu em ficar comigo ,mas eu pedi pra ela ir ver o irmão que também foi exposto pelo Anônimo ,eu permaneci deitada na minha cama olhando o céu pela janela

Eu estava evitando pensar ,evitando lembrar ,mas as memórias insistiam em invadir minha cabeça ,eu pensei em ligar pro meu pai e conversar com ele ,mas eu não quero que ele se lembre daquela época

Ouvi a porta abrir mas eu não me mexi ,o céu já estava escuro ,sabia que uma hora ou outra eu teria que levantar ,afinal o diretor vai querer falar com a gente

-Ino -A voz rouca fez eu me encolher mais nas cobertas ,eu não quero que ele me veja assim -Você está ai o dia todo ,não comeu nada hoje

-E-Eu não estou com fome -Murmurei e o Sai pegou minha mão e acariciou lentamente

-Escuta ,você não é mais o foco daqueles babacas ,o assunto mais falado na faculdade é sobre o professor de Sociologia e o próprio diretor

-Eles ... eles vão ficar me olhando

-Eles sempre te olharam ,você é linda ,é impossível não olhar -Consegui sorrir um pouco com o comentário -Senta ,deixa eu olhar pra você

Suspirei e me sentei na cama ,limpando as lágrimas que insistiam em escorrer pelo meu rosto , Sai era lindo ,eu nunca falei muito com ele, mas todas as matérias do jornal sobre a torcida do basquete eram feitas por ele ,e sempre meu nome vinha seguido por alguns elogios

-Quer conversar sobre o que aconteceu?

-E-Eu realmente envenenei minha mãe -Sussurrei ,ainda era difícil falar sobre isso -Eu sou uma assassina

-Ino , eu não estou julgando você -Ele sorriu pra mim - Acredite ,eu também já cometi um assassinato ,não tenho direito de julgar você

-V-Você?

-Sim -Ele olhou pra baixo ficando sério ,droga ,eu não quero que ele fique mal também

-Sai -Ergui a mão e a coloquei em seu rosto trazendo os olhos negros de volta pra mim - Não fique triste , me desculpe ,não queria te fazer lembrar de algo ruim

-Não me peça desculpas ,eu to bem ,só preocupado com você

-E-Eu vou ficar bem ... -As lágrimas voltaram e ele me puxou pro seu peito me abraçando ,senti seus dedos brincando com os meus cabelos

-Shhh ,tá tudo bem

-E-Eu tinha 10 anos -Comecei ,eu precisava desabafar ,colocar isso pra fora de uma vez -Meus pais são botânicos e tem uma grande rede de floriculturas ,então desde pequena eu amava plantas no geral ... um dia estávamos acampando em família e eu fui colher algumas flores pra amassar e fazer um perfume pra minha mãe ,eu sempre fazia isso no dias das mães e sabia que ela adorava

-Você parecia ser uma criança adorável -Me aconcheguei mais a ele

- Eu achei uma linda flor roxa ,ela tinha um cheiro forte mas muito bom ,então eu peguei algumas e amassei ,fiz o perfume e dei a ela de presente ,ela adorou o cheiro e ficou muito feliz ,poucos dias depois ,ela ia pra um casamento e passou o perfume que eu fiz ... a flor era venenosa ,assim que entrou em contato com a pele do seu pescoço ... f-foi ficando vermelho e empolado ,sua pele absorveu o veneno e ela sufocou até a morte

-Ino- Ele se afastou pra me olhar -Eu entendo que carrega essa culpa dentro do seu coração ,mas no segundo que você não tem a intenção de matar ,então você não é uma assassina

Anônimo Onde histórias criam vida. Descubra agora